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Sem Rebeca Andrade, Flavinha é esperança para manter o Brasil no pódio. Saiba o que esperar de cada brasileiro no Mundial de Jacarta
Flávia Saraiva vibra com a medalha de prata no Pan de Santiago — Foto: Alexandre Loureiro/COB

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Flávia Saraiva vai ser a esperança de medalha para o Brasil no Mundial de ginástica artística de Jacarta. Deste domingo ao dia 25 de outubro, nove ginastas do país buscam um lugar no pódio da principal competição da modalidade depois das Olimpíadas. Sem Rebeca Andrade, que tirou um ano de descanso para recuperar corpo e mente após quatro medalhas nos Jogos de Paris, coube a Flavinha liderar a delegação brasileira. A medalhista olímpica é forte candidata ao pódio da trave, embora não seja favorita na Indonésia.

O Brasil tem um lugar cativo no quadro de medalhas do Mundial de ginástica artística. Puxada por Rebeca Andrade, a delegação verde-amarela se manteve no pódio nas últimas cinco edições da competição. O país vem de um recorde de seis conquistas no Mundial de 2023, além das quatro medalhas das Olimpíadas de Paris. A missão – nada fácil – é permanecer no pódio neste início de caminhada rumo aos Jogos de Los Angeles 2028 mesmo sem a campeã olímpica.

Fonte: FIG

O que esperar dos brasileiros no Mundial de Jacarta

CANDIDATA AO PÓDIO

Flávia Saraiva – trave
Duas vezes finalista olímpica da trave, Flavinha foca em seu principal aparelho em Jacarta em busca da segunda final de trave em Mundiais. Ela foi sexta colocada em 2019 e tenta subir degraus para chegar ao pódio. Nas quatro apresentações que fez nesta temporada (duas no Campeonato Brasileiro e duas na etapa de Szombathely da Copa do Mundo), a ginasta de 26 anos se mostrou muito segura e consistente, sempre liderando. Chegou a tirar 14,250 pontos na classificatória da Hungria (5,9 de dificuldade), nota que pode lhe render uma medalha se repetida na Indonésia.

Embora seja uma forte candidata ao pódio, Flavinha não é a favorita. Atual vice-campeã olímpica e mundial, a chinesa Zhou Yaqin tem a maior nota da temporada: 15,233 (6,8 de dificuldade). A chinesa Zhang Qingying, a argelina Kaylia Nemour e a sul-coreana Hwang Seo-hyun são as outras favoritas. Vale ressaltar, porém, que a trave é o aparelho mais imprevisível da ginástica.

Flávia Saraiva no treino para o Mundial de ginástica artística — Foto: MeloGym/CBG

Flavinha ainda pode disputar o solo, aparelho em que foi bronze no último Mundial. Durante a aclimatação em Doha, ela treinou suas principais acrobacias, mas não teve tanto tempo de preparação, uma vez que usou o primeiro semestre para se recuperar de uma cirurgia no ombro, realizada em setembro de 2024. Por isso, não está confirmada no solo ou no individual geral, prova em que tem menos chance de competir em Doha por causa das barras assimétricas, aparelho que mais exige dos ombros. Caso entre nessas disputas, passa a ser candidata à final e pode beliscar um pódio.

CANDIDATOS ÀS FINAIS

Júlia Soares – trave e solo
Finalista da trave nas Olimpíadas de Paris, Júlia Soares ainda não apresentou em 2025 uma consistência no seu principal aparelho, embora tenha se classificado para a final da etapa de Szombathely da Copa do Mundo, em setembro. Com uma série de até 5,5 de dificuldade, vai precisar de uma ótima execução para chegar à decisão de Jacarta, mesmo cenário que encarou com sucesso nos Jogos Olímpicos.

Júlia Soares no treino para o Mundial de ginástica artística — Foto: MeloGym/CBG

Atual campeã brasileira do solo, Júlia também é candidata à final nesse aparelho. A ginasta de 20 anos encantou os torcedores brasileiros em Paris ao som de “Cheia de Manias”, da banda Raça Negra, e vai repetir a dose em Jacarta. Foi prata na etapa da Copa do Mundo de Szombathely. O pódio tem tudo para ficar entre as americanas (Joscelyn Roberson e Dulcy Caylor), as russas (Angelina Melnikova e Anna Kalmykova) e a romena Sabrina Voinea.

