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Comitiva paranaense visita o RS, ouve produtores e discute nova lei para venda híbrida do tabaco nas propriedades
Foto: Nilton Pabis

Esther Kremer com reportagem de Nilton Pabis

Uma comitiva formada por prefeitos de municípios produtores de fumo da região, agricultores, o gerente da Afubra Irati e Imbituva, Lazaro Bock, e o deputado estadual Alisson Wandscheer, relator do projeto de lei que trata da compra de fumo diretamente nas propriedades rurais, conhecido como “compra no paiol”, esteve no Rio Grande do Sul durante o início dessa semana. O objetivo da visita técnica foi analisar, in loco, o funcionamento do modelo adotado no estado e levantar ideias para o aperfeiçoamento da proposta que tramita na Assembleia Legislativa do Paraná.

A agenda da comitiva incluiu reuniões com entidades representativas da cadeia produtiva do tabaco, como a Associação dos Fumicultores do Brasil no Rio Grande do Sul (Afubra), além de encontros com a Amprotabaco e representantes de empresas do setor. Também foram realizadas visitas a propriedades rurais na região de Santa Cruz do Sul, agenda construída pela Afubra do RS, considerada referência nacional na produção de fumo.

Entre os prefeitos presentes estavam representantes dos municípios de São Mateus do Sul, com a prefeita e vice-presidente da Amprotabaco, Fernanda Sardanha, o prefeito de Rio Azul e presidente da Amcespar, Leandro Jasinski, Mário Cezar da Silva, de São João do Triunfo, o prefeito Douglas Modesto de Ipiranga, e o prefeito de Veracruz e presidente da Amprotabaco, Gilson Becker. Agricultores paranaenses também acompanharam a missão, com destaque para produtores de Rio Azul e São Mateus do Sul, que participaram das discussões e compartilharam suas experiências.

Comitiva esteve por dois dias no Rio Grande do Sul aprimorando conhecimentos sobre a lei da compra de fumo diretamente no paiol – Foto: Nilton Pabis

Segundo o prefeito Leandro Jasinski, é um projeto importante e que influencia diretamente na vida do produtor. “Vai influenciar na vida de todos os municípios que dependem dessa cultura tão importante. Estamos animados com o que nós encontramos nesta visita, saímos com muitas informações para agregar nesse projeto, que com certeza será muito bem pensado, bem elaborado e vai trazer, com certeza, benefícios para o produtor, para melhorar ainda mais essa cadeia produtiva que funciona há tantos anos e movimenta os nossos municípios”, disse.

DEPUTADOS AUTORES DA PL

A Comissão Especial para discussão do PL é composta por nove autores do projeto, os deputados Maria Victoria (PP), Alexandre Curi (PSD), Anibelli Neto (MDB), Hussein Bakri (PSD), Luiz Cláudio Romanelli (PSD), Luis Corti (PSB), Marcelo Rangel (PSD), Professor Lemos (PT) e Moacyr Fadel (PSD); além de outros parlamentares que desejarem participar.

A proposta contida no PL 119/2023 não é inédita na Assembleia Legislativa: ao menos outras duas tentativas semelhantes já haviam sido feitas. A primeira delas foi em 2015, quando o então deputado Marcio Pauliki apresentou um projeto com teor similar, que acabou sendo arquivado. Mais recentemente, em 10 de março de 2025, o deputado estadual Luiz Cláudio Romanelli (PSD) protocolou o PL 110/2025. Diante da semelhança entre os textos, esse novo projeto foi apensado ao PL 119/2023, que, até então, ainda não havia começado a tramitar nas Comissões. O PL 119/2023 é assinado pelos deputados Alexandre Curi, Anibelli Neto (MDB) e Maria Victoria (PP).

Na foto, a equipe da comitiva paranaense na propriedade do produtor Giovanni Weber – Foto: Nilton Pabis

IMPORTÂNCIA DO CONHECIMENTO “IN LOCO”

Durante as visitas, a comitiva buscou compreender os efeitos da legislação gaúcha sobre a comercialização do fumo diretamente nas propriedades. Segundo os relatos dos produtores locais, o modelo tem proporcionado bons resultados, embora ainda haja pontos a serem aprimorados. A equipe também pôde observar diferentes formas de comercialização utilizadas pelos agricultores, como vendas únicas ou parceladas ao longo da safra.

O deputado e relator do projeto, Alisson Wandscheer, destacou que as informações coletadas durante a missão técnica serão fundamentais para a elaboração de um projeto de lei consistente e adaptado à realidade dos fumicultores paranaenses. “Nós queremos fazer uma lei que atenda e beneficie o fumicultor. Mas nós temos que fazer uma lei que também fique a contento para quem compra. Precisamos de equilíbrio”.

“Nós queremos fazer uma lei
que atenda e beneficie o
fumicultor. Mas nós temos que fazer uma lei que também fique a
contento para quem compra.
Precisamos de equilíbrio”

Alisson Wandscheer

Quando questionado sobre qual é a informação de maior destaque para levar até os outros deputados, Alisson diz que “a possibilidade de o fumicultor, quando achar prudente, ir até o local de venda, na esteira, podendo ir até a indústria vender aquilo que é seu. Foi o que eu senti na fala do produtor Giovanni, onde ele diz que é a favor, que quer vender no paiol, mas que também gostaria da outra opção, de ir até a indústria vender”.

