O Paraná deverá colher 40,9 milhões de toneladas de grãos na safra 2019/2020, volume 13% maior do que o produzido na safra passada (36 milhões de toneladas) e 0,5 % maior do que a estimativa divulgada no relatório anterior. A estimativa é do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento divulgada nesta quinta-feira (25) no relatório mensal da safra de grãos. A área cultivada é de praticamente 10 milhões de hectares.
O secretário estadual da Agricultura e do Abastecimento, Norberto Ortigara, lembra que o número total revelado pelo Deral é apenas 2% menor do que o recorde histórico do Paraná, que foi de 41,67 milhões de toneladas na safra 2016/2017. “As primeiras lavouras colhidas estão com um bom rendimento. Os índices mostram que talvez a redução de safra esperada por conta da longa estiagem no Paraná não seja tão grave, ainda que seja uma perda considerável”, diz.
Além disso, o Paraná teve um reajuste positivo na área de trigo, antes estimada em 1,09 milhão de hectares, o que leva a estimativa de produção para 3,7 milhões de toneladas, 72% a mais que a safra 2018/2019. “De maneira geral, os cereais de inverno registram um crescimento de área de 9% e uma produção estimada 63% superior à safra 2018/2019”, diz o chefe do Deral, Salatiel Turra. Com relação às demais culturas, o relatório do Deral consolida a perda de qualidade e produção de feijão da segunda safra devido à estiagem e às altas temperaturas. Mas a colheita evoluiu bem e está praticamente encerrada.
Mesmo num quadro de dificuldades, o relatório mensal sinaliza uma safra boa no Paraná. O secretário destaca que a maior parte das culturas tem bons preços e fluiu rapidamente, principalmente na soja, que teve sucessivos recordes de embarque nos últimos meses. “Agora caminhamos para a consolidação dos números, esperando fechar a colheita do milho de segunda safra e o avanço do plantio das lavouras de cereais de inverno para, em julho, começar a pensar na safra 20/21, que teve um bom Plano Safra divulgado recentemente pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento”, afirma Ortigara.
SOJA– O destaque deste mês com relação à soja paranaense, que somou o volume recorde de 20,7 milhões de toneladas, é o avanço da comercialização, que atingiu 88% – aproximadamente 18 milhões de toneladas, enquanto que no ano passado 63% da safra estava comercializada nesse período. “Isso é um reflexo da alta do dólar, que fez com que tivéssemos um preço mais atrativo”, explica o economista do Deral, Marcelo Garrido. Os preços da saca de 60 kg chegaram a R$ 95,00 nesta semana – há um ano, o valor era de R$ 70,00, ou seja, houve um crescimento de 36%.
A segunda safra, que já está encerrada, tem uma produção de 87 mil toneladas em uma área de 39 mil hectares. Este ano marca o retorno da segunda safra de soja ao Estado do Paraná. Para o próximo ano, a tendência é de crescimento para essa produção.
SEGUNDA SAFRA – A colheita do milho está na fase inicial, atingindo aproximadamente 4% da área. A quebra na segunda safra está sendo compensada pela alta nos preços, superior a 30% em comparação com o ano passado.
A produção estimada para a segunda safra é de 11,4 milhões de toneladas, em uma área de 2,2 milhões de hectares. Esse volume é 14% inferior ao colhido na safra passada. Com relação à estimativa inicial, a quebra é de 12%, concentrada especialmente no núcleos regionais de Campo Mourão, Cascavel e Toledo. Com a previsão de geada para a região Oeste, a perda pode ser ainda mais acentuada.
No entanto, os preços favoráveis compensam essa redução. No ano passado, por exemplo, o valor médio da saca de 60 kg era de R$ 29,00. Neste momento, o valor da saca é de cerca de R$ 37,00. “É um preço menor do que o registrado no mês passado, mais ainda assim é satisfatório. Apesar da quebra, ainda podemos considerar que essa é uma boa safra para o milho”, diz o técnico do Deral Edmar Gervásio.
Os índices de comercialização, na comparação com o ano passado, estão avançados. Até agora, 29% da safra está comercializada, contra 21% no mesmo período do ano passado. Há uma expectativa grande para a próxima quinzena, quando os técnicos terão informações mais consistentes com relação à colheita e à produtividade desta safra.
TRIGO – A cultura do trigo registrou reajuste de área em alguns pontos do Estado, somando 40 mil hectares ao valor estimado no relatório do mês passado.
Os núcleos regionais de Pato Branco e Ponta Grossa são os principais responsáveis por esse aumento. Assim, a estimativa de produção chega a 3,7 milhões de toneladas, o que representa um crescimento de 72% na comparação com o volume da safra 2018/2019. A área estimada nesta safra é de 1,1 milhão de hectares, 10% superior ao ano passado.
Aproximadamente 89% dessa área está plantada. Apesar do atraso no início do plantio, agora a situação foi estabilizada, e pode-se considerar até um adiantamento nessa etapa, com exceção da Região Norte do Estado, que registrou problemas em lavouras plantadas muito cedo. “De maneira geral, a cultura está indo bem e a produção estimada condiz com a demanda das indústrias de moagem no ano passado”, diz o engenheiro agrônomo do Deral Carlos Hugo W. Godinho.
