Acusado por incêndio que matou casal de idosos em Ivaí é absolvido

Após um ano e quatro meses preso, homem de 41 anos é inocentado, com defesa apontando divergências nas provas do caso que comoveu a região

Sthefany Brandalise

Na última sexta-feira (27), o acusado de provocar um incêndio que, em julho de 2023, resultou na morte de um casal de idosos no município de Ivaí, na localidade de Cachoeira, foi absolvido, tendo como defesa, o advogado criminalista Robson Haido, OAB/PR 71.750. O incêndio causou comoção na região e levou à prisão preventiva do suspeito, que, após passar um ano e quatro meses preso, foi declarado inocente.

Segundo Haido, a defesa foi acionada logo após o início das investigações, e, ao revisar as provas, identificou divergências que levantavam dúvidas sobre a culpabilidade do acusado. “O desfecho de um caso que repercutiu muito na região, um caso de 2023, do mês de julho daquele ano, onde um incêndio de grandes proporções acabou tirando a vida de um casal de idosos no município de Ivaí, lá na localidade de Cachoeira. Na época esse mesmo veículo de comunicação reportou todo o ocorrido, inclusive noticiou a prisão de um homem de 41 anos, que a época dos fatos se apresentou diante das investigações como o principal suspeito da autoria do fogo, que infelizmente vitimou esse casal de idosos. Nós fomos acionados para atuar na defesa desse acusado, tivemos acesso a toda a investigação, as provas produzidas e desde então já pudemos perceber que alguns pontos estavam bem divergentes e que poderia ser esse acusado inocente dessas acusações”, disse.

O caso ganhou grande repercussão na época devido à tragédia familiar. O incêndio vitimou João Eugênio Padilha, de 74 anos, e Maria Fernandes Padilha, de 78 anos.  “Nós entendemos que ocorreu um delito grave, onde perderam-se duas vidas, a gente deseja sentimento às famílias, porém, nós não podemos permitir que um inocente, uma pessoa que não tem nada a ver, seja culpada e fique anos e anos na cadeia pagando por uma coisa que ele não fez. Então, nós assumimos o processo e ao longo da instrução processual nós podemos identificar vários pontos, vários aspectos que nos levaram a crer e defendemos isso desde o início da inocência desse suspeito. O processo seguiu em trâmite, tiveram recursos e foi marcada a sessão de julgamento que aconteceu na última sexta-feira, onde nós pudemos, mais uma vez, fazer um reexame das provas, colocar para os jurados tudo aquilo que foi produzido na instrução processual, tivemos os debates e ficou reconhecida a inocência”, diz o advogado.

Agora, após a absolvição, o advogado ressalta que, embora o crime tenha sido grave e as perdas irreparáveis, é fundamental garantir que a pessoa correta seja responsabilizada. “Ele ficou um ano e quatro meses na cadeia, ficou preso e encarcerado e, com esse decreto absolutório, ele saiu pela porta da frente do fórum da comarca de Imbituva. Nós entendemos que é um delito grave, que merece ser investigado, que merece ser esclarecido, o culpado merece ser condenado e ser punido no rigor da lei, mas nós conseguimos provar que o autor, que é a pessoa que merece ser punida, que merece receber a penalidade máxima de prisão, não era o acusado, não era o suspeito que estava sendo processado e isso foi reconhecido e ele foi absolvido”, diz.

“Nós seguimos a disposição para demais esclarecimentos, agradecemos à redação desse veículo de comunicação que tem um grande alcance regional e até no nível de estado do Paraná, a gente segue sempre à disposição para passar as informações que julgarem necessárias”, finaliza Haido.

Confira a fala do advogado:

RELEMBRE O CASO

A Polícia Civil do Paraná, por intermédio da Delegacia de Imbituva, prendeu na manhã da segunda (17/07/2023), um homem de 41 anos suspeito de causar o incêndio criminoso que resultou na morte de um casal de idosos na região de Cachoeira Grande, zona rural da cidade de Ivaí-PR. O crime, que aconteceu no dia 02/07/2023, causou comoção na cidade e chamou a atenção da Polícia Civil pois, momentos após o óbito dos idosos, a família teve mais uma perda. Dois irmãos discutiram por causa do incêndio e um acabou matando o outro. Este homem de 36 anos que matou o irmão também foi preso pela Polícia Civil. O suspeito de causar o incêndio se entregou à polícia civil.

O Delegado responsável pelas investigações Dr. Thiago Andrade, disse: “O suspeito de 41 anos, foi até um local na cidade de Ivaí com a intenção de atear fogo na casa de seu desafeto, contando que estivesse no local. No entanto, o alvo não estava no local. Como as casas (do alvo e deu seus pais idosos) eram bem próximas, quase coladas, o fogo se alastrou e acabou consumindo também a casa dos idosos João Eugênio Padilha, de 74 anos e sua esposa, Maria Fernandes Padilha, de 78 anos, que infelizmente morreram carbonizados no local.

O Delegado Thiago Andrade ainda informou “solicitamos uma perícia no local do incêndio, o laudo confeccionado pelo Instituto de Criminalística é claro e comprova que o incêndio aconteceu por ação humana, ou seja, descarta-se qualquer possibilidade de curto circuito ou outra falha em aparelhos da casa. Foi uma ação criminosa”, diz o Delegado.

“Quando o homem de 36 anos – que seria o alvo, chegou próximo à sua residência e viu o local pegando fogo, percebeu a gravidade e questionou ao seu irmão o que teria acontecido e se teria salvado os pais. O irmão, atribuiu a culpa do incêndio a ele, o que gerou uma discussão áspera entre os dois. A discussão evoluiu para agressões e o suspeito – que seria o alvo do incêndio, acabou matando o próprio irmão”. A vítima, Gabriel Padilha, de 51 anos recebeu diversos golpes de arma branca e chegou a ser socorrido, mas não resistiu. O suspeito confessou, alegando legítima defesa, tese que, inicialmente, é descartada pela Polícia Civil.

Por fim, o Delegado ressaltou: “Um crime trágico. Uma família destruída, pois no mesmo contexto fático, os pais morreram e um irmão matou o outro. A Polícia Civil entrega mais um caso solucionado à população e com a prisão dos responsáveis”.

A prisão preventiva dos dois suspeitos foi representada pela Polícia Civil e foram concedidas pela Justiça. Os presos foram levados para a cadeia pública de Irati e ficarão à disposição da justiça.

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