Amanda Borges
O caso ocorrido na terça-feira (1º), foi um exemplo de cooperação civil durante o trabalho policial. Graças ao compartilhamento de informações e imagens em grupos de WhatsApp e a atitude de um casal, três tratores roubados em Imbituva foram recuperados no município de Pitanga.
No roubo, os ladrões carregaram o caminhão com os tratores, após amarrar o responsável por eles, e fugiram. Assim que o dono tomou conhecimento da situação, ele notificou a polícia, divulgou imagens dos maquinários em grupos do WhatsApp e pediu para que fossem repassadas.
O crime ocorreu às 2h da madrugada do dia 1º e, por volta das 9h da manhã, a primeira foto de um caminhão que poderia estar levando os tratores passou a circular pelo WhatsApp do proprietário. Logo na sequência, as equipes da Polícia de Imbituva e Pitanga estabeleceram diálogo, compartilhando as informações coletadas nos dois municípios, como o modelo e cor dos maquinários. A Polícia de Pitanga iniciou as buscas do caminhão denunciado. Na sequência, começaram a ser enviados vídeos produzidos por um casal, nos quais eles, utilizando um rádio transmissor, davam ordem de parada e de prisão para o motorista que levava os maquinários, seguidos por uma viatura da PM. Em seguida, a polícia fez a abordagem do veículo, identificou que se tratava dos tratores furtados em Imbituva e prendeu o motorista.
Willian Stratmann, advogado das vítimas, conta que a mobilização popular foi determinante para recuperar os veículos.“É muito importante que a sociedade saiba que o auxílio das redes sociais e o próprio engajamento da sociedade civil organizada podem trazer de benefício”, afirma o advogado. Além disso, Willian conta que qualquer cidadão tem o direito de dar voz de prisão mediante ao flagrante de um crime assim como fez o casal. Assim, o artigo 301 do Código de Processo Penal do Brasil, garante que qualquer indivíduo brasileiro pode prender toda e qualquer pessoa que estiver cometendo um crime, desde que seja um “caso criminal” e o cidadão presencie o flagrante.
Ainda, Willian elogia e parabeniza as autoridades que atuaram na abordagem inicial do caso. Ele afirma que a ação rápida da Polícia Militar foi imprescindível, pela agilidade em atender a ocorrência assim que as imagens chegaram até eles. Da mesma maneira, o trabalho da Polícia Civil foi igualmente importante, “que ouviu todos prontamente, coletou os depoimentos, realizou os interrogatórios, tomou todos os procedimentos cabíveis e agora vai dar prosseguimento em todo o processo judicial”, disse.
“O que a gente pode concluir dessa situação toda é que o trabalho conjunto entre a sociedade e as forças policiais são muito importantes para esse primeiro atendimento da ocorrência. A gente vê que a mobilização rápida da sociedade organizada que enviou informações, junto com o trabalho imediato da Polícia Militar que foi apreender o caminhão, resultou na recuperação dessas máquinas”, completa advogado.
DESFECHO DO CASO
O Delegado de Polícia de Imbituva, Luis Gustavo Timossi, informou que os trâmites judiciais para resolução do caso estão ocorrendo e as investigações já iniciaram, mas correm em segredo de justiça. Ainda, o motorista do caminhão é de Irati e foi preso em flagrante, pela somatória de punições dos crimes de falsificação de documentos e interceptação. Ainda, um outro caminhão que pode, possivelmente, ter sido utilizado no crime foi apreendido em Rebouças, e o responsável por ele foi interrogado.
Os maquinários recuperados foram entregues ao dono na quarta-feira (02) e o proprietário, que dependia dos tratores para realização do trabalho, já voltou a utilizá-los na sua lavoura.
COMO ME PREVINIR?
Apesar da vítima citadater conseguido recuperar o maquinário subtraído, esse não é o mesmo destino de boa parte dos proprietários roubados. Esse crime é relativamente comum, devido a falta de registro e documentação oficial dos maquinários agrícolas. Diferentemente de outros veículos, os tratores não devem circular em vias urbanas e, por isso, sua identificação se diferencia dos carros e caminhões, por exemplo. Eles não têm placa e, os mais antigos, nem número de chassi, o que restringe a identificação somente à uma plaqueta no painel da máquina, que pode facilmente ser removida por alguém mal intencionado.
Para se prevenir desse tipo de assalto, a Tenente Thaísa Nabozny, da 8ª Companhia Independente de Polícia Militar, dá algumas dicas para que os agricultores não sejam aspróximas vítimas. Primeiramente, a Tenente adverte que a nota fiscalseja guardada, em casos de compra diretamente em uma loja. Quando for comprado de outro produtor, é necessário realizar a autenticação no cartório, através de um contrato de “compra e venda de bem”. Ainda, uma cópia da nota fiscal ou do documento autorizado em cartório devem ser portados pelo produtor enquanto ele utilizado trator.
Além disso, Thaísa recomenda que os produtores demarquem o seu próprio maquinário, mesmo que de forma improvisada. Isso pode auxiliar no processo de identificação por parte da polícia, já que o sinal servirá como uma “tatuagem” única em seu trator, e deve ser informado no momento do registro do Boletim de Ocorrência.
Com relação ao espaço no qual o maquinário deve ser guardado, Thaisa sugere que o local tenha a maior quantidade possível de obstáculos para serem rompidos até que o roubo seja possível. Por exemplo, ao invés de guardar o maquinário em um local aberto, coloque ele em um galpão trancado com correntes e cadeados. Em um possível roubo, o ladrão demorará mais para finalizar a ação e possivelmente cometerá erros que complicarão a efetivação do crime ou facilitarão as investigações futuras, como barulhos ou marcas que servirão de pistas. “Isso não necessariamente vai evitar o roubo, mas é um obstáculo a mais para ser transpassado”, afirma.
FUI ROUBADO, O QUE FAZER?
Mesmo tomando todos os cuidados, os crimes ainda poderão ocorrer. Nesse caso, Thaisa orienta que os produtores liguem para a Polícia Militar através do 190 e forneçam, além dos dados pessoais e de registro dos tratores, todas as informações possíveis a respeito do crime, ou seja, “o maior número de dados que ele tiver da ocorrência”. Ou, procurar diretamente a delegacia para registro de um Boletim de Ocorrência, caso a situação não demande atendimento no local.