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As campanhas do Maio Laranja já se encerraram, mas o combate ao abuso e a exploração sexual continuam

Karina Ludvichak

18 de maio é o Dia Nacional de Combate ao Abuso e a Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, por isso, em todo o país, são realizadas ações em alusão ao “Maio Laranja” e a campanha “Faça Bonito”, que busca conscientizar e orientar a população sobre a importância de combater todos os tipos de violência e abuso, além de incentivar a denúncia desses crimes.
Irati, Guamiranga, Fernandes Pinheiro, e muitos outros municípios da região realizaram no decorrer do mês de maio uma série de ações educativas junto aos alunos da rede municipal e estadual de ensino. Além das campanhas do Maio Laranja, as Secretarias de Assistência Social realizam ao longo de todo ano diversas ações para combater os crimes de abuso e violência contra crianças e adolescentes.
Algo que não passou despercebido pela rede de proteção foi o aumento nos casos registrados. Sybil Dietrich, secretária de Assistência Social de Irati, explica que nos últimos anos, houve um aumento acentuado nos casos registrados nos órgãos de proteção do município, mas que não se sabe ao certo se o que de fato aumentaram foram os casos ou as denúncias.
A secretária comenta, ainda, que a rede de proteção atua fortemente nessa questão, buscando manter o diálogo e criar uma relação de confiança, para que as vítimas e a sociedade se sintam encorajados a denunciar. “Nós promovemos diversas atividades informativas, passando os canais de denúncias, conversando com nossas crianças e adolescentes, compartilhando informações com os professores, com os profissionais da saúde, além da assistência social. Desta forma, as pessoas sabem que podem denunciar e as crianças e adolescentes se sente mais acolhidos”, finaliza Sybil.
Em Irati, no ano de 2020, foram registrados 505 casos de violência contra crianças e adolescentes. Já em 2021, foram registrados 567 casos, 62 a mais do que o ano anterior. Em 2022, os casos registrados aumentaram em 130, totalizando 697 denúncias dos diversos tipos de violências. Até o mês de maio desde ano, o CREAS registrou 83 novos casos, o que totaliza 283 tipos de violação envolvendo casos ativos de anos anteriores que continuaram sendo acompanhados.
Em Inácio Martins, entre 1º de janeiro de 2020 a 31 de dezembro de 2022, foram registrados 469 casos de violência contra crianças e adolescentes. Os casos não estão especificados por categorias.
Segundo a psicóloga de e coordenadora do CREAs de Imbituva, Amanda Musial, mesmo com as leis criadas, as orientações, palestras e debates sobre o tema, “as violências continuam fazendo de nossas crianças e adolescentes vítimas indefesas”. No município, de janeiro a março deste ano, já foram registrados 21 casos de violência física e sexual. “Esse são os casos que foram notificados e encaminhados ao serviço, pois temos consciência que nem todas as situações chegam ao conhecimento dos órgãos competentes para que as medidas sejam tomadas e o registro seja feito”, complementa Amanda.
Ghessi Buco, 1ª dama e secretária da Assistência Social de Rio Azul, explica que com a instituição da Rede Municipal de Apoio, Proteção e Enfrentamento às Violências por meio do decreto 65.2023, o município demonstra um compromisso sólido com a proteção das crianças e adolescentes contra a exploração e o abuso. “Essa iniciativa representa um marco importante na promoção de políticas públicas voltadas para o combate às violências e na construção de uma comunidade mais segura e consciente. “Nós fazemos o nosso trabalho de prevenção para que isso não aconteça e é importante que a sociedade também se responsabilize por isso, pois somos todos responsáveis por nossas crianças”, esclarece a secretária.
Em Fernandes Pinheiro, de 1ª de janeiro de 2020 a 31 de dezembro de 2022, foram registrados 394 casos, não especificados. Já Teixeira Soares realizou uma pesquisa nas instituições de ensino da rede estadual, onde os dados foram coletados por preenchimento voluntário e anônimo, através de um questionário de múltipla escolha que foi entregue ao fim de uma palestra realizada em alusão ao dia 18 de maio.
A Secretaria de Assistência Social de Teixeira Soares, explica que alguns questionários não eram preenchidos com tipo de violência sofrida, mas que no espaço que havia para comunicação, era relatado que criança ou adolescente havia sofrido a violência. Ao fim da pesquisa, dos 716 formulários entregues e 347 alunos da rede estadual afirmam que já sofreram algum tipo de violência.
COMO IDENTIFICAR
Danyela Braganhol, psicóloga na atenção psicossocial do CAPS de Irati, explica que é necessário observar alguns sinais para identificar quando a criança ou adolescente estão sendo vítimas de algum tipo de violência, pois “elas apresentam alterações de comportamento e também de marcas de agressões”, observa.
Mudanças que devem ser observadas: alteração de humor, como, por exemplo, “uma criança que era muito comunicativa, pode passar a ficar mais quieta, chorosa ou agressiva sem motivo aparente. Também podem ocorrer regressões em alguns comportamentos, como voltar a fazer xixi na cama, ou chupar o dedo. Além disso, podem acontecer mudanças nos hábitos alimentares, a criança ou adolescente pode passar a comer mais ou menos que o comum, ter alterações no sono e na forma de se vestir, bem como diminuição do rendimento escolar”, observa a psicóloga.
A profissional esclarece que o papel do psicólogo é acolher a vítima e seus familiares, e trabalhar o fortalecimento de vínculo entre eles, além de auxiliar no processo de enfrentamento da violência sofrida. Isso é feito “utilizando técnicas que possam ajudar na regulação emocional”, explica. Se os familiares não puderem oferecer e garantir a segurança necessária do menor, os órgãos competentes tomam as providências cabíveis ao caso.
“É importante lembrar que existe uma rede de proteção com equipamentos voltados para a proteção de crianças e adolescentes contra o abuso e exploração sexual. E as pessoas devem se conscientizar e denunciar qualquer tipo ou suspeita de violência”, finaliza Danyela.
DENÚNCIA
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania orienta e incentiva a denuncia de casos de violência praticados contra crianças e adolescentes, mesmo que se trate apenas de uma suspeita. A denúncia pode ser feita, de forma anônima nos canais: disque 100 (Disque Direitos Humanos) 190 (Polícia Militar) e 127 (Ministério Público). Outro órgão essencial que pode ser procurado é o Conselho Tutelar.
Todo dia é dia de denunciar, a sua denúncia pode salvar uma vida!

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