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Protestos acontecem na sede da empresa, em Campo Largo, e no pátio de Irati. O movimento reivindica que a Via Araucária cumpra com os direitos previstos na CCT do Sintrapav/PR
Funcionários da Via Araucária entram em greve por reajuste salarial e melhores benefícios
Foto: Sthefany Brandalise

Sthefany Brandalise

Os funcionários responsáveis pela pavimentação e conservação das vias da concessionária Via Araucária iniciaram uma greve nesta segunda-feira (24). A paralisação ocorre em busca de reivindicações sindicais, incluindo reajuste salarial e melhorias nos benefícios oferecidos aos funcionários. O movimento afeta diretamente a manutenção das rodovias sob concessão, e representantes sindicais seguem em negociação com a empresa para tentar um acordo. O movimento acontece em Irati e Campo Largo, afetando serviços essenciais de manutenção das rodovias

O movimento reivindica que a concessionária cumpra com os direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada no Estado do Paraná (Sintrapav/PR), que há muitos anos é o legítimo representante dos trabalhadores em construção e manutenção de estradas. A concessionária alega seguir a CCT do Sindicato dos Empregados nas Empresas Concessionárias no Ramo De Rodovias e Estradas em Geral do Estado de São Paulo (Sindecrep-SP).

Essa situação causa uma série de prejuízos aos trabalhadores, como pisos salariais e vale refeição com valores reduzidos, banco de horas em substituição ao pagamento de horas extras, ausência de benefícios como café da manhã e lanche da tarde, entre outros.

De acordo com Paulo Schneider, oficial da pedreira da Via Araucária desde fevereiro de 2024, a greve foi motivada pela falta de aumento salarial, prometido diversas vezes pela empresa. “Desde junho, julho do ano passado, o gestor fica falando para os líderes: ‘segura o funcionário porque o salário vai subir’. Mas nunca sobe. Então, nós trabalhadores, fizemos uma paralisação e chamamos o sindicato da nossa categoria para vir nos representar porque o sindicato da concessionária Via Araucária não nos representa”, afirmou Paulo.

Outro ponto de insatisfação é a representação sindical. Segundo os grevistas, o sindicato da concessionária não atende às necessidades da categoria e impõe descontos salariais. “Chegou um ofício de um tal sindicato que nenhum funcionário reconhece. Disseram que iam fazer um monte de descontos no salário, mas nós não temos esse sindicato como representante”, explicou Paulo.

Os trabalhadores buscam ser representados pelo Sintrapav/PR, que oferece melhores benefícios. Paulo reforça a importância desses benefícios. “No Sindrapave, os trabalhadores têm direito a café da manhã, almoço, lanche da tarde, cesta básica, hora extra diferenciada e PLR. O nosso salário na Via Araucária é R$ 1.518. No Sintrapav, o salário é R$ 2.068. Como um pai de família sobrevive com esse valor baixo?”.

A paralisação segue de forma pacífica, sem tumultos ou bloqueios. Os trabalhadores continuam registrando seus pontos normalmente. Até o momento, não houve negociação com a direção da empresa. “Estamos aguardando uma resposta do gestor, mas até agora ele não se manifestou”, informou Paulo. Caso não haja acordo, a greve pode se estender por vários dias.

Segundo Paulo, a greve abrange tanto Irati quanto Campo Largo, e todos reivindicam as mesmas melhorias: “A gente recebe um vale-alimentação de R$ 612, mas a empresa desconta R$ 30, então, na prática, recebemos R$ 580. Isso não é suficiente para sustentar uma família”, criticou.

A paralisação impacta diretamente a conserva e pavimentação das rodovias, incluindo a limpeza e reforma de canaletas, tapa-buracos e produção de placas de sinalização. No entanto, as cabines de pedágio continuam funcionando normalmente.

Após deflagrarem o movimento, os trabalhadores chamaram o Sintrapav/PR para apoiar na organização e interlocução com a Via Araucária. Josimar Corrêa Lopes, diretor do sindicato, falou explicou que: “nós do sindicato iríamos entrar com processo contra a empresa e esperar o juiz decidir, mas os trabalhadores por si próprios se reuniram, fizeram a manifestação e fizeram um documento solicitando a presença do sindicato. Aí nós viemos, diante da situação e assumimos essa greve. O sindicato assumiu a greve e negociação com a empresa pra que ela venha seguir a nossa convenção coletiva”.

Josimar também reforçou a diferença salarial entre a atual condição dos grevistas e os benefícios do Sindrapave. “Dá uma diferença muito grande, principalmente no salário. O nosso salário é R$ 2.068, e do Sindecrep é R$1.518, só no salário já dá uma diferença gigantesca. Fora que o nosso tem almoço, tem café da manhã, e o deles não tem. Então nós já entramos em contato com a empresa, mas a empresa não quis conversar, e solicitamos uma mesa redonda, uma negociação no Ministério do Trabalho. Nós vamos aguardar amanhã, 11h, pra ver o que vai acontecer. A greve tem começo, agora o fim a gente não sabe”.

NOTA VIA ARAUCÁRIA

Em nota, a Via Araucária informa que, assim que tomou conhecimento sobre a paralisação da equipe de conservação, iniciou imediatamente tratativas diretas com seus colaboradores, prezando pela transparência e pelo diálogo aberto. A concessionária esclarece que o movimento iniciado em 24/03/2025 não pode ser legitimado como uma greve formal, uma vez que o sindicato envolvido, o Sintrapav-PR, não representa os empregados das concessionárias de rodovias e sim aos trabalhadores nas indústrias da construção pesada no Estado do Paraná.

De acordo com a legislação trabalhista, o enquadramento sindical está vinculado à atividade preponderante do empregador. Desta forma, o sindicato representativo dos colaboradores da Via Araucária é o Sindicato dos Empregados nas Concessionárias no Ramo de Rodovias e Estradas em Geral do Estado do Paraná (Sindicrep-PR).

A Via Araucária assegura que todos os direitos previstos no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) firmada com o Sindicrep-PR estão sendo integralmente cumpridos. Por fim, a Via Araucária reafirma seu compromisso em garantir a continuidade dos serviços prestados à sociedade, sempre respeitando os direitos e interesses de seus colaboradores.

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