A contadora Luciane Pavelski respondeu algumas perguntas que preparamos que podem ajudar a entender melhor o quanto essa oscilação da moeda americana impacta dentro da nossa realidade.
Cris Pavelski
Pergunta: Como a alta do dólar afeta o preço das coisas no supermercado, como arroz, óleo e carne?Luciane Pavelski : O aumento do dólar tem impacto direto nos preços dos produtos essenciais no Brasil, pois apesar da moeda do Brasil ser o real, praticamente quase tudo que é comercializado por aqui tem uma parcela de dólar envolvida. O trigo do pãozinho é importado, o que significa que o produtor tem que comprar a matéria-prima em dólar. Se de um mês para o outro o dólar passou de R$ 5,80 para R$ 6,20, essa diferença de preço vai ser repassada para o consumidor final. Essa lógica funciona para muitos alimentos, inclusive os que são produzidos no Brasil, neste caso, fica mais interessante para os produtores exportarem. Há uma previsão de que os preços dos alimentos deverão subir mais de 7% em 2025 e as carnes devem subir até 16,1%.
Pergunta: Se eu sou uma dona de casa e tenho que controlar o orçamento da minha família, o que posso fazer para lidar com os aumentos de preço causados pela alta do dólar?
Luciane Pavelski : Uma maneira de controlar o orçamento é evitar a compra de produtos que estejam diretamente ligados a alta do dólar, procurando substituir por outros que sejam totalmente produzidos no Brasil.
Pergunta : O que um pequeno empresário, como o dono de uma borracharia, pode fazer para enfrentar a alta do dólar e a crise econômica? O preço das peças e materiais tende a subir, certo?
Luciane Pavelski: Vários insumos, peças e materiais sofrerão aumento sim, o pequeno empresário deve procurar não manter grandes estoques, trabalhar com o necessário, evitar dividas, procurar manter um capital de giro para eventuais emergências.
Pergunta: Se um comerciante tem dívidas em dólar, como ele pode lidar com isso sem comprometer ainda mais seu negócio?
Luciane Pavelski: A disparada do dólar, impulsionada pela alta dos juros, afeta sim as empresas brasileiras que possuem dívidas em dólar, essa vulnerabilidade atinge setores como aviação, varejo e imóveis. Essas empresas precisam contratar a ajuda de um profissional da área financeira para analisar e tentar reestruturar essas dívidas.
Pergunta: Eu sou dono de um pequeno negócio, e preciso importar produtos. Como a alta do dólar vai impactar o preço dos produtos que vendo?
Luciane Pavelski: Os produtos adquiridos terão um custo maior e infelizmente a solução para a maioria dos empresários é repassar esse custo para o consumidor final, que em todos os aspectos será o que mais será prejudicado pela alta do dólar.
Pergunta: A alta do dólar vai afetar a quantidade de impostos que as empresas precisam pagar? Isso pode acabar fazendo os preços subirem ainda mais?
Luciane Pavelski : Aumentará o custo dos produtos, o que certamente irá fazer os preços subirem. A quantidade de impostos não irá aumentar, podem sim ficar mais altos pois tem como base o valor da receita mensal.
Pergunta: No caso de uma crise econômica, o que uma pessoa simples deve fazer para se preparar e proteger seu dinheiro? O que eu, como dona de casa, deveria saber?
Luciane Pavelski: Como os alimentos são os itens que irão mais aumentar de preço, procurar substituir, pesquisar e economizar, evitando gastos desnecessários e compras parceladas quando essas incidirem juros altos. E com o dinheiro guardado evitar a poupança pois o rendimento é inferior a inflação, procurar fazer aplicações seguras que tenham como base a Selic.
Pergunta: Como os pequenos negócios podem se proteger das mudanças de preços por causa da instabilidade do dólar e da crise?
Luciane Pavelski: As empresas precisam reduzir custos e tentar evitar gastos desnecessários, evitar empréstimos bancários, e sempre contar com um bom profissional na área contábil para acompanhar e orientar.
Pergunta: Se eu precisar fazer um empréstimo agora, a alta do dólar vai tornar isso mais caro?
Luciane Pavelski: Sim, pois a alta do dólar implica na alta da inflação e também da taxa Selic, como a maioria dos empréstimos bancários tem como base a taxa Selic, vai se tornar mais caro e devem ser evitados.
Pergunta: Você vê algum jeito de empresas pequenas conseguirem pagar menos impostos ou ajustar suas finanças durante a crise?
Luciane Pavelski: Os impostos estão diretamente ligados a receita da empresa, dessa forma uma maneira de economizar nos impostos é manter sua contabilidade em dia e fazer junto com seu contador um planejamento tributário para que possa avaliar qual tributação (Simples, Presumido ou Lucro Real) é melhor para a sua empresa.
Pergunta: Se eu tenho um dinheiro guardado na poupança é possível que aconteça igual ao que houve no governo Collor?
Luciane Pavelski: Não tem como prever na minha opinião. Mas existem outras aplicações seguras que são muito mais rentáveis que a poupança, é válido procurar o gerente do banco para que ele mostre as opções de aplicações e investimentos seguros que o banco disponibiliza e que seja adequado ao perfil do cliente.
Luciane Pavelski
Bacharel em Ciências Contábeis – UNICENTRO
Contadora/proprietária- LUCRA INTELIGÊNCIA CONTÁBIL
Diretora Tesoureira e Patrimônio-ACIAI
Diretora Tesoureira e Patrimônio – CACESUL