Imbituva possui, desde setembro, a Associação dos Amigos dos Autistas de Imbituva (Amai), que tem como objetivo ser uma instituição organizada para buscar recursos, apoio e realizar conquistas em prol da causa. Desde a sua formação, o grupo vem evoluindo gradativamente, como o I Seminário de Autismo e Ciência e o estabelecimento da Lei da Carteira de Identificação do Autista.
Porém, a luta das mães nem sempre foi fácil. Atualmente, em Imbituva há em torno de 25 pessoas com o autismo diagnosticado, sendo que antes da existência da Amai, os pais lutavam sozinhos por uma vida digna aos seus filhos. Maria Andrieli Galvão Maiczuk é mãe do Breno, de sete anos, e desde que teve o diagnóstico de autismo do seu filho, luta, pesquisa e busca recursos para que ele tenha uma vida normal.
“No começo foi um choque, mas eu sempre busquei apoio, me informar e dar uma vida melhor ao meu filho, só que antes parecia que eu estava gritando sozinha, sem ninguém que pudesse me ouvir. Mas aí, conheci a Kamilla, que é fonoaudióloga, e junto com ela fomos buscando parcerias e encontrando mães até criarmos um grupo de whatsapp, que inicialmente funcionou, porém percebemos que precisávamos mais e aí que criamos a associação e estamos tendo todas essas conquistas”, conta Andriele.
A diretoria da Amai foi feita por votação, por meio de uma reunião com todos os pais, realizada na presença do advogado Rodrigo Alessi e da fonoaudióloga Kamilla Siqueira Machado e registrado em ata. A presidente Daniela Galvão da Silva, fala das conquistas e planos para o futuro da associação.“Para a cidade,+ já conseguimos a lei municipal que fará as carteirinhas dos autistas e também a inclusão do símbolo do autismo em locais que se tem filas preferenciais. Pretendemos fazer ações de conscientização sobre o autismo, além de trazermos mais conhecimentos como foi o seminário em nossa cidade. A Amai tem o intuito de ajudar essas famílias, pretendemos dar mais qualidade de vida para os portadores do TEA. Sabemos que não adianta somente tratar o portador e não olhar para o responsável, não é nada fácil cuidar de um portador de TEA então devemos olhar com muito amor e carinho para essas pessoas. Iremos lutar pelos direitos dos portadores de TEA em nossa cidade. Queremos inclusão, respeito, terapias e tudo o que for de direito”, diz Daniela.
I Seminário Autismo e Ciência
O seminário foi realizado no dia 14 de outubro e foi organizado pela AKA (Associação Kasa do Autista), Amai, com apoio da Prefeitura através da Secretaria de Saúde e tratoude práticas, com evidências científicas para área do autismo.
Entre os palestrantes estavam pesquisadores e estudiosos da área trazendo as mais recentes descobertas e estudos sobre o autismo. A organização estima que mais de 300 pessoas da região (Laranjeiras do Sul, Ponta Grossa e Prudentópolis) prestigiaram o evento.
Todos os palestrantes participaram de maneira gratuita e o dinheiro arrecadado com as inscrições foi destinado a "Kasa do Autista", entidade que nasceu em 2010 e tem por finalidade dar assistência, promover e incentivar pesquisas, além de desenvolver programas de estudos e amparo sobre o autismo.
A fonoaudióloga da Secretaria de Saúde, Kamilla Siqueira Machado, conta como foi o evento. “Nosso seminário foi muito bem aceito pelas famílias e profissionais de Imbituva e cidades vizinhas, nossa expectativa era de 250 participantes, e no final acabamos recebendo 387 pessoas. Esse encontro ocorreu em Araucária no início do ano, idealizado pela Kasa do Autista para alertar as pessoas a respeito de tratamentos não científicos, aos quais as famílias vêm se submetendo, a troco de faltas promessas, o Seminário Autismo e Ciência reúne profissionais da área da saúde e educação, juntamente às famílias, pois somente quando trabalhado juntos, o autismo pode ser trabalhado, oferecendo ao autista, qualidade de vida e desenvolvimento”, explica Kamilla.
Ela ainda completa, como foi todo o processo de criação da Amai e a concretização de todo o projeto com a realização do seminário. “É importante lembrar, que neste ano de 2019 conseguimos reunir famílias de autistas para que iniciassem o processo de fundação da associação. Venho observando em nosso município, assim como em outros que o Autismo necessita urgentemente de políticas públicas específicas, tratamento e educação de qualidade, além de profissionais capacitados para isso, mas só elencar problemas não traz a solução é necessário em parceria a diferentes setores buscar essas mudanças. Aí, falamos do primeiro objetivo do seminário: tornar pública a Amai, bem como facilitar acesso a informação e ciência a respeito do autismo”, relata a fonoaudióloga.
Com a realização do seminário e a participação da população, Andrieli percebeu que está percorrendo o caminho certo e que a luta está apenas começando. “O seminário foi mágico para mim, após todos esses anos gritando, implorando por ajuda, vi que realmente formamos uma associação engajada e de que estamos no caminho certo, lógico que temos muito ainda a fazer, mas tudo isso foi um grande passo que nos enche de esperança por um futuro melhor para nossos filhos e todos os autistas do município”, conclui Andrieli.