Kauana Neitzel
O motorista é quem faz o transporte de pessoas, cargas, documentos ou produtos para um destino estabelecido. Para homenagear estes profissionais nós, da Folha de Irati, fomos atrás de pessoas que trabalham diariamente como motoristas para ganhar o sustento da família. Conversamos com o caminhoneiro Marcos Aurélio Pedroso e com as motoristas de van Claudia Duda e Marisa Roik.
O Dia do Motorista foi comemorado na terça-feira (25), e cada um dos entrevistados aproveitou a data para parabenizar os colegas de profissão. Abaixo você vai acompanhar as vivencias dos personagens e como o caminhão ou a van se tornaram parte de suas vidas.
Sonho de menino por Marcos Aurélio Pedroso
“Nós, quando meninos, temos muitos sonhos! Começa nas brincadeiras com carrinho de lata ou madeira e ao vermos aqueles caminhões grandes e bonitos passarem. Muitos de nós, assim como eu, somos filhos de caminhoneiros, nas férias viajávamos com os pais, víamos as dificuldades que eles enfrentavam nas estradas, mais cargas e descargas.
O tempo passa e chega a hora de definir o futuro! Seria sonho ou ilusão! Mas se é aquilo que sonhas, por que não lutar? Alguns com dificuldades outros com sorte, mas muitos desistem e mudam de profissão, mas aqueles que tem no sangue o dom de ser caminhoneiro não desistem.
Hoje, eu, como muitos, já perdemos nossos pais, que deixaram muitas saudades, mas nos ensinaram a amar e respeitar o que fazemos. Devido as dificuldades que enfrentamos e algumas vezes não somos respeitados, eu gostaria em nome dos meus amigos que fazem isso por amor, pedir que quando entrarem um caminhoneiro rodando pelas estradas e cidades, que olhem eles com respeito, porque ele está transportando o progresso, tudo aquilo que você come, que você veste, que usa no seu trabalho, no seu estudo é ele que traz até você.
Ele esta fazendo o seu trabalho, muitas vezes longe de casa com saudade de sua família e de seus amigos. E tudo isso que ele faz por amor, ele é e sempre será um caminhoneiro com orgulho!“
Vida passageira por Marisa Roik
“O começo da minha vida profissional foi na Secretaria das Escolas e depois na Cidade da Criança por 11 anos, onde me casei com Hilário Roik, ainda quando ele trabalhava lá de motorista. Ele sempre demonstrava o interesse de abrir a sua própria empresa no setor de transporte, pois desde cedo trabalhava como motorista, seu sonho e sua alegria era sempre estar na estrada. Sempre falando deste sonho, até que em 2011 abriu a empresa RoliTur no setor de transporte escolar no município e turismo no Estado, sendo que no ano passado avançou no setor de turismo para fora do Paraná.
Quando Hilário saiu da Cidade da Criança eu apoiei bastante, mas continuei. Mas logo ele adquiriu a segunda van e eu sai para trabalhar ao lado dele, onde seguimos até hoje. Um fato importante que aconteceu e marcou bastante foi algo que nunca ninguém imaginou estar passando foi a pandemia, que atingiu em cheio o setor do transporte. Não só nós, mas todas as empresas que trabalhavam no transporte escolar e turismo, pois além de fechar as escolas, fechou o setor de turismo, fechou tudo. Tivemos que buscar outra fonte de renda neste período que foi longo, marcando bastante.
Contando um pouco do dia a dia do motorista: o dia começa muito cedo, no meu caso, começo às 6h30 da manhã a fazer a linha, faço meio dia, a tarde e a noite até, aproximadamente, às 23h30. Claro que tem períodos que estamos em casa.
Como todos os anos, começamos com o transporte escolar e viagens agendadas de turismo, logo que iniciou as aulas no dia 25 de fevereiro eu tive uma grande perca. Meu marido, meu companheiro, meu companheiro de profissão, pai dos meus filhos, acabou partindo, fazendo a viajem que a gente jamais queria que acontecesse. Uma viajem sem volta.
