O Governo do Estado busca cada vez mais a internacionalização da economia paranaense, em especial as exportações de produtos do agronegócio. Numa live realizada na terça-feira (27) com adidos agrícolas do Ministério da Agricultura na Comunidade Europeia, Estados Unidos, Arábia Saudita e África do Sul, os secretários da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, e de Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Márcio Nunes, abordaram o desempenho e as potencialidades do Paraná em ocupar uma presença maior no mercado internacional.
O principal atrativo do Estado é a qualidade dos produtos e a alta produtividade, fatores aliados ao desenvolvimento sustentável e à preocupação e responsabilidade com o meio ambiente. Os adidos falaram das potencialidades do Paraná e do Brasil nos mercados em que atuam.
A live foi transmitida ao vivo pelo canal da TV Paraná Cooperativo no Youtube, da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar). A transmissão ao vivo pela internet contou ainda com a palestra de Marcos Fava Neves, professor da Universidade São Paulo (USP) e Fundação Getúlio Vargas (FGV), que abordou as oportunidades de exportação de produtos agrícolas no mercado internacional e como eles veem a questão do meio ambiente no Brasil.
Participaram cerca de 200 pessoas entre lideranças da agropecuária e produtores, presentes em salas nas cooperativas e sindicatos rurais.
Segundo Ortigara, o Paraná praticamente dobrou sua participação no mercado internacional, de 6% para 13%. “É um estado que tem cadeias produtivas bem diversificadas e que está trabalhando muito para ter densidade, volume, escala, preço competitivo e qualidade de seus produtos”.
O secretário destacou que o Estado vem se esforçando para ter uma presença maior nos mercados internacionais, não só com commodities, mas também com alimentos processados, como carnes de boi, frango, suíno, peixe, produtos lácteos e agro, como madeira, papel e celulose, fécula de mandioca, frutas e produtos do setor sucroalcooleiro.
O Paraná, reforçou Ortigara, segue todos os protocolos sanitários estabelecidos pelos países compradores dos produtos paranaenses, ressaltando que o Estado se prepara para dar um salto importante a partir de maio de 2021, quando poderá ser reconhecido internacionalmente como área livre de febre aftosa sem vacinação, assim como será diferenciado de um bloco de 14 estados brasileiros com a erradicação da peste suína clássica.
O secretário lembrou que o agro paranaense participa com 72% a 77% do esforço exportador do Estado, índice que subiu neste ano. De janeiro a setembro, cerca de 82% de tudo o que o Paraná exportou tem a ver com produtos do agronegócio. “O foco é ampliar ainda mais a presença nesses importantes mercados e também na Ásia”.
MEIO AMBIENTE – O secretário de Desenvolvimento Sustentável e do Turismo, Márcio Nunes, destacou diversos programas no Paraná que unem o desenvolvimento agropecuário com a sustentabilidade. Entre eles está o Descomplica Rural, que tem como objetivo trazer agilidade nos processos de licenciamento ambiental no campo, com segurança ambiental e jurídica.
“O Paraná tem a política de promover o desenvolvimento com sustentabilidade. Ao mesmo tempo em que é o estado que mais produz por metro quadrado, é o mais sustentável do Brasil”, disse Nunes ao destacar, ainda, o programa Paraná Mais Verde, que instituiu o plantio de mais de 46 mil mudas de araucária em todo o Estado a partir desta terça-feira (27).
“É importante também a atuação do Instituto Água e Terra (IAT) na fiscalização da sustentabilidade no campo. O produtor tem seu patrimônio em jogo e precisa agir com responsabilidade ambiental”, afirmou ele.
De acordo com Márcio Nunes, neste ano, o Paraná é o estado que mais notificou por crimes ambientais no Brasil, ao mesmo tempo em que foi o que mais autorizou licenciamentos para novos empreendimentos no País.
Outro programa citado pelo secretário foi o Descomplica da Energia Sustentável, previsto para ser lançado nos próximos dias. O programa pretende reduzir a emissão de CO2 por parte dos empreendimentos. “O objetivo é que os empreendimentos tenham a marca da sustentabilidade e da geração de energia para melhorar a vida de todos os paranaenses”, destacou Nunes.