Com relação aos preços, a saca de 60 kg de trigo é comercializada a R$ 57,00 nesta semana, enquanto que há três semanas chegou a atingir R$ 63,00. No entanto, o atual valor é considerado bom, já que os custos de produção têm ficado próximos a R$ 45,00. Ainda assim, é necessário que os produtores fiquem atentos a possíveis variações nesses valores.
FEIJÃO SEGUNDA SAFRA – A segunda safra partiu de um potencial inicial de produção de 437 mil toneladas. Agora, estima-se um volume de 263 mil toneladas – uma redução de 40%. Com relação à safra anterior, registrou-se uma redução de área de 10% e uma redução de produção de 27%. A segunda safra está 87% comercializada. Até agora, 97% da área está colhida, podendo finalizar na próxima semana.
Neste momento, outros estados brasileiros estão abastecendo o mercado. Já a terceira safra paranaense vai abastecer o mercado em agosto e setembro.
Com relação aos preços, de maio para junho houve uma queda de 11% no feijão-cores e um aumento de 1% no feijão-preto. “Daqui para frente, a tendência é que se mantenham preços menores no feijão-cores e haja equilíbrio de preços no feijão-preto”, explica o engenheiro agrônomo do Deral, Carlos Alberto Salvador. Em junho, a saca de 60 kg de feijão-cores foi comercializada, em média, por R$ 273,91, e o feijão-preto a R$ 221,75.
FEIJÃO TERCEIRA SAFRA – A produção estimada da terceira safra é de 2 mil hectares, com produção de 2 mil toneladas. De acordo com o Deral, as condições de campo não estão muito boas.
CAFÉ – A colheita evoluiu bem em junho. Por enquanto, 51% da área está colhida, acima da média de safras anteriores. No mesmo período do ano passado, o índice era de 59%. “Neste ano, temos observado um uso maior de colheitadeiras, o que tem ajudado e acelerado a colheita do café. É o caso de Carlópolis (Norte Pioneiro), município líder da produção paranaense, onde 60% da área é colhida com máquinas”, diz o economista do Deral, Paulo Franzini. Espera-se que até o final de julho o Estado tenha colhido 80% ou mais.
Quanto ao volume de produção, o relatório deste mês mostra uma perda de 10% em relação à projeção inicial. No Paraná, a expectativa de produção é de 900 mil a um milhão de sacas de café. Na avaliação do economista, a pandemia do novo coronavírus não tem prejudicado o campo, no que diz respeito à colheita do café. No entanto, a alteração nos preços de maio para junho é um fator que chama a atenção. Em maio, havia uma alta inesperada para o período, justificada pelo dólar, e o valor da saca de 60kg ficou próximo a R$ 515,00, em média. Em junho, iniciou a queda nos valores, que na terceira semana chegou a 17% – R$ 425,00. “Os produtores estavam começando a vender a nova safra e um pouco do volume da safra passada. Mas, com a queda, pisaram no freio”, diz Franzini.
A área deve ter um desempenho melhor principalmente nos núcleos regionais de Ivaiporã e Londrina. No Estado como um todo, a estimativa é de 36 mil hectares, semelhante à da safra passada, e produção de 56 mil toneladas. A produção paranaense, embora seja pequena, está concentrada na produção de cafés especiais.
MANDIOCA – O Paraná é responsável por aproximadamente 70% da produção nacional de fécula de mandioca. Com as chuvas na região Nordeste do Brasil, houve uma queda na demanda da farinha de mandioca do Paraná. A pandemia do novo coronavírus reduziu também o consumo da mandioca, já que várias indústrias estão com as atividades paralisadas. Consequentemente, os preços despencaram.
No Estado, as chuvas facilitaram o início do plantio. “Neste período, percebe-se que a maioria dos produtores está dando preferência ao plantio. Em função do preço baixo, estão postergando a colheita”, diz o economista do Deral, Methodio Groxko. Segundo ele, a maior concentração da colheita está nos meses de junho, julho e agosto.
Até agora, 42% da área foi colhida, índice apenas 2,5% menor do que no ano passado. Na última semana, a tonelada foi comercializada por R$ 337,00. Comparado com maio do ano passado, o preço é 4% maior. “No entanto, se compararmos com os custos de produção, o preço está apertado. Os produtores não estão satisfeitos”, acrescenta Groxko. A área está estimada em 141 mil hectares, 4% superior à da safra 2018/2019, e a produção em 3,1 milhões de toneladas.
CEVADA – A área cultivada com cevada está estimada em 62,6 mil hectares, semelhante à da safra passada. A estimativa de produção no Paraná é de 288 mil toneladas, 13% a mais do que na safra anterior. “A produção de cevada no Estado é bastante tecnificada, principalmente na região de Guarapuava, que já registra uma produtividade de 4.600 kg por hectare”, explica o engenheiro agrônomo do Deral, Rogério Nogueira. De acordo com o agrônomo, nas próximas duas semanas o plantio deve ser encerrado no Estado. Cerca de 30% da safra já está comercializada.
O Núcleo Regional de Guarapuava é a principal região produtora, responsável por 61% da área do Estado e com uma produção estimada em mais de 192 mil toneladas. Nesse núcleo, 70% da área de 38 mil hectares já está plantada. Segundo Nogueira, na próxima semana o plantio já deve ser concluído na região. O núcleo regional de Ponta Grossa, que também tem 70% da área plantada, é o segundo maior produtor estadual. Também foi registrada, no relatório deste mês, uma área de 770 hectares na região de Pitanga.