Eu acabei ficando sozinha, sozinha modo de dizer, temos os companheiros de profissão, tem os filhos que são o suporte e a família. Acabei me vendo responsável pela empresa que era sonho dele, no início a vontade de desistir era grande, mas logo consegui um motorista bastante profissional que me ajudou bastante. Hoje me vejo um pouco mais forte para continuar dando continuidade ao trabalho que o Hilário começou.
A profissão é gratificante, é boa, mas para nós, mulheres, se torna um pouco difícil, pois nos vemos com dificuldade na hora de fazer a manutenção de um veículo, porque talvez você não tenha o conhecimento como um homem tem. Esta parte toda era o meu marido que fazia e é aí que eu sinto mais dificuldade. Tenho bastantes pessoas do meu lado que estão me ajudando, na parte de mecânica, tem anjos que aparecem na vida da gente e nos dão força.
Outro fato marcante foi que meu marido faleceu no sábado e iríamos retornar na segunda, mas conversei com os clientes e pedi um tempo de luto e reorganização da empresa, e achar motorista, pois sempre trabalhamos nós dois. Pedi dois dias para fazer o retorno, na quarta fazendo a linha da noite, às 23h, coisa que nunca aconteceu, furou um pneu da van e neste momento a primeira pessoa que eu ligaria seria para o Hilário, mas então apareceu o senhor Thiago Saunitti, ele não estava entendendo o que estava acontecendo para mim, comecei a chorar bastante e só depois consegui contar o motivo do desespero. Thiago e a família seguiram mandando mensagens de apoio, empatia e acolhimento após o ocorrido, dando forças para seguir em uma profissão de responsabilidade onde levamos crianças, que são o tesouro de cada família, em segurança. Em todo este trajeto tive, também, o prazer de conhecer Ezequiel Perreira Edson que foi um motorista que contratei para fazer a linha que Hilário fazia. O meu filho, de 10 anos, conhecia a linha que o pai fazia, pois sempre andava junto e ele acabou ensinando e mostrando os endereços para o Ezequiel, que foi uma pessoa de luz que trabalhou comigo com muita paciência, humanismo e profissionalismo.
Motorista é uma profissão que, agora, as mulheres estão ganhando campo, é um trabalho maravilhoso, é desgastante, mas é um trabalho onde você conhece inúmeras pessoas, as crianças com o coração doce e sensível que no início do ano entram na van chorando e a gente com carisma tenta acalmar e dar segurança para a criança, que assim como vai, volta. Nós, motoristas, temos uma responsabilidade muito grande, nós levamos o seu filho para a escola, o alimento para a casa, transportamos valores de um lado para outro. Tem que ser o motorista que faz o dia acontecer, começa de madrugada, termina tarde da noite e eu pretendo dar continuidade no sonho do meu marido que era trabalhar com o transporte, apesar da dificuldade”.
Marisa finaliza o relato agradecendo a todas as empresas de transporte que fizeram uma linda homenagem para o Hilário na sua viajem sem volta, todos fizeram uma carreata, um buzinaço, no momento da saída. “Fato marcante e emocionante que a gente percebe que apesar da concorrência, somos todos parceiros e amigos. Feliz Dia do Motorista a todos!”.
Realizando um sonho por Claudia Duda
“Sempre gostei de dirigir, acho lindo mulher dirigindo caminhão, van. Foi aí que um dia resolvi mudar, alterei minha CNH e corri atrás de um emprego para trabalhar como motorista.
Trabalhei quatro anos em outras empresas, gostei muito de trabalhar com transporte escolar, trabalhar como motorista e com crianças, adoro crianças. Hoje tenho minha própria empresa, RCG Transportes, gosto muito do que faço. Faço com amor e carinho, amo dirigir. E o que mais me marcou foi a minha conquista de conseguir minha van e ter minha empresa”.