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O Paraná é o primeiro estado do Sul do Brasil a aderir à Estratégia Nacional de Economia de Impacto (Enimpacto), programa federal que visa incentivar negócios e investimentos no país que busquem equilibrar resultados financeiros com a geração de impactos sociais e ambientais positivos. Será criada a Política Estadual de Economia de Impacto do Paraná, iniciativa que foi confirmada nesta quarta-feira (22), durante o encerramento do programa BioCidades Empreendedoras, realizado em Curitiba. O evento, organizado pela Prefeitura de Curitiba, ocorreu no Salão de Eventos do Parque Barigui.
“O Estado servirá como uma ponta, um elo, entre os empreendedores, as empresas que querem desenvolver esse programa e as ações que devem ser adotadas pelo Governo”, explicou o coronel Fernando Schünig, coordenador estadual da Defesa Civil, que fez o anúncio da iniciativa. Segundo ele, as ações serão desenvolvidas pela Superintendência Geral do Desenvolvimento Econômico e Social (SGDES) e também pelo Comitê ESG, que é gerido pela Casa Civil do Governo do Estado. “As alterações climáticas já demonstram a importância da sustentabilidade”, lembrou, destacando o papel do poder público.
“O Estado é o grande promotor dessas ações, com participação de várias secretarias e órgãos. Temos que desenvolver políticas sociais e ambientais que minimizem esses impactos”, afirmou Schünig. “A Defesa Civil, por exemplo, sempre atuou apenas na resposta a desastres. Hoje, com as ações das políticas desenvolvidas pelo Governo do Estado, conseguimos trabalhar com prevenção e já estamos participando também da recuperação econômica dos municípios atingidos”, complementou o coronel.
“Mais do que aderir à Estratégia Nacional, o Paraná está estruturando um modelo próprio de governança e fomento, que une técnica, propósito e impacto real”, afirmou Thaís Oliveira Santa Clara, assessora Jurídica da SGDES.
A ideia é que o Governo do Paraná atue como indutor, articulador e coordenador dessa política estadual, servindo como um polo nacional e internacional de inovação e impacto socioambiental, capaz de atrair recursos, capital produtivo e parcerias estratégicas. Ela tem como premissa integrar poder público, setor privado, academia e sociedade civil com o objetivo de promover um modelo econômico sustentável, inclusivo e inovador.
MARCO PARA O PARANÁ – O grupo que discutiu e desenhou as minúcias dessa nova política estadual foi composto pela SGDES, pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), do Governo Federal; e pelo Grupo de Articulação Pró-Simpacto (GAS) – que é uma rede informal que reúne atores da esfera pública e privada de todo o Brasil, com o propósito de promover um ambiente institucional e normativo favorável para o desenvolvimento de Investimentos e Negócios de Impacto no Brasil.
Representando o Pró-Simpacto no Estado, Thaís Oliveira Santa Clara, da SGDES, destacou o papel do Paraná na consolidação da agenda de impacto e a sinergia com o trabalho conduzido pelo Comitê ESG. “A Política Estadual de Economia de Impacto nasce como um marco para o Paraná, que já possui um ambiente institucional e normativo preparado para impulsionar esse ecossistema”, disse ela.
O trabalho da SGDES, em articulação com o Comitê ESG da Casa Civil e o GAS, reforça a capacidade do Estado de integrar sustentabilidade, inovação e desenvolvimento econômico em uma mesma agenda”, enfatizou.
Ponto focal da sociedade civil no GAS para essa discussão multissetorial, a especialista em ESG, Silvia Elmor, coCEO da organização Maré venture builder, entende que a elaboração de uma política supre uma demanda que já existe há bastante tempo no Paraná. “Vamos dizer que é formalização do ecossistema, porque ele já existe aqui no Estado. Temos já mobilizados muitos atores – empreendedores, organizações intermediárias, investidores. Mas até então eles não tinham essa formalização, não tinham essa segurança jurídica, não tinham os mecanismos que vamos criar para acessar capital, para acessar uma pesquisa ou para ter acesso a dados, por exemplo. Passamos a ter uma formalização e um amadurecimento desse ecossistema”, contou.
ALCANÇAR ESULTADOS – São várias as formas que essa iniciativa se propõe a alcançar os resultados estabelecidos. Uma delas é fomentar a criação e o fortalecimento de negócios de impacto, como explica Silvia Elmor. “Empresas de impacto, de acordo com a definição nacional que se busca padronizar, são empresas, negócios ou soluções que têm como objetivo resolver um problema social e ambiental, mas com a lógica do mercado. Significa que eles podem ter lucro fazendo algo que traga um impacto positivo.
“São negócios que em algum momento podem receber apoio financeiro, mas que a partir do momento que forem amadurecendo, conseguem ter sustentabilidade financeira e caminhar com suas próprias pernas, sem precisarem de subsídio”, concluiu. Uma das muitas opções possíveis de viabilização é a mobilização de investimentos de impacto por meio de capital misto – público e privado.
Outro papel importante desempenhado pela Política Estadual de Economia de Impacto do Paraná é estimular o desenvolvimento de organizações intermediárias, tais como incubadoras, aceleradoras e venture builders, cujo trabalho é conectar empreendedores e investidores. Ela propicia, da mesma forma, o acesso a uma assistência técnica especializada para lapidar os projetos, facilitando o acesso a recursos financeiros.
Em âmbito federal, quem lidera a Enimpacto é o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, meio do Departamento de Novas Economias de sua Secretaria de Economia Verde, Descarbonização e Bioindústria,
EVENTO – O BioCidades Empreendedoras é um programa internacional que, neste ano, impulsionou em Curitiba, entre abril e outubro, o surgimento de 52 negócios de impacto com foco na restauração de ecossistemas urbanos, fortalecimento da bioeconomia e promoção da resiliência climática.
A agenda contou ainda com uma feira com 50 expositores, incluindo espaços para 30 startups finalistas e um encontro para estreitar as conexões entre os ecossistemas de impacto socioambiental de São Paulo e Curitiba.
A iniciativa é uma parceria da Prefeitura de Curitiba, por meio da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Inovação e da Agência Curitiba, com o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) e a Bridge for Billions, com apoio do governo alemão. Esta foi a segunda edição no Brasil. Além da gestão do Instituto Legado, teve apoio técnico da Fundação Grupo Boticário e do Instituto de Cidadania Empresarial (ICE).





Paraná adere à Estratégia Nacional de Economia de Impacto
Fotos: Geraldo Bubniak/AEN