Jaqueline Lopes
O cinema se faz presente na história de Rio Azul. O município já produziu três filmes representando os costumes e crenças antigas que foram esquecidas. Com uma produção simples, os longas “No Meu Tempo Era Assim” mostram o amor e a tradição de pessoas enraizadas no município.
O diretor, Romualdo Sumarcz, relata sobre como surgiu a iniciativa, de um olhar e perceber que muitas coisas antigas, costumes, estão se perdendo, com toda a modernidade, casas, equipamentos e a cultura vão se transformando. A partir disso, ele decidiu retratar tudo nos filmes, mostrando como era realmente a vida nos tempos antigos.
“Sempre me preocupei com isso: de termos algo para mostrar para as gerações futuras. Porque se não vão só escutar e não terão a oportunidade de ver. Como trabalho no interior, sempre observei as casas antigas, algumas até centenárias, e em cima disso, resolvi fazer um documentário. Mas minha sobrinha disse que queria participar. Aí mudei tudo e fiz o primeiro filme, documentando as coisas que ainda existem”, comenta o diretor.
Os filmes retratam costumes e histórias antigas, assim como ferramentas, a parte religiosa, devoção a Deus, como as crianças iam para a escola, os pais na roça, toda a criação de gado e afins. Também, o diretor procurou mostrar um moinho de água da região, como se prepara o trigo, a limpeza das lavouras, carroças, uso do cavalo, entre outras coisas antigas. Há também a importância do médico, que na época ia a casa visitar o doente. Além das superstições e crendices que fazem parte de muitas culturas.
Ainda, Sumarcz comenta que encaixaram junto com isso a história da panela de dinheiro, pois antigamente muitos antepassados que vieram para o Brasil escondiam um determinado valor em algum local no mato, que é uma segurança caso aconteça alguma coisa. Se não usasse passaria para os descendentes.
E com muito bom humor, as histórias são contadas na narrativa do filme.
Tudo isso é retratado em três longas, além de ter muito bom humor para descontrair o público. Os filmes foram produzidos e estrelados por pessoas de Rio Azul e da região, e contam essas histórias antigas. São cerca de 6h de filme e no final há os erros de gravação, que podem ser assistidos no Youtube.
Primeiro filme
O primeiro filme da franquia conta a história de um casamento antigo na área rural. Os pais de uma menina, que completou 18 anos, arrumam um marido para a filha. A família simples começa os preparativos para o noivado e o casamento. Assim inicia o filme, mostrando os costumes das famílias para este evento e a empolgação da jovem ao encontrar um noivo.
Segundo filme
Graças ao sucesso do primeiro filme, Sumarcz recebeu incentivo da cidade e da Prefeitura, que colaborou para a produção da segunda edição do “No meu tempo era assim”. O filme é o mais longo dos três e traz pontos importantes de Rio Azul. Neste longa, Romualdo retratou várias histórias, que foram se envolvendo na trama. Ele também destacou os pontos turísticos de Rio Azul, e todos os pontos turísticos importantes que o município possui como a Pedreira, o Pico do Marumbi, entre outros.
Terceiro filme
Ligando os filmes, o terceiro conta a história da páscoa ucraniana, de todo o preparativo para a festa santa. Uma das tradições dos ucranianos é a confecção das pêssankas – pintura de um ovo, que representa a vida -, e é mostrado todo o processo no longa. Nesta edição, o casal do primeiro filme retorna, e tem uma volta diferente, em uma Maria Fumaça, que encontraram para gravar em União da Vitória. A ideia era mostrar como os trens funcionavam antigamente, quando as pessoas precisavam se deslocar para algum lugar.
Reconhecimento
O que iniciou com uma brincadeira, hoje deixa marcas em Rio Azul e região. Com o tempo, foi ganhando força e tem reconhecimento pelo trabalho feito e pela história deixada. “Os filmes levam o nome de Rio Azul para toda a região, Brasil e já foi para fora do país. As três edições estão disponíveis no Youtube”, destaca Romualdo.
Para ele, a produção foi um momento importante, mas atualmente não conseguiria fazer a mesma história, com os mesmos detalhes, pois tudo muda e muita coisa se modificou, se transformou, ou deixou de ser usada e foi destruída. Mas o que já está registrado ninguém muda.
“A gente vive de momentos e etapas da vida. A cultura muda, mas a história não. Só vai melhorando e vindo coisas novas. A nossa contribuição com esse filme foi muito grandiosa para o município de Rio Azul”, destaca o diretor. Ele ainda completa que já foi cobrado para realizar mais edições, e tem algumas ideias e, logo, podem surgir novidades na área cinematográfica do município.