Esther Kremer
No dia em que celebramos o Dia do Agricultor, dia 28 de julho, a equipe da Folha de Irati foi até a propriedade do agricultor Irineu Lukavi, em Irati, para conhecer de perto a rotina e os desafios enfrentados por quem dedica a vida à produção de alimentos. Aos 62 anos, Irineu carrega uma trajetória de 40 anos na agricultura, especialmente no cultivo de hortaliças, onde comercializa os produtos a diversos locais da cidade, inclusive, na merenda escolar.
A história de Irineu na roça começou após trabalhar por cinco anos na Fábrica FoBrás. “Foi lá que encontrei minha esposa, nos casamos e meu sogro falou, na época, para eu ir trabalhar na roça. Saímos os dois da fábrica e estamos há 40 anos trabalhando com as verduras”, conta.
Hoje, a propriedade da família Lukavi tem 6,5 hectares, com produção diversificada, alface, couve-flor, cenoura, beterraba, rúcula, brócolis e outros produtos, que, juntamente com outros produtores, ajudam a abastecer a Feira do Produtor de Irati, a merenda escolar do município e do Estado, restaurantes e mercados locais, e, inclusive, muitas casas de famílias iratienses. “Hoje está em torno de 50, 60 mil pés de alface plantada. Só alface, mas temos muitas verduras, tem tudo”, relata.
ROTINA DEDICADA E EXAUSTIVA
A rotina de trabalho é puxada e não tem folga, segundo Irineu, é um trabalho árduo, mas recompensado pelo carinho com o cultivo. “É diário, às vezes tem que colher até os domingos, não temos folga, nem feriado, a produção não pode parar”, diz. O trabalho é feito praticamente em família, com a ajuda da esposa, do genro e de um parceiro que também vende as verduras na cidade. “Hoje você não acha ninguém para trabalhar”, lamenta.
Apesar do esforço, Irineu conta que a vida do agricultor está cada vez mais difícil. “O agricultor enfrenta, hoje em dia, uma vida muito sofrida. Todas as coisas que a gente faz não é fácil. Os produtos estão muito caros para você comprar e o preço pelo qual vendemos as verduras não acompanha o que era a alguns anos atrás. Temos que trabalhar bastante mesmo para conseguir tirar um pouco de lucro”, desabafa.

A propriedade da família Lukavi tem 6,5 hectares, com produção diversificada de alimentos – Foto: Esther Kremer
DESVALORIZAÇÃO NO CAMPO
A falta de valorização do agricultor é outro ponto que incomoda. Mesmo com a grande produção da família Lukavi, o abastecimento da merenda escolar municipal e estadual, Irineu relata que poucas pessoas que valorizam o trabalho na agricultura. “Muitos não dão valor, mas tem pessoas que reconhecem. Hoje, vou contar a verdade, o agricultor, às vezes, é discriminado, porque não reconhecem o valor das coisas que fazemos, a importância desse trabalho, o alimento fresco na mesa da população. O nosso serviço é difícil e muitos não vêm o esforço quando vão comprar a verdura bonita na feira”, afirma.
AGRICULTURA FAMILIA E FEIRA DO PRODUTOR
Irineu também destaca a importância da agricultura familiar para abastecer o município e além disso, também comenta sobre a importância da Feira do Produtor na cidade. “Tem bastante produtor de verdura. Na feira, estamos com 13 ou 14 agricultores. Tem os que comercializam os embutidos também. Todos trabalham bastante nas propriedades e se esforçam para levar um produto de qualidade para a população”, comenta.
O produtor também relata sobre o apoio do poder público, por meio da feira, onde é possível comercializar os produtos sem gastos com o espaço, que foi reformado e abriga diversas famílias que sobrevivem da agricultura. “A Prefeitura dá o suporte na feira, paga água, luz, todas as despesas, ajuda bastante nós nessa parte. E também na merenda escolar do município, a Prefeitura busca as verduras e entrega. Agora, na escola, no estado, nós que temos que entregar”, explica.

Na feira é possível comercializar produtos sem gastos com espaço – Foto: Esther Kremer
O AMOR PELA AGRICUTLURA
Apesar das dificuldades, Irineu diz que gosta do que faz e que pretende seguir com o trabalho enquanto estiver saudável e conseguir trabalhar. “Eu gosto, se eu não gostasse não estava 40 anos”, afirma, bem humorado. A esposa também participa da produção, fazendo pães, geleias e doces para vender na feira. “O que a gente quer é o sustento nosso. Nós vivemos da agricultura familiar. Não temos outra renda, vivemos do plantio das verduras mesmo”.
Sobre o futuro, o agricultor é realista e diz que não vê sucessão familiar para continuar o trabalho. “Enquanto eu puder, eu vou trabalhar. Mas é aquela coisa, se eu parar, parou tudo. Da minha parte é complicado, porque não tem ninguém para trabalhar”, lamenta.
A história de Irineu é um retrato fiel da realidade de muitos agricultores da região, que enfrentam desafios diários, muitas vezes a falta de valorização e apoio, mas seguem firmes, garantindo o alimento na mesa da população. Fica o convite para que a comunidade e as autoridades olhem com mais atenção e respeito para quem trabalha de sol a sol, produzindo com dedicação e amor.