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O Fluminense anunciou a contratação de Luis Zubeldía para o cargo de treinador menos de 48 horas depois da saída de Renato Gaúcho, de forma surpreendente, do comando. O argentino, que assinou contrato até o final de 2026, chega com a missão de buscar uma vaga na Libertadores via Campeonato Brasileiro e o título da Copa do Brasil em dezembro.
Apesar de jovem, com apenas 44 anos, o argentino já tem grande rodagem no futebol. São 18 anos de carreira, com destaque para os dois últimos trabalhos: na LDU, em que conquistou a Sul-Americana e o Equatoriano de 2023, e no São Paulo.
A única experiência no Brasil foi marcada por um grande começo, em que emplacou uma sequência de 13 partidas sem perder, mas com um final decepcionante: foi eliminado da Libertadores invicto, nos pênaltis, pelo Botafogo, que acabou campeão.
“O Zubeldía é um treinador que cobra muita intensidade do time, marcação forte o tempo inteiro, muitas vezes até marcação no campo de ataque. Na parte ofensiva, deixou a desejar em termos de detalhamento nos últimos dois trabalhos” analisa o comentarista Rodrigo Coutinho.
As características dos trabalhos recentes diferem de uma forma geral, mas em uma coisa se assemelham: o treinador conseguiu sempre montar uma equipe competitiva, que tem bom desempenho nos jogos fora de casa.
No Equador, somava a isso o bom desempenho caseiro, aproveitando também a altitude de Quito. O começo no São Paulo foi positivo, porém as lesões e a redução de investimento do clube atrapalharam, e o técnico teve dificuldade de se reinventar.
“O impacto inicial foi muito bom, no sentido de dar confiança aos jogadores e agressividade ao time. Era um time que tinha saídas combinadas pelos lados, principalmente entre ponta e lateral, que funcionaram muito bem nos primeiros jogos. Encontrou rapidamente um time, deu sequência, mas, com o tempo, vieram as lesões e passou a ter muitos problemas de montagem” completou Coutinho.
O temperamento explosivo na beira do campo rendeu muitas suspensões durante o tempo em que esteve no Brasil e marcou também a relação com a imprensa. Algumas vezes, deu respostas atravessadas a jornalistas na coletiva.
Foto: Jorge Rodrigues/AGIF
Quem lida com o treinador no dia a dia, no entanto, tem apenas elogios a fazer tanto sobre a relação com os jogadores quanto ao conteúdo tático do trabalho. O esgotamento do trabalho no São Paulo se deu muito mais por desgaste externo do que com o grupo de jogadores.
“Zubeldía valorizava muito as lideranças do São Paulo. Sempre demonstrou muito respeito com nomes como Rafinha, Lucas Moura, Luiz Gustavo e Calleri, por exemplo. Para justificar suas escolhas pelos mais experientes, diz que existem hierarquias e que os jogadores num elenco precisam saber como se encaixam. No São Paulo, pareceu cauteloso com a utilização de alguns jovens. Dizia que tinha como meta conseguir uma ou duas vendas por ano para o clube, mas ao mesmo tempo lançava os atletas com certo cuidado, para evitar o risco de queimá-los. Protetor do grupo, neste ano durante o FC Series deu uma bronca dura no elenco na frente das câmeras, cobrando mais concentração para evitar gols com erros individuais. Criticado por torcedores ao longo desta temporada, foi bastante defendido publicamente pelos jogadores, que pareciam gostar do clima com ele no dia a dia” contextualiza Marcelo Braga, setorista do São Paulo no ge.
Zubeldía acumulou experiências em diferentes países da América do Sul ao longo dos 18 anos de carreira como treinador. Além do Brasil e da Argentina, comandou times do Equador, da Colômbia e do Paraguai.
Essa experiência pode ajudar a gerir o elenco do Fluminense, que tem 11 estrangeiros de cinco países diferentes:
- Cano (Argentina)
- Freytes (Argentina)
- Lucho Acosta (Argentina)
- Gabriel Fuentes (Colômbia)
- Santiago Moreno (Colômbia)
- Serna (Colômbia)
- Bernal (Uruguai)
- Lavega (Uruguai)
- Canobbio (Uruguai)
- Soteldo (Venezuela)
- Lezcano (Paraguai)
Zubeldía chega ao Rio de Janeiro na manhã desta sexta-feira para comandar o primeiro treino no Fluminense. O argentino deve estrear já no domingo, contra o Botafogo, em jogo da 25ª rodada do Brasileirão.
