Leticia H. Pabis
O morango do amor, doce que ganhou destaque nas redes sociais pela aparência chamativa e pela lembrança das tradicionais maçãs caramelizadas em conjunto com o famoso brigadeiro, rapidamente se espalhou por todo o país. O apelo visual, reforçado pela cobertura brilhante e colorida, transformou a receita em moda passageira para alguns, mas também em oportunidade de renda para quem soube aproveitar a tendência.
Em Inácio Martins, a estudante Maria Eduarda Machado, de 16 anos, encontrou no doce uma chance de iniciar seu próprio negócio. O sucesso foi imediato. Em apenas três dias de produção, ela conseguiu faturar cerca de cinco mil reais, resultado que a incentivou a continuar. “Sempre gostei de fazer doces, na verdade. Temos uma padaria aqui em Inácio e eu sempre ajudei minha mãe desde os 12 anos. Quando tinha algum aniversário de família que precisava de ajuda com os doces, eu sempre participava, gostava e me interessava em fazer. Por conta da padaria, a maioria das vezes eu estou lidando com isso, mas o morango do amor surgiu mais por curiosidade”, contou Maria Eduarda.
O início foi marcado pela surpresa da repercussão. “Fiz os primeiros em uma quinta-feira, deu certo e postei nos status da minha mãe. Minha tia também postou e várias pessoas mandaram mensagem pedindo. Acabou tudo na mesma noite, porque eu tinha feito só dez. No outro dia eu tinha uma consulta em Cruz Machado e começaram a chegar muitas encomendas. Fiz todas as encomendas aqui para Inácio e também para Cruz Machado. Fui pra lá, e quando voltei de noite ainda tinha mais pedidos para entregar”.
O aumento da procura coincidiu com a escassez de morangos no mercado local, provocada pela geada. A dificuldade em encontrar a fruta fez com que Maria Eduarda adaptasse sua produção, chegando a utilizar dois morangos pequenos para compor cada unidade. Mesmo diante das limitações, manteve as entregas e conquistou clientes fiéis.
“Tenho o apoio da minha família desde sempre, eles falam para eu continuar e também ficam muito felizes quando algo dá certo, o que me dá mais vontade de continuar”
– Maria Eduarda Machado
A rotina, no entanto, não ficou restrita ao morango. Com a experiência adquirida e a boa aceitação dos clientes, e também após a baixa do morango do amor, Maria Eduarda passou a diversificar o cardápio. “Quando começou a baixar a febre, comecei a fazer maracujá do amor, que saiu muito bem também. Depois tentei pistache do amor, mas não teve tanta saída quanto os outros dois”, contou.
A partir daí, experimentou novas receitas, aprimorou técnicas e criou uma página no Instagram para ampliar a divulgação, a @docess_dudaa. Hoje, Maria Eduarda concilia os estudos no 2º ano do magistério com a produção artesanal. “Estudo das 6h50 às 12h15, chego em casa por volta de 12h30. Nas quartas-feiras tenho aula até as 11h25 e depois o estágio do magistério até as 17h. Também vou para a academia. Então o tempo que sobra para os doces é à tarde, no sábado e no domingo”.
O apoio da família tem sido fundamental, especialmente da avó, dona de uma padaria no município. “Quando as encomendas aumentaram, ela comprou um micro-ondas e um fogão a gás só para mim, para que eu tivesse meu cantinho de produção”.