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Foto: Esther Kremer

Hoje, com nove anos, Alice vive como qualquer criança, mas com apenas cinco anos precisou vencer a maior batalha da sua vida

Esther Kremer

Dia 12 de outubro, dia Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do país, mas também um dia de muita alegria e felicidade, pois é comemorado no Brasil, o Dia da Criança. Momento de muita brincadeira e diversão, é assim que a pequena Alice Schvaidak Perucelli comemora o dia, mas, há quatro anos atrás, o Dia das Crianças foi comemorado dentro de um hospital de tratamento ao câncer. Alice é considerada um milagre da medicina e também da fé.

Aos cinco anos, a pequena precisou passar por um intenso tratamento contra um tumor metastático grave, o tumor de Wilms. Segundo explicações médicas, este é um tipo raro de câncer de rim que atinge crianças, geralmente na faixa dos dois aos cinco anos de idade. É raro, mas é o câncer renal infantil mais comum. “Algo que a ciência precisou estudar, mas graças a Deus ela foi curada”, disse a mãe Cristiana Schvaidak.

Segundo explicações de Cristiana, que também é enfermeira, o tumor é predominantemente em meninas e que não tem muitos sintomas. “Por isso que quando descobrimos já estava em um estágio mais avançado da doença e descobrimos por causa de uma dor na barriga, palpando a barriga dela, a gente pode sentir um nódulo”, explica.

O DIAGNÓSTICO

Nunca é fácil receber o diagnóstico de um câncer, em uma criança de apenas cinco anos, onde vivia em meio a amigos e brincadeiras, a notícia transformou a vida de todos ao redor. “Receber esse diagnóstico, ainda, as pessoas atrelam a uma sentença de morte. A gente saiu do hospital e tudo estava em preto e branco, lembro, inclusive, que até o médico se emocionou quando viu o exame dela. Parecia que a cor do mundo realmente tinha mudado. Mas a gente saiu de lá com uma certeza, que para Deus nada é impossível e eu acredito que a nossa fé a curou”.

A família sempre foi muito religiosa, agora, são devotos ao santo da igreja católica, Padre Pio e acreditam que a cura se deu, além do tratamento medicinal, à devoção no santo. “Acreditamos que a Alice é um milagre por interseção do Padre Pio, ela fez a cirurgia no dia 25 de maio que é o dia em que Padre Pio nasceu, outras datas também coincidem com os processos de tratamento dela. Temos muita fé”.

O TRATAMENTO E A PANDEMIA

Devido a idade da pequena, a família precisou reinventar o modo de conversar sobre a doença e explicar para Alice os processos do tratamento. “A gente tentou levar muito para o lado lúdico, da humanização e do cuidado, pois além de ser mãe, eu também era a enfermeira da Alice. Foi quase um ano de tratamento, ao todo foram 47 sessões de quimioterapia e 30 sessões de radioterapia e a cirurgia de retirada do tumor. Um desses tumores, quando tivemos o diagnóstico, descobrimos que ele tinha quase 700 gramas e 13 centímetros, era algo grande”.

Segundo conta a mãe, no início do tratamento, Alice pesava 24kg e, ao fim do tratamento, a mesma chegou a pesar apenas 7kg. “Como qualquer outro tratamento de câncer, não é nada fácil, os efeitos colaterais da quimioterapia e da radio são muito agressivos. Nos últimos dias, a Alice já não tinha forças para andar, debilitou muito, ela não tinha imunidade e foi muito difícil pois vivíamos uma pandemia”, conta.

Alice passou pelo tratamento sem poder receber visitas em casa, devido a imunidade ao nível zero, tomando injeção para aumentar a mesma, e a prevenção a qualquer contaminação, os familiares e amigos podiam ver ela apenas pela janela da casa. “Nós quatro, o pai e os dois irmãos, éramos as únicas pessoas que tinham contato com ela, não podíamos deixar ninguém chegar perto, nos fechamos para poder cuidar dela”, disse a mãe.

UMA TESTEMUNHA DE FÉ

Em conversa com a Alice, a pequena relata ser muito religiosa e que o tratamento só foi mais leve devido a quantidade de fé. “Para mim, foi muito doído, mas por rezar sempre e em todos os momentos, não doeu quase nada”, comenta.

Ainda, a mãe conta que após as quimioterapias e a cirurgia, Alice passou por uma parada cardíaca e ficou alguns minutos desacordada. Passou pelo processo de entubação e assim que esse momento passou e ela voltou a respirar sem os aparelhos, Alice foi testemunha do que é ter muita fé. “Ela nos contou que nesse momento ela falou com o Papai do Céu e que Ele disse que ela estava curada, foi emocionante e bonito porque no dia eu perguntei quem tinha levado ela até Ele, e ela disse ‘o Padre Pio me levou lá’”, conta Cristiana emocionada.

“Mas a gente saiu de lá com uma certeza, que para Deus nada é impossível e eu acredito que a nossa fé a curou”

 Cristiana Schvaidak

A VIDA APÓS

Hoje em dia, Alice vive uma vida comum, como qualquer outra criança, mas devido a ter enfrentado situações como uma adulta, a pequena mostra empatia e muita sabedoria. Quando perguntada sobre como aproveita o Dia das Crianças, Alice diz que “não aproveito tanto ainda o Dia das Crianças, porque eu penso em quantas crianças que estão começando o tratamento e não podem brincar”, disse.

Apesar dos momentos de dor e de sofrimento, ela aproveita os momentos mais simples da vida, desde brincar até poder ter animais de estimação. “A primeira coisa que eu fiz foi brincar, porque eu não podia antes, eu não podia correr e hoje em dia, eu até sei nadar, já corri em uma competição. Eu vou à Igreja, nas novenas, eu gosto de comer pera e massa de panqueca. Tenho animais de estimação, cavalo, gatos, cachorro Zezinho e a vaca Mimosa”, comenta.

Para finalizar, a pequena, agora com nove anos, curada do câncer, mas ainda em tratamento, diz que aproveita a vida ao máximo e que comemora cada pequena conquista. “Eu vivo normal e agora comemoro o dia 08 de dezembro, que é meu segundo aniversário, minha última quimioterapia”.

A mãe, Cristiana, também deixou uma mensagem a todos os pais neste Dia das Crianças. “Eu sempre trabalhei muito mesmo, mas eu aprendi uma coisa: o maior presente que você pode dar para o seu filho neste dia 12, é a tua presença”.

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