No fim de semana, o bispo Dom Sergio Arthur Braschi, da Diocese de Ponta Grossa, esteve em Irati e celebrou uma missa na Paróquia São Miguel, onde anunciou que será iniciado o processo de beatificação do Padre Wenceslau, também conhecido como o Padre Doutor. A comunidade católica recebeu a notícia com muito entusiasmo e, uma das grandes contribuições para este feito foi o livro lançado, recentemente, contando sobre a vida do sacerdote.
Um dos personagens de destaque na história do município pode receber uma nova ascensão. A trajetória de Wacław Szuniewicz – nome de batismo do Padre Wenceslau, deverá ser investigada quando iniciarem os estudos sobre sua vida para o processo de beatificação. Quem trouxe a boa nova à comunidade foi Dom Sergio: “Como o arcanjo de Deus na gloriosa noite do nascimento do Salvador, eu repito: Eis que vos anuncio uma grande alegria. O anúncio que nos chegou pelo superior geral dos padres vicentinos é de que abriremos a causa de beatificação e, futuramente, a canonização do Padre Doutor, que será santo para a alegria de Irati e de toda a nossa Diocese”, comemorou Braschi em entrevista à Folha.
Nascido na Polônia em 1892, o Padre Wenceslau estudou Medicina e se especializou em pediatria e oftalmologia. Durante sua peregrinação como sacerdote, ele passou por países como Estados Unidos e China – neste último país, há um hospital que leva o seu nome que tem, à frente, um monumento em sua homenagem pelo trabalho, que é reconhecido mundialmente, na oftalmologia.
Em Irati, o Padre Doutor viveu entre 1956 e 1963 – ano em que faleceu, e seus restos mortais estão depositados no Cemitério Municipal. “Uma vida tão rica e santa como foi a do Padre Wenceslau não poderia ficar restrita apenas às pessoas que o conheceram. A maioria de nós, mais novos, não o conheceu e é preciso que esta vida resplandeça em toda a terra, por meio deste processo de beatificação e, mais tarde, canonização”, explicou o bispo.
COMO É O PROCESSO DE BEATIFICAÇÃO
Segundo Dom Sergio, a Diocese de Ponta Grossa é que deverá abrir o processo, começando pela pesquisa de onde ele viveu nos últimos tempos e terminou sua vida, no caso, em Irati. Porém, este procedimento, acontecerá de maneira concreta, a partir das orientações que a Diocese receberá.
“Certamente, precisaremos das pessoas que o conheceram, que deram seus testemunhos ao livro e outras que poderão testemunhar serão contatadas para que se possa desenvolver o estudo”, explica. Todas as informações serão enviadas ao Vaticano à Congregação para a Causa dos Santos. O Paraná ainda não tem um santo e o Padre Wenceslau pode ser tornar o primeiro.
COMO A COMUNIDADE PODE COLABORAR
Representando a Paróquia São Miguel, o Padre Luiz Mirkoski, relata que, no momento do anúncio, a comunidade recebeu a notícia com muita alegria. “Ficamos todos entusiasmados e surpresos com a possibilidade de vivermos um processo tão bonito de uma beatificação e possível canonização para Irati, nossa Diocese e para o Paraná”, descreve. E, para que o trabalho seja enriquecido, será necessária a ajuda da comunidade.
“Nós temos muitas pessoas que conviveram com o Padre Wenceslau aqui em Irati, são testemunhas vivas. Então, todo o tipo de material é uma prova, tanto a escrita, como fotos, gravações e testemunhos serão buscados. Primeiramente, podemos ajudar com os que viveram com o Padre Doutor. Além disso, vamos contar com os registros de consultas que ele fazia e o livro agora que já está ajudando bastante”. Mirkoski solicita aos que tiverem algum tipo de registro relacionado ao Padre, que entrem em contato com a Paróquia.
LIVRO O GENIAL PADRE DOUTOR
Uma das peças fundamentais para despertar o interesse neste processo de beatificação foi a biografia ‘O Genial Padre Doutor’, escrita por Herculano Batista Neto e lançada no dia 1º de julho deste ano. Foram mais de 10 anos de pesquisa e o escritor ficou sensibilizado com a possibilidade de seu personagem, pessoa que admira muito, se tornar um beato e, futuramente, santo.
“Estivemos em Curitiba no dia 26 de setembro, fomos convidados à comemoração do Jubileu de Ouro da Província do Sul dos Vicentinos. O superior geral, junto com o bispo Dom Sergio, foi quem me comunicou a respeito disso. Foi muito emocionante. Acatei a notícia com a mesma emoção de muitos iratienses que estão sabendo disso agora. Além da surpresa e da emoção, tem o meu contentamento pessoal”, diz Batista.
Ele relata que o resultado de sua obra era fazer com que uma grande personalidade fosse reconhecida pelas pessoas mais novas e que pudesse, voltar à tona, coisas que estavam deixadas no passado, no que diz respeito à valorização da vida e trajetória do Padre. “Será um processo longo. Terão que ser estudados todos os lugares por onde ele passou e o destino quis, que aqui, ele terminasse seus dias. Ficamos na motivação, tanto pelo lado espiritual, quanto histórico por isso”. Herculano fica na torcida para que este processo se torne oficial.