TradeMap – Por: Gustavo Nicoletta
Os especialistas do mercado financeiro ouvidos semanalmente pelo Banco Central para o Boletim Focus reduziram a previsão para a inflação deste ano, mas elevaram as estimativas para a alta de preços de 2023 para frente. A projeção para a taxa básica de juros, a Selic, ao fim do ano que vem também aumentou.
De acordo com os dados publicados na segunda-feira (26), a estimativa de inflação para 2022 caiu de 5,76% para 5,64%. A revisão ocorreu após dados do IPCA-15 mostrarem que a inflação de dezembro pode ter sido menor que a inicialmente prevista.
Para 2023, no entanto, os especialistas passaram a prever inflação de 5,23% – de 5,17% anteriormente. Além disso, aumentaram a estimativa para o nível da taxa Selic ao fim do ano que vem, de 11,75% para 12,00% ao ano. Hoje a taxa está em 13,75% ao ano.
O mercado também passou a esperar inflação mais forte em 2024 e 2025 – 3,60% e 3,20%, respectivamente, taxas 0,1 ponto porcentual superiores às da semana passada em ambos os casos.
No entanto, a previsão para a Selic ao final destes períodos continuou inalterada, em 9,00% ao ano para o fim de 2025 e em 8,00% ao ano para o encerramento de 2025..
A previsão para a inflação de dezembro caiu de 0,60% para 0,48%, enquanto a estimativa para janeiro diminuiu de 0,55% para 0,52%.
Também houve mudanças nas previsões para o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto). O mercado reduziu a projeção para 2022 de 3,05% para 3,04%. Para 2024, a estimativa caiu de 1,67% para 1,50%, e para 2025 houve redução de 2,00% para 1,90%.
O que é a pesquisa Focus?
O Boletim Focus é uma publicação divulgada todas as segundas-feiras pelo Banco Central às 8h25, contendo um resumo das expectativas de mercado a respeito dos principais indicadores da economia brasileira, como taxa de juros básica, inflação, câmbio e juros.
O relatório apresenta resultados de uma pesquisa feita diariamente com as previsões de bancos, gestoras de recursos e corretoras, entre outros participantes do mercado, e faz parte do arcabouço da política monetária. O objetivo é monitorar a evolução das expectativas do mercado para as principais variáveis macroeconômicas, dando assim elementos ao Banco Central para decidir sobre a taxa básica da economia, a Selic.
O levantamento foi criado em 1999 como parte da transição brasileira para o regime de metas de inflação, no qual o BC se compromete a atuar para garantir que a variação de preços medida pelo IPCA esteja em linha com um objetivo pré-estabelecido.
Um dos propósitos do BC é exatamente ancorar (ou guiar) as expectativas do mercado financeiro. A razão para isso é que, quanto mais previsíveis forem as condições macroeconômicas de um país, menores tendem a ser as contrapartidas pedidas pelos investidores.