Para verificar a presença das principais cepas da COVID-19 conhecidas, um novo exame do tipo RT-PCR rápido foi desenvolvido por pesquisadores do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD), da Fiocruz Amazônia.
Em testes que foram realizados durante a semana do carnaval, o novo teste foi aplicado em 500 pessoas da região do instituto. Desse número, 70% estavam contaminados com a variante identificada pela primeira em Manaus, a P.1. Além dessa variante, o teste também consegue identificar mutações associadas às variantes do Reino Unido e África do Sul.
Como funciona o teste rápido?
“É possível fazer centenas de amostras diariamente, porque o protocolo de PCR, em tempo real, é muito mais fácil e direto do que o sequenciamento, então, a gente consegue fazer hoje com a nossa capacidade centenas de amostras por dia”, explica o pesquisador e vice-diretor de Pesquisa e Inovação da Fiocruz Amazônia, Felipe Nave, sobre o projeto.
Vale destacar que os testes identificam as mutações do coronavírus presentes em cada uma das variantes (Manaus, Reino Unido e África do Sul). Isso porque o teste foi desenhado para detectar deleções (tipos de mutação) que pode existir nessas três VOCs (variantes de preocupação) conhecidas previamente.
Distribuição dos testes pelo Brasil
“Não temos condições de atender a todos, no primeiro momento, porque a quantidade dos insumos comprados não são suficientes para mandar para o Brasil inteiro, mas com essa validação em maior escala, poderemos ter isso em maior quantidade. A Fiocruz já tem uma decisão de incluir esse ensaio no diagnóstico, então, além do diagnóstico dizendo se é SARS-CoV-2 ou não, também, será incluída a diferenciação para avaliar se é uma das três variantes de importância”, explica Naveca.
Para usar o novo método, na prática, o Laboratório Central de Saúde Pública do Amazonas (Lacen-AM) será o primeiro a usar o produto. Em seguida, o teste deve chegar a outros laboratórios interessados, como em Rondônia, Roraima, Mato Grosso do Sul, Ceará e Rio de Janeiro.
De acordo com Nave, é muito importante que o Brasil invista em uma maior vigilância genética do coronavírus. Para isso, a nova ferramenta da Fiocruz deve contribuir para o acompanhamento das linhagens que circulam em cada cidade ou região. Até 13 de janeiro deste ano, ele e sua equipe já haviam sequenciado 250 genomas de amostras provenientes do Amazonas, sendo 177 provenientes de Manaus e outros 73 de 24 municípios do Estado.
Segundo Josélio de Araújo, microbiologista e professor de virologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), existe uma quantidade de variantes ainda conhecidas no Brasil, devido a nossa dificuldade de sequenciar os genomas e as identificar. O professor também defende a necessidade de uma maior vigilância do coronavírus.