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Em comemoração ao Dia do Agricultor, contamos duas histórias sobre a evolução da área rural que melhoram a produção
Mieceslau Teleginski ordenhando uma vaca com o auxilio dos teteiros. Ele adotou este maquinário há três anos e trabalha com a família. Foto: Jaqueline Lopes

Os agricultores estão sempre empenhados em levar o melhor do campo para a população, e têm investido nas novidades para facilitar o trabalho e melhorar a qualidade. Os produtores rurais também estão no ramo que não parou na pandemia, e a tecnologia facilita isso.
O agronegócio alavanca o Brasil, o Paraná e também Irati, pois a agricultura traz mais de 50% da arrecadação do município, direta ou indiretamente, e só cresceu.
Muitos agricultores do município têm buscado esta novidade. É o caso do produtor do ramo de leiteria, Mieceslau Teleginski. Ele trabalha com a família no ramo e, há três anos, aderiu à máquina ordenhadeira, o que facilitou o serviço de todos.
Além do maquinário, Teleginski construiu um barracão para abrigar as cerca de 50 vacas que tem, e possui uma sala de ordenha e um composto base. O maquinário funciona da seguinte forma: as vacas vão para a ordenha e, em cada lado, ficam sete. Com facilidade, Mieceslau consegue colocar os teteiros. Assim, sai o leite, que é enviado direto para um local de armazenamento, nos refrigeradores. Mieceslau conta que com o novo sistema consegue tirar cerca de 25 litros de cada vaca, por dia, antes, era até quatro litros por animal. Com isso, melhorou e aumentou a produção da família.

Autierez Teleginski trabalha com o pai na ordenha de vacas – Foto: Jaqueline Lopes


A forma de criação das vacas é um diferencial na qualidade do leite. Agora, elas ficam dentro do barracão, em um local limpo, fechadas, na serragem, e quase todo o produto utilizado para o alimento é produzido por eles, e é orgânico. A família também aderiu à inseminação artificial e não compra vacas de fora, apenas melhora as que possuem.
“Com o novo sistema, a qualidade melhorou, pois as vacas ficam na serragem e mais acomodadas, deitam no limpo, isso tudo influencia na qualidade do leite. A análise do CCS veio a 165 e da CBT foi de 26. Isso é muito bom para nós. Quanto maior o conforto para as vacas, melhor será a qualidade do leite”, comenta o filho de Mieceslau, Autierez Teleginski.
Os Teleginskis também compraram um trator para a colheita da aveia, um dos alimentos dados às vacas. O veículo tem uma colheitadeira e uma espécie de caçamba, que descarrega direto no cocho, o que facilita a mão de obra. Isso também agiliza o serviço, pois a família possui cerca de 16 alqueires de aveia plantadas, antes, precisavam fazer isso com uma roçadeira, carregar em uma carroça e levar para o cocho. Agora, em uma hora é feita toda a colheita necessária e apenas a família faz o serviço.
O tempo de trabalho também ficou menor. Antigamente, era cerca de 1h para ordenhar 10 vacas. Hoje em dia, para 40 o tempo é quase o mesmo. E o processo é mais ágil. “Facilitou na tranquilidade de trabalhar, porque a gente trabalha em pé. Diminuiu o serviço e aumentou a rapidez”, comenta Mieceslau.


O agricultor ainda destaca que gostou do maquinário e recomenda. “Para quem que está no ramo de leite deve investir em tecnologia, porque vai facilitar o serviço, melhorar na qualidade e rapidez do serviço, e consegue fazer outras atividades como na lavoura. Para o melhor a gente sempre se adapta bem”, destaca.
No livro “Uma Jornada Pelos Contrastes do Brasil: Cem anos do Censo Agropecuário”, lançado em dezembro de 2020, escrito pelos pesquisadores José Eustáquio Ribeiro Vieira Filho e José Garcia Gasques, mostra como a tecnologia transformou a agropecuária brasileira em um modelo de sucesso e alavancou o Brasil, de importador de alimentos, a um dos principais players no cenário agrícola mundial.
Em 1995-1996, a tecnologia respondia por 50,6% do total da produção do agro, ao lado de 31,3% do uso da mão de obra e 18,1%, da terra. Em 2006, esse percentual passou para 56,8% e, em 2017, saltou para 60,6%.
O secretário de Agricultura de Irati, Raimundo Gnatkowski, comenta que o agronegócio cresceu em Irati, assim como em todo o país. Os agricultores que buscam assistência para aderir a novos sistemas ganharam na qualidade e na forma de produção. “Com este avanço, mostramos que o agronegócio pode ter uma maior produção na mesma área, podemos aumentar a produção por área, não é necessário aumentar o número de animais, mas a questão da produção por animal. E isso está dando retorno”.


