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Trabalho conjunto é o melhor caminho nesse encontro de diferentes gerações

Por ASN PR

A sucessão familiar é sempre debatida nas organizações. Em que momento ela deve acontecer, o formato, a preparação de quem assumirá os negócios e a participação de todos no processo são apenas algumas dúvidas que fazem parte do dia a dia dos empreendedores. Planejamento e muito diálogo são palavras essenciais em toda a jornada.

Por isso, para a consultora do Sebrae/PR, Jocelei Fiorentin, investir em boas práticas de gestão e na construção de planos sucessórios é fator preponderante.

“Com o planejamento da sucessão, o empreendedor preserva seus familiares de futuras dificuldades e mantém a credibilidade da empresa. Avaliar as alternativas que se apresentam, sendo um herdeiro ou executivo de fora, conduzir tudo de forma profissional diminui o risco da descontinuidade do negócio”, avalia a consultora.

Segundo Jocelei, é importante também que a família esteja voltada a um propósito comum neste momento.

“Tem que existir a separação da emoção e da razão, planejar de forma profissional o presente e o futuro do negócio. É preciso encontrar pontos comuns em que as ideias de diferentes gerações se encaixem através do diálogo. Só assim será possível construir uma sucessão mais sólida e segura”, explica Jocelei.

Lado a lado

Em Francisco Beltrão, sudoeste do Paraná, Natália Bertol Michelin, de 23 anos, desde 2020 trabalha na empresa da família na área de cosméticos. A sucessão acontece aos poucos e com responsabilidades.

“Nesse processo, eu conto muito com a ajuda da minha mãe. Aqui, a gente vem trabalhando a gestão do negócio ombro a ombro, no mesmo nível de funções. Hoje, eu cuido de algumas áreas na empresa, entre elas a comercial. Procuramos sempre trocar muitas ideias na tomada de decisões. Essa segurança em decidir é algo que venho desenvolvendo com a ajuda dela”, conta.

Natália destaca que conseguiu conquistar mais autonomia na empresa, mas que as conversas com a mãe são importantes na construção do seu próprio caminho.

“A gente sempre faz reuniões durante a semana para alinharmos o que precisa ser feito. Ela é muito aberta a novidades, então isso facilita. Por mais que eu tenha autonomia, ainda gosto de ouvir o que ela pensa. Acho que isso traz confiança para os dois lados, ajuda no crescimento de cada uma e também no da empresa”, pontua a jovem.

Tamara ao lado da filha, Natália. Processo de sucessão está acontecendo com muito diálogo e decisões conjuntas – Foto: Thainan Moschei

Conhecimento é fundamental

Mãe de Natália, Tamara Bertol Michelin, entende que a experiência e o conhecimento acadêmico são pilares fundamentais na sucessão.

“Vejo que se complementam. Existem coisas que aprendi nesses 21 anos à frente do negócio. Por outro lado, entendo que esse conhecimento acadêmico também traz visões diferentes, mas importantes para a empresa. Acima de tudo, nesse processo, compreendo que é fundamental entendermos que a empresa está acima de tudo”, comenta Tamara.

Para a empresária, neste processo de sucessão, o aperfeiçoamento profissional e os desafios na prática ajudam na construção de quem está chegando.

“Faço questão que ela tenha responsabilidades, que tenha autonomia e que enxergue problemas e como resolvê-los. Além disso, a gente cobra muito o desenvolvimento profissional através da educação, de cursos de aperfeiçoamento, porque isso fará diferença para ela e para a continuidade dos negócios”, completa Tamara.

Processo exige paciência

Em Irati, Ana Paula Ivasko, de 24 anos, desde 2021, trabalha com os pais no ramo de supermercados. Antes de entrar definitivamente nos negócios da família, a jovem teve que cumprir alguns requisitos.

“Tive que concluir meu estágio, me formar, ocupar um cargo de gestão em outra empresa e depois regressar. Foi aí que voltei para Irati e comecei a trabalhar com eles. Hoje, vejo o quanto isso foi importante para o meu crescimento profissional e na forma como eu vejo a empresa”, explica Ana.

Para ela, esse processo de transição não é simples e exige paciência de ambas as partes.

“Às vezes não é fácil separar pai e mãe dos gestores, as cobranças também são maiores. O caminho é perguntar, perguntar, até cessar as dúvidas e fortalecer a confiança, que nem sempre é fácil, afinal tenho metade da idade deles e 3% da experiência. Gosto de olhar para cada setor e ver como cada gerente toma suas decisões. Vejo que isso também ajuda no meu crescimento”, completa Ana.

Ana, ao lado dos pais, Zeka e Edna. Processo exige paciência entre as diferentes gerações – Foto: Ana Schoab

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