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Festa uniu gerações em homenagem aos imigrantes italianos que deram origem à comunidade
Rio do Couro celebra 111 anos de fundação com missa, jantar típico e resgate da cultura italiana
Foto: Divulgação

Sthefany Brandalise

No dia 18 de janeiro, a Comunidade do Rio do Couro, em Irati, comemorou com grande entusiasmo os 111 anos de sua fundação. A celebração, que reuniu moradores e visitantes, foi marcada por uma missa especial em italiano na Capela São Sebastião, um jantar com pratos típicos da culinária italiana e momentos de resgate da rica história e cultura dos imigrantes que formaram a comunidade.

Bruno Maneira, uma das lideranças jovens da comunidade do Rio do Couro e envolvido na organização da comemoração, expressou o orgulho e a importância desse evento para a preservação da história da comunidade. “Esse ano a comunidade teve a ideia de fazer esse jantar e essa missa, que foi celebrada e cantada na língua italiana, para ficar registrado para história e também para agradecer aqueles que nos antecederam. É muito importante a gente preservar essa cultura, principalmente o jantar ser servido com polenta branca e polenta amarela, carne de frango ao molho, macarronada e saladas de alface, raditi, tomate e repolho, pois é a comida típica italiana”.

Rio do Couro celebra 111 anos de fundação com missa, jantar típico e resgate da cultura italiana
Foto: Divulgação

O evento também foi marcado pela fundação de uma placa com o nome de todos os imigrantes e descendentes que vieram de Campo Largo e da Itália para fundar a comunidade do Rio do Couro.

Quando questionado sobre o crescimento do resgate cultural na comunidade, Bruno afirmou com convicção que “sim, só que a gente precisa incentivar mais as pessoas, porque essa é uma cultura que está bem esquecida. Nós queremos fazer com que essa cultura seja cada vez mais valorizada, essa comemoração tem a finalidade de fazer renascer e mexer na essência de cada um. Isso é uma coisa muito bonita. Nós também temos um museu que preserva a cultura italiana, para manter viva essa essência dos italianos aqui no Rio do Couro, a comunidade se uniu e nós montamos aquele espaço para preservar essa tradição e os costumes. É uma coisa que vai ficar marcada para a história da nossa comunidade”, finaliza Bruno.

Rio do Couro celebra 111 anos de fundação com missa, jantar típico e resgate da cultura italiana
Foto: Divulgação

O prefeito de Irati, Emiliano Gomes, também se pronunciou sobre a importância do evento, ressaltando o valor de honrar os antepassados. “É muito importante porque a gente nota o quanto valorizar e honrar os ancestrais fortalece a fé, o cooperativismo, a religiosidade e tudo isso está atrelado a tudo que foi feito lá atrás com imigrantes. A gente respeita, valoriza e também honra, é um dia de fortalecimento da cultura”, afirma.

Gomes também enfatizou a importância de todas as etnias, afirmando que “todas as etnias são importantes, nós temos uma missão muito grande e a ideia é fortalecer, sempre estar em contato com quem faz os movimentos culturais e fortalece as etnias, então é uma responsabilidade nossa, nós temos como missão resgatar e manter isso muito vivo”, diz.

Sandro Maneira, presidente da Capela da Comunidade do Rio do Couro e secretário de Viação e Serviços Gerais, falou sobre o evento e a sua relevância para a comunidade. “Hoje eu sou o presidente da capela, mas quero dizer que o mérito dessa festa é todo do Bruno e do Airton Maneira. Eu, como estou na prefeitura, não tive muito tempo de acompanhar, mas dei total liberdade para eles fazerem essa festa. É de extrema importância para as comunidades estar resgatando essas memórias, se divertir e compartilhar esse momento em homenagem aos nossos antepassados. No dia 20 a gente também comemora o dia de São Sebastião, que é o padroeiro da nossa comunidade, e a gente já vinha fazendo algumas comemorações referentes ao padroeiro, mas com essa implantação da festa em memória aos nossos antepassados, em memória à origem italiana”.

