Irati está em estado crítico com os casos de Covid-19, em um crescimento grande nos últimos meses, cerca de 500 por mês, a maior preocupação é a questão do agravamento da doença em relação aos internamentos, principalmente quando precisa de UTI, pois não há vagas nos hospitais de referencia em todo o Paraná.
Desde 10 de março, o município registra mais de 20 pessoas internadas, chegou a ter 25 e, atualmente, tem 24 pacientes internados, nove na UTI e 15 na enfermaria, porém mais 10 pessoas aguardam vaga nos leitos clínicos do Pronto Atendimento da Vila São João, criados pela Prefeitura para atender pacientes e todos estão ocupados. Não são para internamento, mas para os pacientes aguardarem uma vaga nos hospitais de referencia.
De acordo com o coordenador do COEF, Agostinho Basso, este é o pior momento da pandemia, devido à nova variante o número de permanência na UTI tem aumentado. Antes, era de, em média, sete a oito dias, agora, passa para 14 dias, e pode evoluir para melhora no caso ou para um óbito. “O que é muito preocupante é que a média de óbitos dos pacientes que vão para a UTI está próxima de 50%, de cada 10 pacientes, cinco não voltarão para suas casas. A média da enfermaria está em 25% dos que podem vir a óbito. Isso é muito grave porque na primeira fase era mais leve esse adoecimento”, explica Basso.
Outra preocupação é em relação a faixa etária dos novos casos, atinge mais o jovem e o adulto jovem, entre 19 a 49 anos, que já são a grande maioria dos pacientes em Irati que precisam ser internados, e adoecem mais pela doença.
A falta de leitos nos hospitais do Paraná e em todo o Brasil, de medicamentos e também de profissionais, deixa o sistema em colapso. De acordo com o último boletim da Sesa, a macrorregião leste da qual os municípios da Amcespar fazem parte, está com 97% de ocupação na UTI, e com a calamidade em todo o país não há vagas espaço nos demais estados do Brasil.
Segundo Agostinho, a nova variante traz, estatisticamente, a realidade que de cada 100 pessoas que foram contaminadas, 15% ficarão doente em que precisarão ser internadas, antes, não chegará a 5%. Também, 5% precisarão de UTI, e destas, metade não terá chances de sobreviver.
“Ou cada um de nós de forma pessoal, individual, ajuda o país sair desta pandemia, ou infelizmente cada família terá um, dois ou três mortos, Não há outra solução. Aqui em irati já temos famílias que perderam mais de um parente, o que não queremos é isso. é hora de ficar em casa, porque se não termos muitas perdas”, disse Agostinho.
Emocionada, a secretária de Saúde, Jussara Ku, pede o apoio da população para que não seja necessário que os profissionais de saúde tenham que escolher a vida que vão salvar. “Vai ter lockdown no sábado e no domingo é para ficar em casa. Por favor, não se aglomere, não leve o vírus para casa do pai ou avô”.
SANTA CASA DE IRATI
Além de tudo isso, a falta de sedativos para os pacientes internados preocupa as autoridades. A procura em todo o país fez com que o material ficasse escasso. A Santa informou na terça-feira (16) que teria o medicamento para mais 3,5 dias, mas, mais insumos chegaram ao hospital.
A Santa Casa de Irati está com ocupação de 100% dos leitos de UTI e de enfermaria da Covid-19. O provedor do hospital, Ladislao Obrzut Neto, relata que a situação é grave. “Estamos, praticamente, em colapso. Vamos conversar com o Hospital Universitário de Ponta Grossa, e teremos que fazer um protocolo de quem terá mais chance de viver, quem tem condição de ter mais anos de vida. Infelizmente, nós passamos o ano todo falando das medidas e parece que as coisas não andaram desta forma. Vamos ter que pensar quem terá condições de vida. É duro”, disse o médico.
A Prefeitura, junto da Secretaria Municipal de Saúde, fez o pedido de 100 ampolas do medicamento faltante, pois a empresa tem limite de quantidade, e informou que só entregará em 26 de março, apenas 50 ampolas, devido à grande procura.
“Nós estamos com o emocional bem abalado, diante deste protocolo, tenho profissionais que já pediram para serem desligados, porque não vão querer aplicar esse protocolo. O que eu peço, jovens e a população: cuidem-se. Eu não gostaria de ver pessoas daqui chegarem a Santa Casa ou sem ar, sem profissionais para atender, porque é o que está acontecendo. Que a população leve a sério isso, é o meu apelo”, observa a secretária de Saúde.