EXPORTADOR DE ALIMENTOS – O professor Marcos Fava Neves, da USP e FGV, destacou a posição do Brasil como fornecedor mundial sustentável de alimentos, bioenergia e outros agro produtos como têxteis, madeira, moveis, couro e fumo. Ele falou sobre a trajetória do Brasil nos últimos 20 a 30 anos, quando o País passou de importador a exportador mundial de alimentos e como ocorreu esse crescimento. Segundo Neves, as oportunidades agora estão em explorar os mercados na Ásia e África.
O professor destacou países como Egito, Tailândia e Bangladesh, que estão aumentando as importações de produtos brasileiros e que ajudam o Brasil a reduzir a dependência da China.
Segundo Neves, o Brasil controla mais de 50% das exportações mundiais de soja, o que vem despertando o interesse de empresários e executivos norte-americanos em saber o que se faz nas empresas brasileiras do agronegócio. “Estamos exportando inteligência artificial para os EUA”, disse. “O agro brasileiro está exportando conhecimento, gestão”, afirmou.
Ainda segundo o professor, a tendência será ampliar as exportações de algodão, milho, frango, açúcar, carne bovina, suína, soja e açúcar e que, certamente para o futuro, o fornecedor sustentável de alimentos e de energias renováveis será o Brasil, acrescentando que os mercados da África, Ásia e Oriente Médio são bastante promissores.
Para atender essa demanda, o País que atualmente ocupa uma área de 66 milhões de hectares com a produção de grãos, deverá expandir essa ocupação para 70 milhões de hectares no curto prazo. E incorporar mais 15 milhões de hectares nos próximos 10 anos.
“Teremos de 80 a 85 milhões de hectares ocupados com a produção de grãos no Brasil, o que corresponde a 10% de sua área. Isto é, vamos abastecer o mundo com um terço de ocupação do território brasileiro, o que é muito baixo se comparado com outros países”, ressaltou.
Neves destacou o papel do cooperativismo no esforço do agronegócio em ocupar mais espaço no mercado internacional. Ele sugere a união no setor para negociar melhor com os blocos internacionais, com a unificação das cooperativas numa só entidade. “Não faz sentido não compartilhar infraestrutura de transporte, logística, poder de negociação”, orientou.
ADIDOS AGRÍCOLAS – O adido agrícola na União Europeia, Bernardo Todeschini, destacou o Mercado Comum Europeu como o segundo maior importador do agro brasileiro depois da China, com um desembolso de US 140 bilhões anuais. Disse que os países do bloco são muito rígidos na área sanitária e de resíduos químicos.
Segundo ele, a oportunidade no momento é ampliar a exportação de carne suína e citou o interesse do bloco em políticas de energia renovável e redução de emissão de carbono. Lembrou, ainda, ue os países europeus também valorizam estratégias de políticas sociais e sanitárias como incentivo ao cooperativismo, sustentabilidade social, certificações, estrutura fundiária.
O adido agrícola nos Estados Unidos, Felipe Guerra Lopes disse que no ano passado a país importou US$ 153 bilhões em produtos brasileiros e que até agosto deste ano já havia importado o equivalente a US$ 116 bilhões. Segundo ele, o Brasil tem oportunidades para elevar as exportações de produtos florestais, café solúvel, rações, peixes e frutas industrializadas.
O adido agrícola na Arabia Saudita, Marcel Moreira Pinto, citou o papel de liderança no Golfo Pérsico, ressaltando que quem consegue acessar o mercado saudita está apto a exportar a qualquer país do Golfo. O Brasil, disse, se destaca com as exportações de carne de frango, mas também com exportações de açúcar, soja, milho, carne bovina e produtos florestais.
Segundo ele, a tendência é ampliar as importações de lácteos, frutas, cafés especiais e carnes de ovinos, lembrando que os sauditas dão muita importância para a confiança nas negociações e na qualidade dos alimentos, sendo muito rígidos também em protocolos sanitários.
Na África do Sul, explicou o adido agrícola Jesulindo Nery de Souza Júnior, as oportunidades para o Brasil são as exportações de carnes. Lembrou que o mercado é mais protecionista com questões tarifárias e que são muito influenciados pela imprensa europeia quando o assunto é meio ambiente.