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Atualmente, o déficit mensal da Santa Casa chega a R$ 400 mil mensal
Segundo os dados apresentados, o gasto mensal da Santa Casa é de R$ 2.892,835,46 - Foto: Esther Kremer

Esther Kremer

Os prefeitos da Amcespar estiveram reunidos na sede da associação, na quinta-feira (11), para ouvir e discutir situação atual da Santa Casa de Irati. Um assunto que está sendo debatido massivamente e gerando preocupação entre os gestores municipais.


Na ocasião, o administrador da Santa Casa, Sidnei Barankievicz, apresentou detalhadamente as despesas do hospital. Todos os gastos foram colocados em planilhas e explicados pelo administrador, gastos estes que não passaram despercebidos pelas autoridades presentes. Outro problema assolando o hospital é a falta de dinheiro para pagar os profissionais, onde muitos estão recebendo seus salários em duas vezes e muitos plantões médicos não estão sendo pagos.


Segundo os dados apresentados, o gasto mensal da Santa Casa é de R$ 2.892,835,46 e a receita do hospital não é o suficiente para suprir este valor, causando um rombo mensal de R$ 400 mil. Ainda, os dados mostraram detalhadamente que um dos gastos é com salário de funcionários que chega, no total, o valor de R$ 976.494,06 mensal.

Devido ao alto custo para manter o hospital em funcionamento, Barankievicz mostrou o valor em dívidas que a curto prazo chega a R$ 16.129.767,96 e a longo prazo chega a R$ 26.044.726,96 e, se somados, chegam ao valor de R$ 42.174.495,94. Dentro destes valores entram questões de empréstimos bancários para a tentativa de sanar as dívidas, parcelamentos de direitos trabalhistas de funcionários e tantos outros para manter o hospital em pleno funcionamento.

Os prefeitos estão estudando formas legais de ajudar o hospital via CIS/Amcespar – Foto: Esther Kremer


Para explicar todas essas dívidas, o provedor da Santa Casa, Ladislao Obrzut Neto, comenta que há uma desatualização do repasse mensal da tabela SUS há, aproximadamente, 10 anos. Uma imagem mostrada no telão apresentou gastos de um paciente da Santa Casa, feito pela tabela SUS, onde o paciente em questão precisou de consultas e exames especializados. O valor do plantão médico pago ao profissional que fez o atendimento, pela tabela, não ultrapassa R$10,00. Segundo Ladislao, “o restante do valor precisa sair de algum lugar e de onde vamos conseguir este dinheiro?”.


Ainda, dados mostraram que o repasse do Governo Federal, pré-fixados, não ultrapassa R$ 11.983.703, 76 ao ano. Já o Governo Estadual repassa apenas R$ 350 mil mensais. A Santa Casa conta com verbas fornecidas pela Prefeitura de Irati e também de Prefeituras que não possuem Pronto Atendimento como Fernandes Pinheiro e Guamiranga. O CIS/Amcespar também compra serviços do hospital como uma tentativa de diminuir o sufoco financeiro.


O objetivo principal de mostrar todo o problema em torno da Santa Casa foi para tentar sensibilizar os prefeitos a ajudarem financeiramente. A questão é delicada pois apenas em três meses, a Santa Casa atendeu cerca de 1.254 pacientes de todos os municípios da Amcespar, em 2023.


Como resultado, o presidente da Amcespar e prefeito de Irati, Jorge Derbli, decidiu por reunir todos os prefeitos e tentar buscar a melhor solução possível para o problema. “O demonstrativo financeiro da Santa Casa assustou muita gente. Existe uma promessa do Governo do Estado em fazer um repasse mensal de R$ 200 mil, mas ainda fica um déficit de R$ 200 mil e esta foi a pauta que discutimos com os prefeitos em tentar achar uma maneira legal, via CIS/Amcespar, em fazer um aporte neste valor ou ao menos para ajudar. Todos os prefeitos são conscientes e estão dispostos a ajudar”.


A presidente do CIS/Amcespar e prefeita de Fernandes Pinheiro, Cleonice Schuck, também falou sobre a situação. “Estamos tentando contatos para um aporte maior e um reequilíbrio da tabela do SUS, mas infelizmente não temos o poder de determinar isto, a complexidade é muito grande. Vamos fazer o possível, estamos procurando alternativas para somar ainda mais nesta luta e poder ajudar nesta dificuldade que a Santa Casa enfrenta”, disse.

O provedor do hospital, Ladislao Obrzut Neto, falou sobre o objetivo central da reunião e diz que acredita na solução do problema. “Queremos sensibilizar os prefeitos e acho que conseguimos atingir o objetivo, tanto que eles pretendem fazer uma proposta de repasse de verba. Sempre tem uma solução, pode estar difícil e, neste momento, a esperança é o mais importante”.


O administrador, Sidnei Barankievicz, também falou acreditar em conseguir melhorar a situação do hospital. “A solução não é tão simples, precisamos desta parceria entre Santa Casa, Prefeitos e Governo do Estado para que haja um aporte de maiores recursos. O hospital cresceu, se tornou referência e o custo aumentou, mas não houve reajuste do Governo Estadual ou Federal, se tivesse este reajuste, a situação poderia estar mais perto do equilíbrio”, comenta.


A Folha de Irati esteve em contato com os funcionários da Santa Casa que não quiseram ter o nome identificado, mas, segundo os mesmos, a situação está piorando muito. “Estamos com os salários atrasados e complica muito, trabalhamos porque amamos a profissão, temos pacientes internados a meses e sem nenhuma lesão, isso significa que nos preocupamos com eles, levamos para tomar sol todos os dias, conversamos, alimentamos, fazemos toda a higiene e muito mais. Porém, amor não paga as nossas contas, muitos colegas querem desistir e acabamos pensando muito mais nos pacientes, por isso continuamos aqui”, finaliza.

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