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Murilo Lopacinski , de 10 anos, mora na área rural de Mallet. Pai dele montou a estrutura para que filho pudesse acompanhar as aulas pelo celular no único ponto do sítio em que há sinal de internet móvel
(Foto: Divulgação)

A interrupção das aulas presenciais impôs uma situação nova para os estudantes da rede estadual de ensino. O sinal de internet móvel, apesar de cobrir quase a totalidade do estado (99,7% do território estadual), possui algumas “sombras” em determinadas áreas rurais afastadas e nem todas as famílias possuem wifi nas residências.

Neste contexto, com muita criatividade, algumas famílias acabaram desenvolvendo a própria solução. Além de aproveitarem a oferta dos materiais e atividades impressas criados pela Secretaria de Estado da Educação e do Esporte (Seed-PR), o Paraná tem casos de estudantes que acabaram indo além. Murilo Matheus Lopacinski, de 10 anos, aluno do 6º ano da Escola Estadual Nicolau Copérnico, em Mallet, é morador da Colônia 4, a mais de 10km do pequeno centro urbano do município colonizado por ucranianos. A cada 15 dias o pequeno andava a distância toda para entregar o que estava feito e buscar novas atividades.

Essa foi a rotina até a segunda quinzena de agosto, quando o aluno demonstrou interesse pelo aplicativo Aula Paraná. "O app foi apresentado pela pedagoga Andressa Paim da Silva, que estimulou e ensinou o Murilo a utilizá-lo", conta Eliana Renzzo, diretora da Escola Nicolau Copérnico, que tem 358 alunos. Já sabendo de dificuldades de sinal, Murilo tentou até achar em um único ponto no sítio onde mora, ao lado da plantação de aveia feita em área arrendada para o vizinho. Para abrigá-lo do sol e da chuva, o pai Moacir Lopacinski montou uma barraca de lona com ripas de madeira no meio da roça.

Desde então Murilo realiza atividades diárias pelo app, que é gratuito e não consome dados de 3G e 4G – até o momento já foram mais de 930 mil downloads nos sistemas Android e iOS. "Ele sempre está com as atividades em dia, mesmo antes quando realizava as atividades impressas", afirma a diretora. "Estou gostando bastante, faço todos os dias", conta Murilo, que diz ser ‘fera em matemática’ e já pensou em ser policial, agricultor e caminhoneiro. "Tem dias que fica manhã e tarde, dia inteiro na barraca", revela o pai.

A história é similar ao que aconteceu em Irati. Por lá, a jovem Luana Helena de Oliveira, de 12 anos, também estava com algumas dificuldades com o sinal de internet. Bastante aplicada aos estudos, a aluna do Colégio Estadual João XXIII, não deixou que a oscilação do sinal dentro de sua casa atrapalhasse seu desempenho. “A Luana sempre teve interesse pelos estudos. Desde o primeiro ano, ela sempre gostou de ir pra escola. E agora com a pandemia o meu celular não funcionava bem, e ela mesmo teve a ideia para construirmos uma ‘casinha’ no quintal, onde o sinal pega bem”, explica a mãe Kátia Regina Procópio.

O pai de Luana, Juliano Novak de Oliveira, então construiu uma ‘sala de estudos’ para a filha, utilizando o espaço no quintal. A atitude viabilizou que a jovem pudesse acompanhar as aulas sem perder nenhum conteúdo. “Antes era um pouco mais chato e bem difícil para estudar, porque eu tinha que ficar andando pela casa para pegar sinal”, conta Luana. “Quando eu vi o presente eu fiquei bastante animada, e no outro dia já decorei com coisas pra ajudar no estudo. Agora eu estou até mais animada pra estudar” completa.

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