Um breve relato histórico sobre a trajetória da mulher brasileira
Esther Kremer
No dia 08 de março é comemorado o Dia Internacional da Mulher, uma data comemorativa, mas, ao mesmo tempo, uma data que representa a força feminina e a luta pelos direitos civis em busca pela igualdade. Para entender melhor essa trajetória, buscamos a expertise da professora e doutora em Ciências Políticas, Alexandra Loureço.
Com uma vasta experiência acadêmica e pós-doutorado em Ciências Políticas, a Drª. Alexandra oferece uma visão esclarecedora sobre a evolução do papel das mulheres na sociedade. Segundo ela, “para entendermos essas questões de gênero, desigualdade que, para mim, ainda são a base para essas lutas femininas, nós precisamos retroceder um pouco na história. Eu costumo pensar que nós temos que acompanhar um pouco a própria legislação brasileira que foi, de alguma forma, moldando aquilo que se considerava os espaços das mulheres no Brasil”, diz.
BREVE RELATO HISTÓRICO
Durante o século XVII (17), a legislação Filipina previa que o ser feminino não tinha a capacidade de governo sobre si mesma e, por tanto, era dominada por homens e permitia-se o castigo físico para elas como forma de “corrigi-las”. Em 1916, o Código civil brasileiro, conhecido como Código Beviláqua, entra em vigor no país. “Mas o código que vigora a partir do início do século XX (20), ele ainda vai manter a ideia de as mulheres serem submissas aos homens, a ideia de que na sociedade conjugal, o homem é o chefe da família”, diz a professora.
Porém, no século XX (20), algumas modificações começam a acontecer na sociedade brasileira, grupos de mulheres, de forma organizada, começam a lutar pelos seus direitos. Nesta mesma época começam a existir as lutas pelo voto feminino. “Em 1932, as mulheres brasileiras conquistam o direito ao voto, mas é importante observar que esse direito veio com algumas limitações”, comenta Alexandra. “Quando nós lemos a lei, ela é linda, inclusiva, mas exatamente no último parágrafo, o direito à voto era facultativo para as mulheres casadas. Ela precisaria da autorização do marido, porque o Código civil de 1916 colocava o marido ainda como tutor das mulheres para uma grande parcela dos atos civis”, explica.
Apenas em 1965, esta lei deixa de existir e o voto passar a ser obrigatório tanto para homens, quanto para mulheres, casados ou solteiros.
Na década de 70, uma série de mudanças importantes começam a acontecer. “As mulheres, para poder terem empréstimos em bancos ou tirar cartão de crédito, ainda precisavam da autorização de um membro masculino da família. Mas é justamente nesta década que a ONU vai instituir o Dia Internacional da Mulher, no dia 08, também como um dia de luta para tentar acabar com esta discriminação”, comenta Alexandra.
Ainda, na mesma década, é instituída a Lei do Divórcio e também acontece a queda da lei que proibia mulheres de praticar esportes que exigissem força física. Outro movimento importante que acontecia, era a organização de mulheres que lutavam pela política “quem ama não mata”, onde as mesmas acompanharam o caso da socialite, Ângela Diniz, assassinada pelo seu companheiro, Raul Fernando do Amaral Street, conhecido como Doca Street. Um importante momento onde a imprensa e toda a sociedade da época começavam a se colocar contra o autor da ação e não contra a vítima.
Já em 1988, com a Constituição de 88, em vigor até os dias atuais, “ela vem, de alguma forma, para fomentar uma mudança nessa legislação. Ela vai considerar uma igualdade entre homens e mulheres, inclusive no âmbito da família”, comenta a professora.
Apenas no século XXI (21) acontece uma mudança de fato, ou seja, todo o século XX (20) colocou a mulher como um cidadão que deveria ser tutelado, coordenado.
A MULHER ATUAL
Atualmente, a mulher se encontra em um patamar diferente do que nas décadas passadas e há também uma ascensão feminina em vários setores da sociedade. “Nós temos que pensar que hoje temos mulheres espetaculares ocupando diversos cargos na sociedade. Mas não significa que nós predominamos na maioria desses cargos de liderança. E, por isso, é tão importante nós continuarmos vigilantes para não perder o que conquistamos”, disse
Segundo a professora, dados do IBGE apontam que quando se olha para os cargos de altos escalões, quase todos setores, há mais homens e a diferença salarial aumenta, chegando a mais de 30%. Em cargos de menor relevância, a diferença é menor, em torno de 22%. “Quando eu olho a sociedade brasileira, eu vejo conquistas, mas eu vejo muito aquilo que nós precisamos conquistar, progredir. Mas vejo, ainda, algo mais forte, que é o quanto precisamos estar atentas para manter o que já foi conquistado, porque direito não é algo que está dado e eterno. Ele é conquistado dia a dia e mantido dia a dia”, finaliza a Drª Alexandra Lourenço.
RELATOS DE MULHERES QUE INSPIRAM
“Que neste 08 de março, um dia de celebrar conquistas e vitórias, mas um dia de buscar novos horizontes, uma palavra precisa ser destacada: SORORIDADE. Mulheres apoiando mulheres”
Cristiana Schvaidak
“Apesar das dificuldades nas estradas, é muito bom fazer o que a gente gosta, o que a gente sempre sonhou. Tem muita dificuldade, mas aos poucos as mulheres também estão dominando as estradas”
Beatriz Schwanda
“Mulheres inspiram por ter o dom da vida. São seres que se alimentam de sensibilidade, traduzem amor e dedicação. Parabéns as mulheres que vivem e sobrevivem neste mundo moderno”
Cleonice Schuck
“Neste dia 08 de março, expressamos nossa profunda admiração por todas as mulheres. Seu poder, feminilidade, resiliência e determinação inspiram. Feliz Dia das Mulheres”
Cristiane Tabarro Borgo
“Hoje celebramos a força, a resiliência, a beleza das mulheres, onde cada uma é uma única, poderosa e inspiradora mulher. Ela pode ser o que quiser e onde quiser”
Larissa Mazepa
“As mulheres estão cada dia conquistando mais igualdade de direitos na sociedade. Essa tão sonhada igualdade ainda está distante, mas estamos lutando para conquistar tudo isso”
Cleide Almeida