Irati PR, 15:02, 11°C

Em entrevista, domador compartilha sua trajetória e os princípios da técnica que valoriza o respeito e a conexão entre quem conduz e o cavalo
Foto: Leandro Bianco

Leandro Bianco

Com uma trajetória marcada pela convivência diária com os cavalos, o domador Osmar Telles construiu ao longo de 45 anos um método próprio de doma, que ele batizou de “doma passo a passo”. Natural de Vacaria (RS) e morador de Fernandes Pinheiro há mais de três décadas, Osmar se dedica exclusivamente ao trabalho com equinos desde os 13 anos de idade.

“Eu, desde pequeno, desde que me conheço, mexo com cavalo. Nunca mexi com outra coisa”, conta. A relação com os animais vem do tempo em que acompanhava o pai nas lidas de fazenda. “Tinha vezes que eu sumia, quando eu era pequeno, eu me lembro. Eles vinham me procurar e eu estava deitado lá nas cocheiras, junto com os cavalos.”

A entrevista com Osmar foi realizada durante o 35º Rodeio Crioulo de Integração de Irati, ocasião em que ele detalhou sua técnica e falou sobre os princípios que orientam seu trabalho. “Eu tenho a minha doma, que eu chamo de doma passo a passo, em que vou respeitando os limites do cavalo, as fases dele, até chegar ao ponto de ele estar domado. É uma doma sem trauma, bem tranquila.”

O método, segundo ele, nasceu da combinação entre diferentes linhas de aprendizado. “Eu fiz curso de doma racional, fiz curso de doma índia e, daí, misturei com a doma tradicional. Então, eu fiz um método meu, assim, e fica bem mais fácil de mexer. O cavalo não pula, então fica um cavalo bem mais tranquilo.”

Para Osmar, o primeiro princípio da doma passo a passo é o respeito. “A docilidade vem com o respeito que você tem por ele, e ele fica muito amigo da gente, fica companheiro. Por isso eu optei por essa linha de trabalho.”

Hoje, ele recebe animais de diferentes regiões do Brasil e até de fora do país. “Já domei cavalos do Paraguai, vêm cavalos de longe. Inclusive, eu domei a Freio de Ouro 2018, que é a Independência do Espigão”, relembra com orgulho.

O cavalo me deu tudo que eu tenho.

Osmar Telles

Segundo Telles, a doma começa do chão, sem imposições, até conquistar a confiança do animal. “Não monto direto neles. Eu vou ganhando eles. Eu não vou impondo as coisas para eles. Conforme eles forem aceitando as coisas, eu vou trabalhando com eles.” Antes de montar, Telles realiza todo o processo de dessensibilização: “A primeira coisa que eu faço neles é tirar a sensibilidade de cócegas deles, que é passar a mão, pegar neles, erguer a pata. Quando eu monto neles, eles já estão bem mansos.”

O tempo médio de treinamento varia de cinco a seis meses, podendo se estender por até um ano, dependendo do objetivo. “Na verdade, o animal fica bom de um ano para frente. Mas a doma, hoje, é cinco, seis meses, por aí que fica comigo.”

O método é aplicado tanto em cavalos de passeio quanto de competição. “A minha doma pode ser para qualquer coisa: para andar, para passeio, para competição, para laço, para prova do freio. Aí depende. Depois que eu domo, daí tem que direcionar para a prova que a pessoa quer.”

Para o domador, o sinal mais claro de que o cavalo está pronto é a relação de confiança. “O que ele precisa é não ter medo da gente. Você pegar ele, encilhar, e ele ser tranquilo. Se for pegar ele num piquete ou numa mangueira, ele vir até você. Então, ele tem que ser amigo teu, tem que estar conectado com você.”

Um dos princípios da doma passo a passo é evitar ao máximo o uso da força, já que os equinos são animais extremamente sensíveis. “Quanto menos força você usar, mais ele te obedece. O cavalo tem que ser submisso à tua mão, aos teus comandos.”

Osmar também destacou a representatividade do cavalo como base de sua vida. “Para mim, representa tudo. Na verdade, o cavalo me deu tudo que eu tenho, me deu minha família, criei meus filhos através deles, estou ajudando a criar meus netos. Então, para mim, o cavalo é tudo.”

Essa paixão se transformou em legado dentro da própria família. “Meu filho laça junto comigo, minhas filhas, minhas netas andam a cavalo, então estamos todos envolvidos através do cavalo.”

Além da vivência nas competições e no campo, o cuidado com os animais é parte essencial da rotina de domas. E esse trabalho envolve toda a família de Osmar. Seu filho, que é veterinário, cuida da saúde dos cavalos, enquanto outros colaboradores auxiliam na cocheira e no manejo diário.

Para quem deseja conhecer mais sobre seu trabalho ou contratá-lo, o contato pode ser feito pelo WhatsApp (42) 9981-7523. Osmar também compartilha cenas do dia a dia com os cavalos no Instagram, no perfil @osmar.telles.3705.

Leia outras notícias