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“Antes da Páscoa, com a lua cheia ainda no céu, sem dor física, sem que vocês percebam, eu serei acolhido nos braços de Deus”, relato do sonho de Renato Marochi à família
Renato Malach Marochi: uma longa trajetória de Fé e amor
Foto: Arquivo Pessoal

Tiago Marochi

Nascido em 18 de fevereiro de 1953, na comunidade de Mato Queimado, interior do município de Irati, filho de São Cipriano Marochi e Maria Malach Marochi. Renato é o 5º filho de seis irmãos, Rosa, Angelo, Lídia, Francisco, Renato e Roseli. Em 1964, aos 11 anos, veio com a família para morar na cidade, onde seu pai e irmãos iniciam a S.C. Marochi, Filho & Cia Ltda., indústria de farinha de milho, à qual trabalhou até 1970.

Iniciou seus estudos na Escola Municipal Rural de Mato Queimado, dando continuidade na Escola Estadual Duque de Caxias. Concluiu o ensino fundamental e médio no Colégio Estadual São Vicente de Paulo. Ingressou no Serviço Militar em 1972, no 1° Grupo do 5° Regimento de Obuses na Lapa/PR.

Em 1975, prestou vestibular e foi aprovado na 1ª turma de Letras da Faculdade de Educação, Ciências e Letras de Irati (FECLI), hoje UNICENTRO. Na FECLI os horizontes se ampliam e um mundo de amigos e oportunidades inicia. Na direção, Maria Roza Zanon de Almeida, do professor Osdival Neves Albini e muitos outros, criam-se laços de amizade e respeito, que seriam levados por toda a vida. Em 1976, através da Faculdade, Renato fez estágio na Câmara dos Deputados em Brasília, passando por diversos setores.

A família…

Em 10 de julho de 1976,depois de quatro anos de namoro e noivado, Renato e Carolina se casam na Igreja Matriz de São Miguel, celebração presidida pelo Pe. Vilson Longo e assistida pelo Pe. Ambrósio Iantas (irmão da noiva). Da união do casal, cinco filhos, o primeiro natimorto, carinhosamente chamado de Jonathan do Céu (1977), Tiago (1979), Caren Letícia (1980), Jonathan (1981) e Emanuela (1983). Vieram os netos, Lenna Camila, Tiago, Gabriela, João Guilherme, Anye Caroline, Yasmin, Arthur, Bruna, Maria Clara, Heitor (in memoriam), Lívia Amábile, Tainá e Valentina. E hoje, dois bisnetos Joaquim e Bento.

Renato Marochi é eleito vereador e inicia vida política

Tomou posse em 1983 e, no mesmo ano, integrou a equipe de governo do prefeito Toti Colaço e vice Alfredo Van Der Neut, assumindo a Secretaria de Administração. O ano de 1983 seria marcado por uma das maiores enchentes no Estado do Paraná, deixando mais de 70.000 pessoas desabrigadas. Em Irati não foi diferente, as áreas alagadas atingiram muitas pessoas, principalmente famílias que residiam próximo ao Rio das Antas e entorno. O desafio era gigante, pois muitas casas tinham sido completamente destruídas. Em uma conversa que durou algumas horas, Toti e Renato, decidem reunir a equipe e apresentar uma solução, unir esforços para a construção de novas casas, já que os recursos financeiros eram insuficientes. Neste momento nasceu um projeto revolucionário, Construção de Casas em forma de Mutirão. No terreno que pertencia a Prefeitura, com iniciativa do poder público, ajuda de empresas, igrejas, profissionais voluntários e das pessoas atingidas pelas águas, foram iniciadas as obras, que seriam concluídas em pouquíssimo tempo. Hoje conhecemos como o Bairro Jardim Planalto. Esta iniciativa foi apresentada ao governador José Richa, dando início ao maior projeto de habitação do Estado do Paraná, seguindo os mesmos moldes do município de Irati.

Renato Malach Marochi: uma longa trajetória de Fé e amor
Foto: Arquivo Pessoal

Renato Marochi olhava sempre adiante. No início de 83, nossa região não tinha representatividade como outras regiões do Estado e sugeriu ao prefeito Toti Colaço que reunisse os prefeitos do entorno para uma reunião. Então, é fundada a AMCESPAR (Associação dos Municípios do Centro Sul do Paraná), que teve como primeiro presidente Antonio Toti Colaço Vaz e secretário Renato Malach Marochi. Com apoio do deputado estadual Artagão de Matos Leão e do governador José Richa.

O ano de 1985 levou Renato Marochi ao cenário nacional. Indicado pelo deputado federal Celso Sabóia, assumiu o comando do Senar/PR, que na época pertencia ao Ministério do Trabalho. Nos anos de 86 e 87, o Paraná ocupou o primeiro lugar em número de cursos, qualificação profissional e qualidade de serviços. Escritórios locais e regionais foram instalados no Estado. Projetos como Habitação e Eletrificação Rural se tornaram referência no país. Devido ao reconhecimento, o presidente da República, José Sarney e o ministro do Trabalho Almir Pazzianotto, convidaram Renato para duas reuniões e algumas conferências, que ajudaram a subsidiar as comissões do Congresso, que fizeram parte da Constituição de 1988. Ainda, foi assessor parlamentar da deputada estadual Vera Agibert, durante o ano de 1988.

