Leandro Bianco
Durante o período da colheita do pinhão, especialmente entre abril e junho, muitos produtores do interior de Inácio Martins, capital paranaense do pinhão, se dedicam à retirada das pinhas e à comercialização da semente. A atividade, realizada de forma manual e familiar em áreas de floresta nativa, representa uma das principais fontes de renda anual para esses agricultores.
“A colheita do pinhão representa uma renda muito significativa. Todos os nossos produtores têm um bom retorno nesse período, que garante o sustento das famílias, gera empregos e movimenta a economia local com diversos benefícios”, destaca o prefeito de Inácio Martins, Dimas Vier.
Conforme o secretário de Meio Ambiente do município, Éder Lopes, a última estimativa da SEAB (Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento do Paraná) apontou um volume próximo de 700 mil quilos de pinhão colhidos no município. “Isso nos torna um dos maiores produtores de pinhão do estado do Paraná”, afirma. Segundo o secretário, um dos fatores que explicam esse volume expressivo de produção é a ampla cobertura de floresta nativa no território de Inácio Martins, que corresponde a cerca de 65% da área total.
Éder ainda ressalta que, em Inácio Martins, estima-se que apenas 40% da produção de pinhão seja coletada. “A gente acredita que mais de 60% do que é produzido é perdido, pela dificuldade da colheita, que hoje é muito rudimentar ainda”, explica. Os produtores utilizam esporas nos pés para subir nos pinheiros, além de instrumentos como taquaras, bambus ou canos para alcançar as pinhas.
De acordo com relatos dos produtores, a produção de pinhão nesta safra deve ser menor do que no ano passado, com atraso na maturação da semente devido ao grande volume de chuvas no início do ano. Na comunidade de São Domingos, uma das principais regiões produtoras do município, Irineu Antônio Czanovski e seu filho, Rui Sérgio Czanovski, trabalham juntos na coleta do pinhão. Para esta safra, a expectativa é retirar cerca de 5 mil pinhas da propriedade, o que deve resultar em aproximadamente 3 mil quilos da semente, garantindo uma renda relevante para a família. “Ajuda, ajuda, com certeza ajuda”, enfatiza Rui.

Também no município, alguns produtores arrendam áreas próximas às suas residências para realizar a colheita do pinhão nesses espaços. É o caso do produtor Sidney Pontes, que trabalha ao lado da esposa e do filho. No último ano, ele arrendou uma área de aproximadamente 80 alqueires e conta que o acordo tem sido vantajoso: “Nós pagamos 3 mil reais pelo arrendamento e tiramos 10 mil quilos de pinhão”, relata Sidney.
AGROINDÚSTRIA DO PINHÃO
A primeira agroindústria do pinhão do Paraná será construída em Inácio Martins, por meio de uma parceria entre o município, a Embrapa — que desenvolveu a tecnologia para a produção da farinha de pinhão — e a Secretaria de Estado das Cidades (SECID), responsável pelo repasse de recursos para a construção da sede. O espaço será coordenado por uma cooperativa de mulheres, tendo como carro-chefe a produção da farinha de pinhão, além de outros derivados da semente, como o pinhão cozido embalado a vácuo.
A previsão é que a agroindústria comece a operar já na próxima safra, trazendo novas oportunidades de renda para os produtores da região. “A agroindústria do pinhão surgiu do entendimento de que precisamos diversificar a propriedade. Percebemos a necessidade de fazer com que esse símbolo do Paraná, que é o pinhão, traga rentabilidade para as famílias. Porque, hoje, quem preserva também precisa ter renda em casa para conseguir se manter no campo”, destaca Taís Gonçalves Vieira, secretária de Finanças de Inácio Martins.