Em comemoração aos 150 anos da Imigração Polonesa no Paraná, a Braspol, em parceria com o jornal Folha de Irati, contará nesta edição a história de Józef Smolka.
Nascido em 1882, em Curitiba, foi criado na Colônia Orleans. Era filho de Cristian e Mariana Gregulis, viúva de Makiolka. Józef veio para Irati trabalhar na indústria madeireira e aqui casou-se com Edvirges Grocholski, criando 10 filhos e duas sobrinhas, cujos pais haviam falecido. Este é um pequeno trecho da biografia de Józef, um dos fundadores do Clube Polonês.
Seu filho mais velho, João, era casado com Helena; a segunda mais velha, Albina, era casada com Samuel Vink; a terceira, Helena, foi casada com Bobrowski; Emília era casada com André Dziniewicz; Cecília era casada com Estevo Dziniewicz; Lídia era casada com Boleslau Tomczyk; Olga era casada com Oswaldo Gotlieb; Genoveva era solteira; Clara era casada com João Barbosa; e Thadeus era casado com Maria Pessoa. As sobrinhas Lidia e Irene eram casadas com Luis e Boleslau Hessel, respectivamente.
EMPRESÁRIO
Smolka revelou-se um empresário de sucesso no ramo da madeira. Seus feitos neste setor permitiram fazer doações de terras e construir obras importantes para os poloneses e para a cidade. Józef adquiriu uma serraria onde hoje é o Clube Polonês. Neste terreno, construiu sua casa de frente para a atual rua Coronel Grácia que, na época, era a principal entrada da cidade. Ele também doou lotes deste terreno para os filhos e filhas à medida que estes iam casando.
Também adquiriu a serraria na Serra dos Nogueiras, de uma família alemã que estava com dificuldades financeiras, e após recuperar a indústria, esta foi incendiada, mas foi salva da completa derrota. Depois da recuperação, foi ateado fogo novamente, causando outro incêndio que a destruiu completamente.
Józef construiu outra serraria na localidade de Pedra Preta, próximo a Gutierrez, cujo terreno ainda é propriedade dos descendentes.
Ainda hoje existe a represa utilizada no terreno da Pedra Preta e as instalações da serraria principal. No centro de Irati foram desmanchadas logo após seu falecimento na década de 30, restando ainda alguns sinais do pequeno lago que ali existia às margens do rio das Antas.
Józef ainda adquiriu terreno rural de frente para o atual Parque Aquático (estrada para o Camacuã), iniciando no atual DER e indo até o atual CT, onde plantava frutas, verduras e hortaliças. Partes destas terras foram vendidas em vida e o saldo foi loteado após o falecimento de sua esposa, nos anos 1960.
FILANTROPO
Naquela época, as famílias de poloneses viviam unidas, não só para enfrentar as dificuldades com seus bens e sua força de trabalho. Para isto acontecer, doou terreno, madeira e trabalhou para a construção e funcionamento de duas importantes e necessárias instituições: a esola polonesa e a Igreja São Miguel (Igreja dos Poloneses)
A escola fundada por Jozéf Smolka foi muito importante para a jovem cidade de Irati, pois acabaram estudando ali não só filhos de imigrantes poloneses, mas também de outras etnias.
Ele liderou movimento junto à comunidade e ao Consulado da Polônia e construiu Escola Polonesa que virou Centro Cultural e de Fisicultura onde, atualmente, existe o Clube Polonês (SBCI) e, também, criou uma banda (a antiga banda Lyra) para alegrar as festividades do Centro Cultural, onde havia teatro, bailes e esportes.
Józef construiu uma quadra de basquete junto à escola, o que foi importante na comunidade e permitiu trazer este esporte para Irati. Liderou movimento junto às autoridades eclesiásticas em Curitiba e construiu a Igreja São Miguel. Neste caso, o terreno que Józef Smolka doou era onde foi construído o antigo Hospital de Caridade São Vicente de Paulo, no alto da Rua 15 de Novembro.
O falecimento de seu filho mais velho, João, em 1933, fez com que sua saúde se debilitasse, e Józef Smolka veio a falecer em 1934, aos 52 anos. Seu filho mais novo, Thadeus, tinha na época 9 anos de idade.
OUTROS DADOS
Registros sobre Józef Smolka foram relatadas em obras literárias editadas na Polônia em 1966 pelo Dr. Apoloniusz Zarytcha, formado em Topografia e História pelas Universidades de Varsóvia e Jagiellonica, de Cracóvia. Foi Ministro de Relações Exteriores da Polônia. Em 1922, esteve no Brasil, enviado pelo governo Polonês, para trabalhar na organização das escolas polonesas no Paraná. E foi a Sociedade “WOLNOSC”, na cidade de Irati o seu primeiro campo de trabalho onde lecionou por dois anos Geografia e História da Polônia. O apogeu da vida cultural polonesa nesta Sociedade na década de 20 encontramos em suas memórias editadas na Polônia sob o título “Na Escola e na Selva”, Varsóvia, 1966.
Em 1972, Apoloniusz publicou pela Academia Polonesa de Ciências – PAN, do qual era membro efetivo e professor catedrático do Departamento de Geografia, o livro “Compêndio Topográfico e Geográfico Sobre o Brasil”, onde relatava feitos de Józef.
“Józef Smolka, filho de imigrantes da região da Silésia; era de estatura alta, elegante, calmo, sempre com um sorriso discreto. Cidadão de posses, dono de um grande patrimônio, proprietária da Serraria a Vapor ‘Pedra Preta’.
A obrigação do presidente da sociedade Liberdade (WOLNOSC), foi entendida da seguinte forma: não somente deu o terreno para a construção da escola como também cedeu seus operários, pagando os mesmos e trabalhou com eles nesta construção. Smolka entendia bem de construções em madeira (Carpintaria). Os demais colaboradores da Sociedade Polonesa da época e agricultores também ajudaram dentro de suas possibilidades, fazendo deste trabalho justo, de forma igual, pensando no futuro de seus filhos que ali iriam estudar”, escreveu.
No livro “Entre os Pioneiros Poloneses nos Continentes” (1927), de Kazimierz Gluchowski, um trecho relata a importante obra da imigração polonesa no Paraná. “A nova Sociedade "LIBERDADE" na cidadezinha de Irati, existe graças ao incentivo e doações do cidadão Józef Smolka (proprietário de serraria); é um belo edifício, a mais bela Sociedade (Clube), das que conheci no interior do Paraná, cedendo apenas para a Sociedade ‘Junak’ de Curitiba", conta o livro
Smolka faleceu no dia 23 de outubro de 1934. Na ocasião, a banda de Lyra participou do funeral, homenageando o grande líder que impulsionou a Sociedade. Sua morte precoce o privou de receber em vida uma menção honrosa, por merecimento, oferecida pelo Governo Polonês em 1935. Era a Cruz de Prata, que foi entregue posteriormente em cerimônia especial e recebida por sua esposa.