Estado investiga outros quatro óbitos. São 132 desaparecidos e 361 feridos. Mais de 1,3 milhão de pessoas foram afetadas pelos temporais
Por g1 RS
A Defesa Civil do Rio Grande do Sul atualizou para 90 o número de mortos em razão dos temporais que atingem o estado. O boletim divulgado nesta terça-feira (7) ainda aponta que há outros 4 óbitos sendo investigados. O estado registra 132 desaparecidos e 361 feridos.
Há 203,8 mil pessoas fora de casa. Desse total, são 48,1 mil em abrigos e 155,7 mil desalojados (pessoas que estão nas casas de familiares ou amigos).
O RS tem 388 dos seus 497 municípios com algum relato de problema relacionado ao temporal, com 1,3 milhão pessoas afetadas.
A previsão de chuva para a partir da metade desta semana em áreas já castigadas por temporais volta a deixar o estado em alerta. Imagens feitas pelo satélite Amazônia 1, operado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e obtidas com exclusividade pelo g1 mostram uma visão em escala do antes e depois da maior tragédia do Rio Grande do Sul.
O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), recomendou que moradores dos bairros Cidade Baixa e Menino Deus deixem a região. O aviso foi feito na tarde desta segunda-feira (6), após a água começar a subir no local.
A Arena do Grêmio, em Porto Alegre, afirmou que não tem mais estrutura para acolher desabrigados. Além do gramado alagado, a administração afirma que está sem água e luz e, por isso, faz o translado de mais de 300 pessoas a abrigos municipais.
Hospitais de campanha foram montados pelo governo federal para auxiliar pessoas feridas e desabrigadas. No momento, os municípios de Estrela, Canoas e São Leopoldo foram contemplados pelas estruturas.
Segundo boletim do governo do estado, a CEEE Equatorial não informou quantos pontos na área de concessão estão sem luz. Mais cedo, um representante da empresa afirmou que havia 170 mil imóveis sem energia em Porto Alegre. Já a RGE Sul afirma que há 270 mil pontos sem luz na área onde atua.
Água
A Corsan totaliza 750 mil clientes sem abastecimento de água no estado. Em Porto Alegre, o Departamento Municipal de Água e Esgoto (DMAE) disse que 70% da cidade está sem água. O prefeito Sebastião Melo (MDB) pediu que a população racione o recurso.
Telefonia e internet
A operadora Tim afima que há 38 municípios sem serviços de telefonia e internet. A cobertura da Vivo está prejudicada em 28 cidades. Na Claro, são 19 municípios sem sinal. As operadoras liberaram pacotes de internet grátis para clientes no Rio Grande do Sul para permitir que a comunicação seja mantida em meio aos temporais que atingem o estado desde 29 de abril.
Educação
O governo do RS afirma que 789 escolas de 216 municípios estão afetadas (386 danificadas, 52 servindo de abrigo, além de locais com problemas de transporte e acesso). Os problemas impactam 273 mil estudantes.
As aulas da rede estadual serão retomadas, na terça (7), nas regiões de Uruguaiana, Osório, Erechim, Rio Grande, Palmeira das Missões, Três Passos, São Luiz Gonzaga, São Borja e Ijuí.
O estado ainda analisa se retoma as atibidades nas regiões de Caxias do Sul, Pelotas, Passo Fundo, Santa Maria, Cruz Alta, Bagé, Santo Ângelo, Bento Gonçalves, Santa Rosa, Santana do Livramento, Vacaria, Soledade, Gravataí e Carazinho.
As regiões de Porto Alegre, São Leopoldo, Estrela, Guaíba, Cachoeira do Sul e Canoas não têm previsão de retomadas das aulas.
Estradas
As rodovias estaduais registram bloqueios totais e parciais em 99 trechos de 42 estradas. Nas rodovias federais, a Polícia Rodoviária Federal (PRF) informa 58 bloqueios, sendo 19 parciais.
Aeroporto
A Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear) informou que o Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, está fechado por tempo indeterminado, com todas as operações suspensas. Imagens mostram alagamentos em áreas de espera, de circulação de passageiros e até de pouso de aviões.
Passageiros que já tinham viagens aéreas marcadas com origem ou destino em Porto Alegre podem solicitar compensação às companhias aéreas.
Situação de emergência
O governo decretou estado de calamidade, situação que foi reconhecida pelo governo federal. Com isso, o estado fica apto a solicitar recursos federais para ações de defesa civil, como assistência humanitária, reconstrução de infraestruturas e restabelecimento de serviços essenciais.
A Defesa Civil colocou a maior parte das bacias hidrográficas do estado com risco de elevação das águas acima da cota de inundação.
Causas dos temporais
Os meteorologistas afirmam que os temporais que ocorrem no Rio Grande do Sul são reflexo de, ao menos, três fenômenos que ocorrem na região, agravados pelas mudanças climáticas. Nas próximas 24 horas, há previsão de mais chuva.
A tragédia no estado está associada a correntes intensas de vento, a um corredor de umidade vindo da Amazônia, aumentando a força da chuva, e a um bloqueio atmosférico, devido às ondas de calor.