Karina Ludvichak
A solidariedade e a educação se uniram em Irati e a Associação Mulheres que Lutam, localizada na Vila São João, recebeu brinquedos, livros e itens de higiene arrecadados pelos alunos da Unicesumar por meio de um projeto de extensão universitária. A iniciativa vai beneficiar cerca de 110 crianças e adolescentes atendidos semanalmente pela entidade, que funciona de forma voluntária e comunitária.
A ideia da campanha partiu da assistente social e voluntária da associação, Cláudia Bittencourt Fulber. Ela percebeu que, embora as crianças tivessem poucas opções de lazer, demonstravam grande curiosidade pelos livros que chegavam até a entidade, muitos deles doados pela comunidade. “Dentro da Associação Mulheres que Lutam tem muitas crianças, muitos adolescentes, e lá tem poucos brinquedos e poucos livros. A maioria dos livros são livros educativos, que às vezes a pessoa não quer mais, descarta lá e a gente vê essa curiosidade deles estarem sempre procurando algo para revirar ali, para ver o que eles se interessam mais. Observando essa procura de livrinhos infantis, propus ao Grupo Saber Nada […] uma parceira […] para fazer essa doação de livros já pensando em instigar essa vontade da leitura”.

Com base nisso, nasceu o projeto do “Cantinho da Leitura”, que já está em fase de implantação dentro da Associação Mulheres que Lutam. O espaço vai contar com livros organizados para que as crianças possam manusear, ler e, principalmente, aprender a compartilhar o material com os colegas. “Tudo que chega eles têm o costume de levar. Dessa forma eu quero acostumar eles, aos pouquinhos, […] lerem e deixarem ali para que o próximo possa ler […] ganhei um pouquinho de livros esses dias, a gente fez um teste, deu certo de ficar ali os livrinhos, então vamos tentar fazer um cantinho da leitura. Inclusive já foi feito um cartaz, cantinho da leitura para eles, bem bacana. E isso vai incentivar muito eles”, explicou Cláudia.
Atualmente, a associação atende em torno de 110 crianças e adolescentes, número que cresce à medida que novas famílias procuram apoio. A maior parte dos atendidos tem entre zero e dez anos, mas adolescentes até 17 anos também participam das atividades. Para Cláudia, manter os jovens ocupados com práticas educativas é fundamental. “Enquanto as mães estão ocupadas com outra coisa, nada melhor que deixar eles bem ocupados com algo importante como a leitura”, acrescentou a assistente social.
Além de brinquedos e livros, os alunos da Unicesumar também doaram produtos de higiene, o que não estava previsto inicialmente. A surpresa foi recebida com entusiasmo pela associação. “Fiquei muito feliz, porque eu estava pensando em propor algo um pouquinho mais para frente, e nem precisou, felizmente eles têm uma iniciativa muito boa, então isso tudo colabora, tudo ajuda, então vai ser muito bem-vindo”.
Segundo Viviane Carneiro, representante pedagógica da Unicesumar em Irati, a ação faz parte da carga horária obrigatória de extensão que os estudantes precisam cumprir para se formar. Ela explica que os projetos de arrecadação unem aprendizado e responsabilidade social. “Aqui na Unicesmar os alunos precisam abater uma certa carga horária de extensão dentro do curso de graduação deles. Que foi imposto para todas as instituições a partir de 2023, e é obrigatório. Então a gente auxilia os alunos, eles abatem essas horas complementares e a gente consegue também ajudar a associação”, destacou.

Viviane também destacou que novas campanhas já estão programadas para que os alunos e a comunidade possam participar. “Agora está previsto o do Dia das Crianças e a campanha de Natal. São projetos elaborados geralmente para atender a esses requisitos. A gente teve um projeto passado também, que foi do Agasalho, onde os alunos participaram, e esse foi realizado em parceria com a Prefeitura, que fez distribuição para outros locais. Então, agora, o que virá será o do Dia das Crianças e o do Natal Solidário. Vamos fazer as nossas divulgações no site, então ali o aluno já vai verificar o dia certinho e ele já sabe como que funciona: vem até o polo, faz a doação, ajuda o pessoal mais carente e também já tem essa garantia que vai receber o diploma dele certinho”, observa.
Para manter as atividades, a Associação Mulheres que Lutam conta com voluntários e doações semanais. Todas as sextas-feiras, o grupo realiza a venda de pães caseiros, que ajuda a custear os trabalhos sociais. Localizada próxima ao posto de saúde da Vila São João, em um barracão de fácil acesso, a associação se consolidou como um ponto de apoio para famílias em vulnerabilidade.