Karina Ludvichak
No início de junho, Foz do Iguaçu recebeu o GeoMinE 2025, reunindo diversos eventos dentro de um cronograma voltado à pesquisa, ensino e extensão, incluindo a I Conferência de Geologia e Mineração do Mercosul que reuniu estudantes, professores, pesquisadores e empresários de diversas regiões do país. E devido ao patrimônio geológico e cultural que existe em Prudentópolis, o município foi um dos selecionados para receber visitantes no pré-simpósio que aconteceu antes do evento.
Participaram desta atividade professores, pesquisadores e estudantes da Unicentro, UPGE e outras instituições, além de empresários e equipe da Secretaria Municipal de Turismo.
O geólogo Gil Francisco Pieca, do Instituto Água e Terra (IAT) do Paraná, foi o guia nos dois dias de excursão e durante a primeira visita apresentou um dos geossítios integrantes do projeto Geoparque Prudentópolis, a Pedreira Vila Mariana. De acordo com Pieca, o local escolhido é parte de um esforço de inventário do patrimônio geológico, “que reúne pontos naturais considerados fundamentais para entender a história da Terra. A expectativa é que o projeto Geoparque avance até obter reconhecimento oficial, unindo ciência, conservação e valorização do território”, destaca.
A pedreira visitada, atualmente em obras, abriga formações geológicas da Bacia do Paraná, especialmente da Formação Teresina do período Permiano, com aproximadamente 250 milhões de anos. No local, podem ser encontrados estromatólitos — registros da vida mais antiga na Terra — e fósseis de plantas, peixes e conchas, além de coquinas.
O segundo ponto visitado foi o geossítio Pinheiro de Pedra, que fica localizado na comunidade de Ponte Nova, no Faxinal do Taboãozinho. Tombado há pouco tempo como património histórico e natural de Prudentópolis, o local é um grande símbolo da cultura local e faz parte do folclore através das lendas que explicam seu surgimento.
O Pinheiro de Pedra é uma área que apresenta lenhos fósseis inseridos em rochas sedimentares com idades entre 250 e 260 milhões de anos. Esses fósseis são troncos petrificados, chegando em alguns casos a medir 12 metros de comprimento.
Morador da região e estudante de Geologia, William Gabriel Milk destacou a valorização turística e econômica trazida pelo tombamento do Pinheiro de Pedra. Segundo ele, o local passou a atrair visitantes, aumentando a renda dos moradores, principalmente de sua família que serve refeições aos viajantes que passam por ali. “Teve valorização no turismo, trouxe mais renda, economia para o local, nós servimos almoço, café da tarde… o que o pessoal agendar, tem como fazer aqui do lado, onde a minha família mora”, comenta William.
A propriedade da família, próxima ao geossítio, também passou a receber agendamentos por meio das redes sociais, como o perfil @recantopinheirodepedra, consolidando-se como um polo de turismo sustentável e comunitário em Prudentópolis.
O último ponto visitado pelo grupo foi o geossítio Salto e Canion do Rio São João. Segundo o geólogo Gil, neste local pode ser observado a grandiosidade do Salto, com uma queda de 84m de altura. “É uma das principais cachoeiras de Prudentópolis, conhecido como Terra das Cachoeira Gigantes. Neste local pode ser observado de forma extremamente didática a soleira de diabásio, de idade cretácea, Grupo Serra Geral, intrudida nos siltitos permianos da Formação Teresina.
Esta soleira é a responsável pela formação do cânion com 6,5 km de extensão e pela formação da unidade morfo-estrutural Planalto de Prudentópolis. Também podem ser observadas estruturas microbianas desenvolvidas nos siltitos”, finaliza.
Para mais informações a respeito dos locais visitados acesse: geoparque.prudentopolis.pr.gov.br.