HIDROPONIA


Este cenário de crescimento é percebido em todas as áreas rurais. Outro agricultor de Irati que aderiu a tecnologia para personalizar o negócio foi Márcio Roberto Koltun. Ele é de uma família de produtores e planta vários tipos de hortaliças. Ele mora no Caratuva e, há 12 anos, utiliza o sistema de hidroponia, que faz a plantação na água.
Koltun explica que no cultivo não é utilizado terra, apenas água, a base tem nutrientes que passa para o crescimento, depois que sai da bandeja, vai para o berçário, e para o local que ficará até a comercialização. Com os nutrientes colocados na água, a hortaliça cresce. E tudo é feito por uma tubulação. “A qualidade é melhor porque fica em um sistema protegido em que não pega chuva nem sol em excesso, inseto diminui bastante, a qualidade é superior”, comenta Marcio.

Márcio Roberto Koltun também faz o plantio de morangos – Foto: Jaqueline Lopes


A água utilizada vem de um poço artesiano, vai para as caixas d’águas, e aí são colocados os nutrientes e adubações, e circula pelo sistema, após retorna para a caixa. A máquina é automática e fica o dia todo processando, pelo sistema de timer.
Na região, apenas Marcio e mais um agricultor utilizam a hidroponia. Ele comenta que o sistema é muito prático e fácil de utilizar, apesar de ser um investimento mais caro, tem gerado bons resultados. “Tem funcionado, tem dado certo. O sistema é melhor, o trabalho é mais tranquilo, as hortaliças ficam mais altas, não precisa ficar abaixado, é limpo, não tem contato com terra, solo, o sistema fica melhor de trabalhar, mais confortável para gente”, comenta o agricultor.

Ele também trabalha com a plantação de morangos, em um sistema parecido, chamado de semi-hidroponico, que é usado um substrato na base da raiz, e tem a irrigação. O agricultor criou um espaço, chamado de Protegido, para cultivar os alimentos. Desta forma, consegue controlar para que as hortaliças se desenvolvam como precisam. Além disso, consegue proteger do clima, que são fatores que interferem na produção.
“Eu fui para este seguimento por se mais pratico de trabalhar, porém, caro, mas você tem que estar evoluindo porque o mercado pede isso, se não evoluir não tem o retorno necessário, além de facilitar no trabalho também”.
Antes, ele e a família plantavam repolho, e quando deu a ideia para os pais os dois ficaram surpresos.“Eles ficaram surpresos, olhavam como estava crescer, tinham aquele pé atrás, achavam que não ia dar certo, porque era novo. Mas hoje minha mãe está bem acostumada, ajuda, trabalha e gostaram o resultado”, conta o agricultor.
Outro dado do livro citado, também mostra a mudança na frota de tratores outro indicador da modernização do setor. A oferta de máquinas agrícolas cresceu no país junto com o avanço da soja e do milho a partir da década de 1960, com o surgimento de variedades dos grãos mais adaptadas ao clima e condições do país.

Marcio Koltun trabalha com a hidroponia há 12 anos e comenta que gosta do sistema – Foto: Jaqueline Lopes


De acordo com o secretário, várias propriedades procuram adaptar-se a nova realidade do campo que vão além das leiterias e da hidroponia. A Secretaria tem uma assistência técnica em quase todas as áreas e contam com técnicos para ajudarem nos processos de transformação, e disponibiliza cursos e técnicos da Emater para que o agricultor possa investir com uma margem maior de segurança e ter o retorno que deseja.
Neste Dia do Agricultor, o secretário agradece por eles não terem parado na pandemia, e continuado a movimentar o município. “Isso fez com que os municípios se estabilizassem e se mantiveram. Somos muito gratos por estarem produzindo para levar o alimento à mesa, por não ter parado, e está ai o resultado. Irati deve muito ao agricultor”, destaca Gnatkowski.

Trator utilizado pela família Teleginski na colheita das aveias – Foto: Hellen Roik

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