Lava Jato cumpre dois mandados de busca e apreensão em Irati

Em Irati, mandados foram cumpridos na Caminhos do Paraná e Construtora Derbli, que presta serviço terceirizado para a concessionária. Foto: Israel Macedo

Desde as primeira horas da manhã desta quarta-feira (26), a Polícia Federal cumpre dois mandados de busca e apreensão em Irati. A força-tarefa da Lava Jato, que está na sua 55ª fase, tem como foco casos de corrupção ligados aos procedimentos de concessão de rodovias federais no Paraná que fazem parte do Anel de Integração. Os alvos das medidas são as concessionárias Econorte, Ecovia, Ecocataratas, Rodonorte, Viapar e Caminhos do Paraná, além de intermediadores e agentes públicos corrompidos beneficiários de propina, segundo a investigação.

Além da Caminhos do Paraná, em Irati, os policiais também cumpriram mandado de busca e apreensão na Construtora Derbli, empresa que presta serviço terceirizado para a concessionária. José Julião Terbai Junior, diretor presidente foi um dos presos, além de Ruy Sergio Giublin, que seria articulador e negociador de propinas pagas pela Caminhos do Paraná.

Foram presos temporariamente nessa fase da Lava Jato, por cinco dias, Pepe Richa (PSDB), irmão do ex-governador Beto Richa (PSDB) e ex-secretário de Infraestrutura e Logística e Luiz Abi Antoun, primo do ex-governador, e outras 14 pessoas, incluindo diretores de empresas de pedágio. Também foram expedidos três mandados de prisão preventiva (sem prazo). (Veja a relação na sequência).

Cerca de 400 policiais federais, auditores da Receita Federal e membros do Ministério Público Federal (MPF) cumpriram ainda 73 mandados de busca e apreensão em quatro estados: Santa Catarina (Joinville e Palhoça), São Paulo (São Bernardo do Campo, São José dos Campos, São Paulo e Jundiaí), Rio e Janeiro (Niterói) e Paraná (Ponta Grossa, Irati, Londrina, Guaratuba, Morretes, Matinhos, Maringá, Cascavel, São José dos Pinhais, Pinhais, Balsa Nova, Araucária e Curitiba).

NOTAS

A concessionária de rodovias Caminhos do Paraná se manifestou sobre o caso para a imprensa por meio de uma nota: Na manhã de hoje, 26 de setembro de 2018, a Caminhos do Paraná, assim como as demais empresas concessionárias que administram o Anel de Integração, foi alvo de uma ação da Polícia Federal ocorrida em todo o estado. Durante a ação, foram expedidos mandados de prisão temporária a executivos destas empresas, dentre eles José Julião Terbai Junior, Diretor Presidente da Caminhos do Paraná. A companhia lamenta o ocorrido e considera a prisão desnecessária, visto que tem prestado os esclarecimentos necessários e jamais negou colaboração. Reforça, também, que o Engenheiro José Julião Terbai Junior possui reputação ilibada ao longo de mais de 35 anos de atuação no setor de engenharia, no Brasil e no exterior. A Caminhos do Paraná reforça seu compromisso com a transparência e a integridade e está colaborando com a Justiça, prestando todos os esclarecimentos solicitados e visando a completa elucidação dos fatos. A empresa segue em pleno desempenho de suas atividades, com todos seus colaboradores empenhados para assegurar a qualidade dos serviços aos usuários.

O Grupo Derbli também se manifestou por meio da seguinte nota: Em relação ao fato ocorrido na manhã de 26 de setembro de 2018, temos a esclarecer que a Polícia Federal, em cumprimento a ordem expedida pela 23ª vara da Justiça Federal de Curitiba compareceu em nossa empresa com objetivo de verificação dos documentos relacionados com a Concessionária para a qual prestamos serviços, sendo cumprido o mandado de busca e apreensão de documentos.

O Grupo Derbli encontra-se a disposição da justiça para maiores esclarecimentos, bem como para colaborar com as investigações. Ressalta-se que o Grupo Derbli não é alvo da referida investigação, sendo o mandado de busca apenas em decorrência do contrato de prestação de serviço.

PRISÕES

O juiz decretou três prisões preventivas e 16 prisões temporárias. Foram alvos de prisão preventiva João Chiminazzo Neto, presidente da Associação Brasileira de Concessões Rodoviárias (ABCR); João Marafon Júnior, advogado e funcionário da Econorte; e Luiz Fernando Wolff de Carvalho, presidente do Conselho de Administração da Triunfo Participações e Investimentos.

PRISÕES TEMPORÁRIAS

Aldair Petry (Neco), que exerceu a função de diretor-geral da Secretaria de Infraestrutura e Logística;

Elias Abdo Filho, que estaria envolvido em suposto esquema de lavagem de dinheiro com Pepe Richa;

Ivano Abdo, intermediário de produção de dinheiro em espécie para as concessionárias;

Beatriz Luciana Assini, secretária de João Chiminazzo Neto na ABCR;

Evandro Couto Viana, diretor superintendente da Ecovia e Ecocataratas;

José Camilo Teixeira, diretor presidente da Viapar;

José Alberto Moraes Rego de Souza Moita, presidente da Rodonorte;

José Julião Terbai Junior, diretor presidente da Caminhos do Paraná;

Ruy Sergio Giublin, articulador e negociador de propinas pagas pela Caminhos do Paraná;

Antônio Carlos Cabral de Queiroz, funcionário do DER e Agepar;

Maurício Eduardo Sá de Ferrante, diretor jurídico da Agepar;

Luiz Claudio Luz, chefe de gabinete de Pepe Richa;

Cláudio José Machado Soares, diretor da Rodonorte;

Mario Cezar Xavier Silva, funcionário da Ecovia.

Os investigados responderão pelos crimes de corrupção ativa, corrupção passiva, fraude a licitações, lavagem de dinheiro e associação criminosa, dentre outros.

 

 

 

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