Jaqueline Lopes
As sequelas deixadas pela Covid-19 têm afetado a qualidade de vida dos pacientes, que após a cura da doença, precisam continuar os tratamentos para poderem recuperar-se totalmente, pois muitos sintomas continuam e alguns agravam devido à Covid.
São muitas sequelas deixadas pela doença, e em cada paciente pode ser de forma diferente. As mais comuns são respiratória e dispnéia crônica. Além disso, o paciente também pode apresentar problemas neurológicos, em que pode ter AVC, infartos, problemas de coagulopatia, casos de trombose, vasculite, cefaleia, que é a dor de cabeça intensa, sintomas de depressão, náuseas, vômitos, diarréias e tosse seca crônica, entre outros.
Uma pesquisa feita pela Universidade de Leicester, no Reino Unido, mostra que sete em cada dez pacientes hospitalizados por Covid-19 não se recuperam totalmente mesmo depois de cinco meses de alta médica. A Universidade de Leicester analisou cerca de mil pessoas que ficaram internadas entre março e novembro do ano passado.
Doutor João Henrique Sabag Duarte, médico da Santa Casa de Irati, conta que a experiência que tem em relação ao pós-covid é com pacientes que passaram por internação hospitalar. Mas que é preciso que a pessoa procure um especialista já no início, e indica o serviço de fisioterapia, tanto para parte respiratória quanto para a muscular, e tem que ser acompanhando por uma equipe multidisciplinar, com nutricionista, terapeuta ocupacional, psicólogo, etc.
Um dos pacientes que teve sequelas e ainda trata é Luiz Tomal, aposentado, morador de Rio Azul. Ele ficou oito dias internado e já faz tratamento de fisioterapia há um mês, na Secretaria de Saúde do município, que ajuda na respiração. Para ele, o maior problema é no período noturno. “O dia que faço os exercícios, à noite já estou bem mais tranquilo”.
“A minha vida não é mais como era antes da Covid-19”. Luiz Carlos Campos
Já a jovem de Irati, Sara Sarraf, ficou 11 dias internada. Nos primeiros dias depois da alta, Sara conta que era difícil falar ou levantar da cama e ir até a sala, por exemplo, sem ficar ofegante. Tudo cansava. “Brinquei que eu parecia uma senhora de 80 anos. Agora, parece que cheguei aos 60. Espero voltar aos 30 em breve. A recuperação é bem lenta. Ainda tenho dificuldade para me abaixar sem ter tontura”, comenta. Logo após a alta, ela iniciou a fisioterapia para recuperar a capacidade dos pulmões e também das articulações e músculos, pois sentia dores. Sara também toma anticoagulante e remédio para controlar a frequência cardíaca.
A médica de Rio Azul, Nilma Moncalvao de Sousa, comenta que é comum os pacientes sentirem falta de ar com pequenos esforços, por isso é necessária a fisioterapia. “Às vezes, com três ou quatro sessões o paciente aprende os exercícios e continuam a fazê-los em casa. No município a gente faz uma avaliação, esses pacientes a gente pode atender via ambulatorial, com os pacientes mais críticos, a gente vai até a casa”.
A fisioterapeuta Tatiane Marques Faber Marcondes, explica como faz o tratamento dos pacientes que tratam as sequelas da Covid. “É muito específico para cada paciente. A gente procura fazer exercícios, inicialmente, leves e conforme o paciente evolui colocamos mais resistência, mas são exercícios respiratórios simples, que podem ser feitos em casa”. Tatiane ressalta que a pessoa precisa passar por uma avaliação e ser acompanhada pelo especialista para saber a forma correta dos exercícios e ver a evolução para depois dar a alta.
O aposentado João Heurku, morador de Rio Azul, é um dos pacientes que faz tratamento de fisioterapia. Ele não ficou internado, porém em casa esteve na cama por 12 dias. E conta que, após o período de isolamento, sentiu dor no peito, tontura, fraqueza e falta de ar.
“Faço exercícios para respiração e dor no peito, estou melhorando, sinto uma diferença. Mas não é fácil, é uma doença muito triste, a gente se desespera, quase entra em depressão, parece mexer com a cabeça. Consigo vir fazer os exercícios, estou me recuperando”, disse.
O primeiro paciente a receber alta da Santa Casa de Irati, que ficou 26 dias internado, Luiz Carlos Campos, 64 anos, teve muitas sequelas. Ficou cerca de 15 dias na cadeira de rodas e não conseguia andar, tinha dores, teve problema no estômago, no intestino e precisou fazer vários exercícios para se recuperar, e depois de sete meses que saiu do hospital, ainda faz o tratamento, mas agora em casa. “A minha vida não é mais como era antes da covid”, comenta Campos.
Outra sequela muito comum nos pacientes é a perda do paladar e olfato, que é uma das mais leves, e também pode ser tratada de acordo com a Dra. Nilma. “O paciente mesmo pode buscar uma solução para esse problema. Ele pode acessar o YouTube, e ver vídeos de como recuperar estes dois sentidos, que são exercícios simples e pode ser feitoem casa”.
A médica ainda enfatiza que é necessário entender cada paciente, pois cada um é afetado de forma diferente, e que se o paciente for fazer em casa os exercícios precisa respeitar o tempo, e não exagerar, pois na ânsia de terminar rápido pode piorar o quadro.