Arthur Nory – barra fixa
Medalhista olímpico do solo na Rio 2016, Arthur Nory mais uma vez vai focar em seu principal aparelho: a barra fixa. Campeão mundial em 2019 e bronze em 2022, o ginasta de 32 anos ainda não apresentou consistência nesta temporada, mas costuma crescer no Mundial. Muito experiente e estudioso, tem na manga muitos elementos que, se apresentados com sucesso, podem colocá-lo mais uma vez entre os melhores do mundo. A disputa na barra fixa, porém, está com um nível muito elevado. Os favoritos são os japoneses Daiki Hashimoto (atual campeão mundial), Shinnosuke Oka (atual campeão olímpico) e Tomoharu Tsunogai (atual vice-campeão asiático), o taiwanês Tang Chia-hung (atual campeão asiático e bronze em Paris), o americano Brody Malone (campeão mundial de 2022), o cazaque Milad Karimi, o colombiano Angel Barajas (atual vice-campeão olímpico) e os chineses Shi Cong e Zhang Boheng (bronze em Paris).

Arthur Nory no treino de pódio do Mundial de ginástica — Foto: MeloGym/CBG

Caio Souza – individual geral, barra fixa, barras paralelas, argolas e salto
Depois de ficar fora do Mundial de 2023 por lesão e, por isso, não se classificar para as Olimpíadas de Paris, Caio Souza volta a um Mundial com boas chances de chegar às finais. Atual campeão brasileiro, ele é favorito a um posto na decisão do individual geral pela sexta vez. Pode melhorar a décima colocação de 2022, mas dificilmente vai brigar por medalhas. Os japoneses Daiki Hashimoto (atual campeão mundial) e Shinnosuke Oka (atual campeão olímpico) são os favoritos, junto com os chineses Zhang Boheng e Shi Cong, o filipino Carlos Yulo, o ucraniano Illia Kovtun e o americano Asher Hong.

Caio Souza no treino de pódio do Mundial de ginástica artística — Foto: MeloGym/CBG

Além da disputa do geral, Caio pode brigar por finais em quatro aparelhos. Embora a disputa na barra fixa esteja muito acirrada, é o aparelho em que o brasileiro está tirando as melhores notas, consistentemente passando dos 14,000 pontos. Finalista da barra paralela em 2021, ele foi prata na etapa de Szombathely da Copa do Mundo. Finalista olímpico do salto em Tóquio, ainda não apresentou neste ano sua série mais forte no aparelho, mas pode crescer em Jacarta. Caio ainda se destaca nas argolas, com chances de ir à final caso crave a série.

Diogo Soares – individual geral
Diogo Soares é mais uma figurinha carimbada na decisão do individual geral e tem boas chances de se classificar para a final de um Mundial pela terceira vez – ainda tem duas finais olímpicas na prova. O ginasta de 23 anos ainda não apresentou neste ano sua melhor ginástica, mas costuma crescer nas grandes competições. Não deve brigar por finais por aparelhos.

Diogo Soares no treino de pódio do Mundial de ginástica artística — Foto: MeloGym/CBG

Sophia Weisberg – individual geral e salto
Estreante aos 15 anos, Sophia Weisberg tem grandes chances de ir à final do individual geral. Se repetir os 51,231 pontos que lhe renderam o título brasileiro em setembro, a ginasta deve entrar para o top-24 do mundo. Precisa acertar suas séries, especialmente o salto Yurchenko com dupla pirueta (DTY), seu ponto forte. Ela também é a atual campeã brasileira do salto e pode ir à decisão do aparelho, embora tenha um segundo salto de dificuldade menor que as rivais.

Sophia Weisberg no treino para o Mundial de ginástica artística — Foto: MeloGym/CBG

Júlia Coutinho – solo
Mais uma estreante aos 15 anos, Júlia Coutinho foca no seu principal aparelho: o solo. Ao som de “Maria, Maria”, de Milton Nascimento, ela brilhou na temporada com duas medalhas em etapas da Copa do Mundo, um ouro em Koper e um bronze em Szombathely. No entanto, ainda não apresenta dificuldade para brigar por uma medalha.

Júlia Coutinho no treino para o Mundial de ginástica — Foto: MeloGym/CBG

CANDIDATOS A SURPRESA NAS FINAIS

Vitaly Guimarães e Tomás Florêncio
Dois brasileiros fazem a estreia em Mundiais aos 25 anos com poucas chances de ir a uma final. Tomás Florêncio ganhou a vaga de última hora após lesão de Yuri Guimarães, convocado inicialmente para o solo e o salto. Vitaly, por sua vez, nasceu nos Estados Unidos e já defendeu o país em competições internacionais. Agora faz a primeira grande competição à frente do Brasil, país de seu pai. Ele disputa o cavalo com alças e as barras paralelas.

Vitaly Guimarães no treino de pódio do Mundial de ginástica artística — Foto: MeloGym/CBG

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