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Uma das principais consequências de todas essas mudanças do envelhecimento da voz humana é a fadiga vocal
Presbifonia: o envelhecimento da voz humana
Problemas na voz podem ser causados pelo envelhecimento e pode afetar a qualidade de vida - Foto: Reprodução

Dr. Bruno L. Alencar
Otorrinolaringologista
CRM 18299 RQE 13511

O envelhecimento é um processo universal decorrente de uma série de eventos biológicos que alteram a estrutura e a função de várias partes do corpo. Isso significa que, com o passar dos anos, realizar ações ou tarefas que antes eram consideradas simples, como andar ou comer, se torna mais difícil. O que muitas pessoas não sabem é que a voz também pode sofrer as consequências de todo esse processo, que seria então o que na Otorrinolaringologia se conhece como o envelhecimento da voz humana, a Presbifonia.


Como a Voz Humana é Produzida?
A voz humana é produzida na laringe, por meio da vibração das pregas vocais e da ação de outras estruturas, como o sistema respiratório, a faringe, palato, língua e lábios. Ela desempenha um papel fundamental no processo de comunicação.


Embora a voz humana possa mudar a cada momento, diante de fatores emocionais, sociais e ambientais ou até mesmo por fatores decorrentes de processos patológicos, existe essa mudança que se relaciona especificamente ao envelhecimento da voz humana conhecida como Presbifonia. Esse processo, apesar de ser natural, muita gente não sabe o que é e, na verdade, ele não depende só da idade, mas também do estilo de vida e histórico de doenças do indivíduo.

  1. Voz rouca / rouquidão
    Embora a rouquidão possa ter outras causas orgânicas além do envelhecimento, essa é uma característica comum da Presbifonia. Essa modificação na qualidade vocal pode ser acompanhada por outros sintomas na voz como a soprosidade (ar na voz) ou instabilidade. Isso acontece em decorrência da atrofia que pode ocorrer nos músculos que movimentam as pregas vocais e que as tornam mais arqueadas, podendo causar fendas pelos quais ocorre escape de ar durante a fala, tornando a voz humana mais fraca e instável.
  2. Mudanças da frequência fundamental da voz
    Sabemos que os homens, de modo geral, por fatores anatômicos e fisiológicos, têm a voz mais grave (entre 80 e 150 Hz) e as mulheres, tem uma voz mais aguda (entre 150 e 250Hz). Durante o processo de envelhecimento, contudo, a tendência é de que, no sexo masculino, a voz fique mais aguda, o que ocorre como resultado da atrofia muscular e do enrijecimento das pregas vocais. Já no sexo feminino, a tendência é de que a voz fique mais grave e isso se explica pela mudança hormonal observada durante a menopausa, a qual pode causar edema nas pregas vocais, aumentando sua massa e consequentemente baixando a frequência fundamental da voz humana nas mulheres.
  3. Fadiga vocal
    Uma das principais consequências de todas essas mudanças do envelhecimento da voz humana é a fadiga vocal. É comum, ao conversar com uma pessoa idosa, observar que sua voz se modifica ao longo da conversa, perde qualidade, fica mais rouca, mais baixa e chega até a falhar. É visível também o esforço realizado pelo indivíduo a fim de coordenar a produção da voz com a respiração, levando a pausas mais longas durante a conversa. É fundamental identificar quando isso está ocorrendo e buscar o tratamento adequado o quanto antes!
  4. Articulação imprecisa
    Conforme já foi dito, uma vez que a voz humana é produzida pelas pregas vocais, ela é moldada por outras estruturas como a faringe, palato, língua e lábios, que tornam possíveis a produção dos sons da fala. Acontece que todas essas estruturas também sofrem com o processo de envelhecimento, ficando mais fracas, mais lentas, incoordenadas e imprecisas. Além disso, na realidade do nosso país, muitos idosos são desdentados, total ou parcialmente, e fazem ou não uso de prósteses dentárias, que em muitos casos podem estar mal adaptadas. Portanto, outras características e sintomas presentes nos quadros de Presbifonia durante o envelhecimento é a dificuldade na articulação das palavras que pode tornar a fala dos idosos mais incompreensível e contribuir ainda mais com o isolamento e agravamento de fatores psicossociais.

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