Sthefany Brandalise
A Associação Menonita de Assistência Social (AMAS) de Teixeira Soares realizou, ao longo de quatro semanas, o Percurso de Artes Urbanas, projeto que envolveu crianças e adolescentes em oficinas de dança hip-hop e grafite. As atividades contaram com a participação especial do artista Edson José Malinoski, o Fox, e do professor Diego, da Jocum (Jovens Com Uma Missão), de Almirante Tamandaré. As ações aconteceram na sede da instituição, com o objetivo de valorizar a arte urbana como forma de expressão, inclusão social e descoberta de talentos entre os jovens atendidos.
O evento teve início com oficinas de dança conduzidas pelo professor Diego, que apresentaram a cultura do hip-hop e culminaram em uma emocionante apresentação de danças de rua. Já nas semanas seguintes, o destaque ficou por conta do artista Fox Malinoski, que ministrou workshops e guiou os participantes na criação de um mural coletivo. Nascido em Irati, mas com fortes laços com Teixeira Soares, Fox foi aluno e educador da instituição quando ainda era conhecida como Obra Missionária. Agora, retorna como artista consagrado para inspirar e transformar, levando sua arte vibrante — marcada por elementos da fauna brasileira e cores tropicais — às paredes do AMAS.


“Nós trabalhamos com percursos, que são temas do dia-a-dia, e um deles é artes urbanas. Tivemos aqui um dançarino que nos ensinou sobre a cultura do hip-hop. E essa semana nós trabalhamos sobre as obras do artista Fox, que trabalhou toda a parte de pintura com os alunos. Desde que começamos esse percurso nós estávamos procurando um artista que fosse de renome. E aí alguém nos falou do Fox, porque ele é de Irati e viveu aqui em Teixeira Soares, além de já ter sido voluntário do AMAS quando era criança. Então a gente entrou em contato com ele e foi aceita a proposta de fazer esse trabalho”, contou Marcos Roberto de Assis, coordenador do projeto.
Para Marcos, mais do que embelezar o espaço, o trabalho teve um impacto significativo para os alunos. “A importância é saber que ele está deixando a marca no nosso mural. O fato de cada aluno participar disso traz uma riqueza para eles. E a ideia é estimular um pouquinho isso, vai que uma criança também desenvolve seus traços aqui e acaba seguindo essa carreira artística”.
O artista José Malinoski, mais conhecido como Fox nasceu em Irati, morou e cresceu em Teixeira Soares, foi aluno e educador do Amas, que na época era Obra Missionária. Fox se transformou um em quem é hoje a cada nova pincelada que dedicava para sua arte. Mesmo de longe, e em meio a outras obras, é possível identificar um mural ou pintura feita por Fox. Com um traço único, ele mescla as cores à técnica para transmitir uma mensagem em cada um de seus trabalhos. É característico do artista fazer dos animais da fauna brasileira os protagonistas, um dos motivos é a sua paixão por expressar a brasilidade em todos os lugares que leva sua arte.
Fox enxerga sua arte como um conflito com a escuridão que pode representar diversos contextos, como a escuridão física de lugares esquecidos que são revividos com a pintura, a escuridão emocional ou espiritual, que se manifesta de forma invisível nas pessoas. Fox participou de muitos trabalhos sociais envolvendo escolas, organizações não governamentais e centros terapêuticos levando sua mensagem através da arte.


O artista Fox, conhecido por seu traço singular que combina brasilidade e crítica social, vê nesse tipo de ação uma oportunidade de inspiração. “Esse trabalho é uma baita referência para os futuros artistas. No meu tempo eu não tinha nenhuma referência, a única coisa que eu tinha acesso era as revistas. Depois vem as coisas mais secundárias, que é trazer beleza para a cidade, trazer um ponto de referência da arte. Eu acho que isso mexe no interior dos alunos e faz com que as crianças e adolescentes se autoconheçam e descubram se eles realmente têm esse gosto pela arte, esse dom da arte”, afirma.
Sobre o processo criativo, Fox explica que “para realizar esse trabalho eu puxei um pouco para o meu traço, onde eu trago muita brasilidade. Eu trabalho com animais e natureza tropical. Eu trouxe um pouco do meu estilo para eles entenderem como que eu trabalho, para ter mais conceito e autoridade nesse assunto”.
Segundo Fox, sua trajetória também inspira liberdade e autenticidade. “Eu comecei com essa sede de querer trabalhar com algo livre. É como se fosse um despertamento, uma vontade de querer desenhar. Depois eu descobri que eu não conseguiria trabalhar preso num local só. Que o trabalho ideal para mim seria a arte livre, onde eu poderia ir e vir e viajar para onde eu quisesse trabalhando e ainda sendo sustentado por essa profissão tão boa de exercer”, comenta.
A coordenadora pedagógica, Vilma Ribeiro, reforça que o projeto buscou transformar a visão dos alunos sobre a arte urbana. “A gente tem dentro do serviço de convivência os percursos. Então, cada mês a gente tem que pensar em algo para trazer para eles. E a gente sempre busca algo atrativo, algo que eles vão entrar de cabeça. Foi aí que eu e a psicóloga Suelen sentamos e começamos a montar o percurso relacionado à arte urbana, para eles entenderem que a arte urbana não é sair pichando parede, não tem nada a ver com droga. Então a gente realizou com eles uma semana toda de dança, hip-hop e para fechar o nosso percurso da arte urbana pensamos no o grafite. E a gente lembrou do Fox, para fazer esse trabalho. Ele ficou muito interessado e veio pintar esse mural com eles”.
“A gente sempre busca inovar, trazer temas relacionados com eles, que vai ser atrativo, que eles vão conseguir participar. Então a gente sempre busca fazer a roda de conversa e ter momentos práticos”, complementa Vilma.


Os alunos participantes também compartilharam suas impressões. Emanueli Machado Nascimento comentou: “eu achei muito legal, porque eu tenho interesse em artes. Eu adorei o trabalho do Fox porque eu gosto bastante de desenhos coloridos, por mais que eu não consiga fazer. Eu achei muito interessante o jeito que ele mostra a arte dele, eu não vou me esquecer desse trabalho”, afirma.
Já Rodrigo Junior revelou que a experiência teve um grande impacto em sua visão sobre o grafite. “Foi a melhor coisa para mim, é uma fonte de inspiração. E eu gosto de fazer grafite no papel. Então, para mim, foi muito inspirador conhecer o Fox, aprendi muita coisa que eu não sabia. Aprendi que o grafite não é só pichar, tem um sentimento através da arte. Então, para mim, foi uma coisa muito legal”, finaliza.
O Amas agradece a doção de tintas da Loja de tintas- Atacadão das Tintas do Emerson Farago, para o trabalho realizado! E também o trabalho incrível da Laura Mehiel Fotografia, pelas lindas fotos.