A área da comunicação…

Era uma de suas paixões. Trabalhou na Rádio Najuá, Rádio Difusora e durante muitos anos o Jornal Folha de Irati, onde era sua segunda casa. Em 1990, junto com seu irmão Francisco, iniciam as atividades da RM Vídeo Produções. Durante 25 anos de empresa familiar, realizou com sua equipe a cobertura de eventos sociais, reportagens, vídeos institucionais e mais de 200 documentários sobre Agricultora e Agroecologia. Apaixonado pela Oratória e Neurolinguísica, foi mentor e instrutor em mais de 2.000 cursos por todo Brasil. Foi professor pelo SENAC, onde centenas de pessoas e empresas receberam ótimos treinamentos nessas áreas.

Renato Malach Marochi: uma longa trajetória de Fé e amor
Foto: Arquivo Pessoal

A Fé e a Igreja

Esta é a passagem mais marcante na vida de Renato Marochi. Na infância, nos anos de catequese, ingressa como “Cruzadinhos de Cristo”, um movimento infantil da Igreja que se ocupava da oração, das boas obras e da adoração de Jesus Eucarístico.

Toda a vida da família de Renato e Carolina foi dedicada ao trabalho missionário. No período de 1993 a 2002, desenvolveu junto com o irmão Francisco Marochi, um intenso trabalho de educação agroecológica e pastoral rural na Diocese de União da Vitória, tendo sido formado mais de 1000 grupos de estudos e reflexão sobre a produção de alimentos sem agrotóxicos. Esse trabalho recebeu apoio do Bispos das Diocese de Ponta Grossa (Dom João Braz de Aviz) e União da Vitória (Dom Walter Ebejer) e de outros Bispos da Regional Sul II da CNBB do Paraná.

Na Diocese de Ponta Grossa, contribuiu com a animação e formação no Movimento de Cursilhos, dos Jovens do TLC, e também na organização e como professor das Escolas de Teologia para Leigos de Irati, Imbituva e Ivaí. Além disso, contribuiu com a formação comunicativa de seminaristas, de agentes de pastorais, de equipes de liturgia e como missionário ad-gentes, participou de duas missões na região amazônica, em 2009 e 2012.

Em 26 de maio de 2013, Renato Marochi e Agostinho Basso, foram ordenados Diáconos Permanentes, sendo incorporados como membros do Clero, para o serviço da Caridade aos mais necessitados. Celebrações de Batismo, Casamentos, Exéquias fizeram parte de sua caminhada. Por alguns anos na UTI Neonatal da Santa Casa de Irati, realizou o batismo de muitas criancinhas, e nessa missão não tinha dia e horário, sempre pronto a servir.

Servir o altar e levar a Eucaristia às pessoas, sempre eram marcadas pelas lágrimas em seu rosto. Nas Adorações ao Santíssimo, lindas palavras brotavam de seus lábios, como verdadeiro instrumento de Deus. Sua caminhada na igreja foi de missão, um verdadeiro missionário de Jesus. Com agenda sempre lotada na formação dos leigos, Renato dedicava-se de domingo a domingo a levar a Boa Nova a todos os seus irmãos.

Renato Marochi nos ensinou a acreditar no ser humano, independente das situações ou circunstâncias.  Era seu lema de vida, “Não podemos deixar para trás nenhuma pessoa”, sempre tratando todos com igualdade e fraternidade. Partiu e repartiu o pão da sua vida e do conhecimento, nada deveria ser guardado dentro de si. Renato preparou inúmeros discípulos de Cristo para seguir o caminho, retribuindo o que a vida lhe proporcionou.

Além da caminhada na Igreja, por mais de 20 anos, foi Terapeuta Holístico Naturalista, cuidando da saúde física, mental e espiritual em seu consultório, ao lado do seu filho Tiago. Hoje, o filho dá continuidade ao trabalho do pai.

Nos últimos dias de sua vida, já no leito em casa, amparado e cercado pelo amor de toda família, relatou uma conversa com Nossa Senhora… “Nossa Senhora conversou comigo, pedindo que vocês não ficassem tristes. Antes da Páscoa, com a lua cheia ainda no céu, sem dor física, sem que vocês percebam, eu serei acolhido nos braços de Deus”. E assim aconteceu, às 06 horas da manhã, Quinta-feira Santa, com a lua cheia ainda no céu, no silêncio do quarto, ao lado de sua família, sem ninguém perceber, seu coração bateu pela última vez. Dia 17 de abril de 2025, Quinta-feira Santa, dia da Instituição da Eucaristia, o filho foi acolhido por Deus Pai.

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