Hélio de Melo, presidente da Câmara de Vereadores de Irati e morador da comunidade, falou sobre a importância da comemoração. “É um momento único, aguardado há muito tempo. Eu nasci, me criei aqui nessa comunidade, nesse chão, nesse terreno, brincando em poça d’água, como eu sempre falo. Fiz a minha primeira comunhão nessa igreja, professo minha fé e venho aqui todo domingo. Temos aqui a nossa escola também que fazemos um trabalho levando avante o nome não só do Rio do Couro, mas de toda a comunidade interiorana, mostrando os talentos que o Rio do Coro proporciona. Foi um momento festivo voltado a etnia italiana, uma justa homenagem que reuniu muitas famílias da comunidade e da região de Campo Largo”, comenta.

Rio do Couro celebra 111 anos de fundação com missa, jantar típico e resgate da cultura italiana
Foto: Divulgação

Frei João celebrou a missa em italiano em comemoração ao centenário da comunidade, enfatizando o valor da fé e do trabalho dos imigrantes italianos. “Essa celebração, essa missa, foi uma motivação muito grande para os nossos imigrantes, especialmente para os imigrantes italianos, que contribuíram muito para o desenvolvimento do nosso país. Nós não podemos contar a história de Irati, a história dessa comunidade de Rio do Couro, sem nos referir ao trabalho, ao suor, à fé, ao amor e à dedicação dos italianos nesta região. Então a celebração de hoje foi para dizer, expressar os nossos profundos agradecimentos a todo o trabalho desenvolvido pelos imigrantes italianos nesta região, no sul do Brasil, e especialmente nesta região de Irati, Rio do Coro. Por isso, terminamos a nossa celebração pedindo a Deus as bênçãos, a intercessão divina, por intercessão de São Francisco de Assis, o patrono da Itália e também do povo italiano espalhado no mundo inteiro. O povo italiano sofreu muito aqui, quando veio numa situação, se a gente pensar, há mais de 100 anos atrás, as agruras que eles tiveram que sofrer para que tudo isso prosperasse. E hoje é essa alegria da cultura italiana, que ela, por essência, tem isso que a gente está vendo hoje, essa manifestação da alegria”.

Márcio Seguro, que veio de Campo Largo para participar da festa, compartilhou a importância da fé e da tradição italiana, que continua viva na região. “Essa tradição vem perpetuando nesses últimos anos e é uma alegria para nós ser convidado aqui pela comunidade, através do Bruno, para vir animar essa missa, a gente ficou muito lisonjeado com esse convite. A base de tudo é a fé que a gente herdou dos nossos antepassados, isso é o que traz viva essa memória, essa nossa vontade em manter essa tradição italiana na nossa região. É sempre um trabalho voluntário que o grupo faz, a gente se une e vem”, diz. 

Rio do Couro celebra 111 anos de fundação com missa, jantar típico e resgate da cultura italiana
Foto: Divulgação

Luiz Fernando Camilo, morador da comunidade do Rio do Couro, também falou sobre a importância de preservar a história da comunidade. “A gente fica feliz de ver todo mundo reunido, festejando e sabendo mais da nossa cultura italiana. Aqui no Rio do Couro, através do Bruno, a gente tem um museu, onde ele arrecadou fotos de todas as famílias descendentes de imigrantes, e agora as pessoas podem ir lá e, através de fotos, conhecer os antepassados. A juventude busca suas raízes e está correndo atrás e contribuindo para enriquecer ainda mais a nossa cultura”, comenta.

Rio do Couro celebra 111 anos de fundação com missa, jantar típico e resgate da cultura italiana
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O evento também contou com a presença de Osmar Aggio, autor do livro “A Colônia que Veio do Pó”, que narra a história dos imigrantes italianos na Colônia Campina, em Campo Largo. Osmar contou como a pesquisa histórica sobre seus antepassados o motivou a escrever sobre a formação das colônias italianas no Brasil. “Eu escrevi a história da Colônia Campina, que é uma colônia italiana no interior do Campo Largo. É um livro próprio de história, que conta toda a formação daquela comunidade, desde a saída da Itália até a chegada no Brasil e a formação da Colônia. Metade do livro mais ou menos conta a história desses italianos, e a outra metade conta a genealogia das famílias formadoras e fundadoras das comunidades. Quando eu tinha quase 40 anos de idade eu nem conhecia a colônia onde nasceram meus antepassados, eu ouvia falar que existia, então fui e resgatei essa história. Foi gratificante escrever a história de tantas pessoas, afinal muito vai se perdendo com os anos”, finaliza.

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