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O tempo desfavorável nos principais Estados produtores de trigo do Brasil, Paraná e Rio Grande do Sul, têm prejudicado as lavouras na reta final de plantio e, em alguns casos, as perdas já são consideradas “irreversíveis”, segundo especialistas.

Uma eventual colheita menor ante a esperada poderia exercer ainda mais pressão sobre o mercado brasileiro de trigo, que já depende de importações para atender a demanda doméstica e tem registrado nesta entressafra preços acima de mil reais a tonelada, uma alta de mais de 50 por cento ante 2017.

Alguns casos já foram considerados irreversíveis na colheita do trigo no Sul do Brasil. Foto: Reprodução

Em seu mais recente relatório, a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) estimou uma produção de 4,9 milhões de toneladas em 2018, alta de cerca de 15 por cento frente ao ano passado, mas a colheita ainda levará algumas semanas para chegar ao mercado.

Uma forte estiagem no Paraná e o excesso de umidade no Rio Grande do Sul, contudo, ameaçam essas previsões.

Em território paranaense, as principais áreas produtoras estão praticamente sem uma gota d’água há semanas. Na porção oeste, por exemplo, as chuvas ficaram cerca de 50 milímetros abaixo do esperado nos últimos 30 dias, segundo o Thomson Reuters Agriculture Weather Dashboard.

O agrometeorologista Marco Antonio dos Santos, da Rural Clima, destacou que as precipitações até devem retornar ao Paraná na próxima semana, mas como serão “de baixa intensidade e de curta duração, as condições se manterão desfavoráveis ao desenvolvimento das lavouras de trigo (no Estado), onde as perdas já são irreversíveis”.

A consultoria T&F Agroeconômica, por sua vez, ressaltou que “houve uma deterioração muito grande nos últimos dias, com o prolongamento das altas temperaturas e a falta de chuvas”.

Com efeito, o Departamento de Economia Rural (Deral) recentemente disse que o tempo seco estava comprometendo a qualidade da safra.

Na véspera, o órgão vinculado à Secretaria de Agricultura do Estado cortou sua estimativa de produção em 2018 para 3,12 milhões de toneladas, de 3,36 milhões anteriormente, ainda assim um volume 40 por cento superior na comparação com a safra passada, marcada por diversos problemas climáticos.

ÁGUA DEMAIS

No Rio Grande do Sul, a situação é a oposta do Paraná. A consultoria INTL FCStone afirmou que os produtores gaúchos, cujas lavouras já estão em estágio de desenvolvimento vegetativo, têm sofrido com “chuvas abundantes” e 19 geadas desde o início de julho.

“No entanto, como boa parte das geadas foram fracas ou moderadas, as temperaturas não baixaram para além de 0 grau Celsius e não se esperam grandes danos causados pelo frio… A maior preocupação tem sido o alto nível de umidade dos solos, o que tem aumentado o risco de proliferação de fungos e pragas”, alertou, em nota.

O Thomson Reuters Agriculture Weather Dashboard aponta precipitações acima da média em partes das áreas produtoras do Rio Grande do Sul nos últimos 30 dias.

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