A prefeita Fernanda Sardanha também comentou sobre as informações obtidas e o quanto irão agregar no projeto. “Informações necessárias e importantes para que esse projeto de lei no Paraná seja extremamente discutido e avaliado, os vários segmentos que envolvem a cadeia produtiva. Principalmente valorizando a nossa agricultura familiar e vendo quais as melhores condições. Essa missão técnica buscou aperfeiçoar e subsidiar informações para que o projeto do Paraná seja ainda melhor e que venha realmente de encontro com a necessidade dos nossos agricultores”, relata a prefeita.

NA PROPRIEDADE

Apenas dois produtores foram visitados, devido ao volume de chuva no estado, porém, o produtor de tabaco e influencer digital, Giovanni Weber, de Santa Cruz do Sul (RS), que mostra diariamente sua rotina com o fumo na internet e tem milhares de seguidores, falou sobre os benefícios da lei. Ele recebeu a comitiva em sua propriedade para apresentar, na prática, o funcionamento da compra de fumo no paiol.

Giovanni incentivou os fumicultores do Paraná a participarem das discussões sobre a nova lei e reforçou a necessidade de união em prol da categoria. “É um momento que não se olha partido político. É um momento de união em prol do fumicultor. E os fumicultores têm que fazer presença quando há mobilizações para debater essa situação. E a minha mensagem é que tenhamos uma boa safra e que, quem sabe, ano que vem, vocês, paranaenses, também consigam comercializar o tabaco na propriedade”.

O projeto foi discutido amplamente pelos presentes durante os dias de visita ao estado do RS – Foto: Nilton Pabis

VISÃO DA INDÚSTRIA

Durante visita à indústria de cigarros BAT, no Rio Grande do Sul, o vice-presidente do Sinditabaco, Paulo Cezar Favero, apresentou à comitiva os impactos da lei no estado. Segundo ele, os principais entraves para a indústria incluem a dificuldade de acesso e visualização adequada dos fardos para classificação, o aumento expressivo nos custos logísticos e a limitação de avaliar a qualidade do produto. “Parabenizo esta comitiva paranaense pelo trabalho em ouvir todas as partes. O equilíbrio sempre vai ser mais positivo. Nós estamos à disposição, o Sinditabaco está à disposição e queremos ajudar para que tenha uma lei que seja adequada à realidade do modelo produtivo existente hoje no Brasil”, disse.

AFUBRA

A Afubra do estado visitado também recebeu a comitiva na sede. A lei que obriga a classificação do fumo na propriedade foi promulgada no Rio Grande do Sul após longa tramitação na Assembleia Legislativa. Inicialmente suspensa por uma ação judicial, a norma foi considerada constitucional e passou a vigorar a partir da safra atual. O tesoureiro da entidade, Fabricio Murini, diz que o primeiro ano tem sido considerado um período de transição, com desafios tanto para os produtores quanto para as empresas. “Essa lei não muda nada o compromisso do sistema integrado, por isso reforçamos que essa lei muitas vezes ela traz uma necessidade melhor do produtor, principalmente olhando aquele produtor que está mais distante da empresa integradora, que ele tem a oportunidade de ter a garantia da classificação na sua propriedade. É importante a gente salientar que ambos possam ganhar tendo um bom sistema integrado, por isso que a gente preza por esse sistema”.

A comitiva retorna ao Paraná com o compromisso de consolidar um relatório técnico a partir das experiências observadas no Rio Grande do Sul. Esse material deverá embasar as próximas etapas de tramitação e debate do projeto de lei, com o objetivo de garantir segurança jurídica e melhores condições de comercialização para os produtores de tabaco do estado.

Compra do fumo no paiol é uma realidade que cada vez mais próxima do produtor paranaense – Foto: Nilton Pabis

O prefeito de Ipiranga, Douglas Modesto, agradeceu ao apoio dos envolvidos no projeto de lei paranaense. “Viemos direto no produtor para ver tudo aquilo que funciona e algumas coisas que ainda precisam ser aprimoradas nesse projeto. A nossa contribuição é para formalizar uma lei que realmente vai beneficiar o nosso produtor e que todos sejam beneficiados. O nosso objetivo é olharmos todos os lados, para que a gente leve para o Paraná a melhor lei possível para o nosso produtor rural. Agradecemos a todos os envolvidos neste grande projeto”.

O prefeito de São João do Triunfo, Mário Cezar da Silva, disse que “tivemos a oportunidade de conversar com os fumicultores para que nós possamos saber como está sendo a aplicação desta lei, quais são os benefícios e quais as dificuldades. Eu quero parabenizar o deputado Alisson, relator da PL. Seguimos em frente com esse compromisso, porque os nossos municípios dependem muito dos agricultores, dos fumicultores para sua economia”.

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Fotos: Nilton Pabis



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