Leandro Bianco
No norte de Prudentópolis, a cultura do maracujá vem crescendo ano após ano, consolidando-se como uma das principais atividades da agricultura familiar local e posicionando o município entre os maiores produtores da fruta no Paraná. Para esta safra, a projeção da Secretaria Municipal de Agricultura é de que mais de 3 mil toneladas sejam comercializadas, movimentando cerca de 8 milhões de reais na economia local.
De acordo com o prefeito Adelmo Klosowski, o maracujá tem sido estratégico por se adaptar bem às pequenas áreas e aproveitar a mão de obra familiar, se tornando o “carro-chefe” da fruticultura em Prudentópolis. “É uma coisa muito importante, porque você diversifica a pequena propriedade rural. O maracujá vem se destacando principalmente no norte do município, onde o clima é mais tropical, mais quente. Está evitando bastante o êxodo rural, porque, em pequenas áreas, você consegue levantar um valor significativo”, afirmou.
O avanço da cultura do maracujá em Prudentópolis tem sido acompanhado por ações técnicas na região norte do município, onde a Secretaria de Agricultura presta atendimento direto aos produtores. Entre os profissionais que atuam na área estão os técnicos Ambrozio Jak, conhecido como Xororó da Agricultura, e Renan Kremes. “Trabalhamos junto, lado a lado com o produtor, desde a escolha da área, na parte de fertilidade do solo e todo o manejo da cultura, colheita e pós-colheita, ensinando-os a produzir de forma correta e buscando rentabilidade, que é uma boa remuneração, não só para o produtor, como para o grupo familiar”, destaca Renan.
Atualmente, a principal destinação da produção no município é para a indústria de polpa, embora alguns produtores já estejam começando a acessar o mercado de mesa. “Recentemente, houve um aumento muito expressivo na produção de maracujá dentro do nosso município. Este ano, tivemos um crescimento significativo tanto no número de produtores quanto na produção. O pessoal aumentou as áreas de plantio, e a expectativa agora é de termos uma grande safra”, contou Xororó.
RELATOS DOS PRODUTORES

Foto: Leandro Bianco
O maracujá tem mudado a realidade de muitas famílias no interior de Prudentópolis. Em Marrecas de Baixo, o produtor Hélio Kawka cultiva a fruta há cerca de dez anos e conta que, antes disso, com o cultivo de feijão, o retorno financeiro era limitado — uma situação que, segundo ele, mudou com a chegada do maracujá. “Melhorou bastante. Na época do feijão, a gente trabalhava, passava de ano pra ano tentando fechar as contas. A partir do tempo que entramos no maracujá, começamos a gastar mais e sobrar um pouquinho de dinheiro. Hoje, praticamente tudo o que a gente tem na propriedade é do maracujá. Ele conseguiu dar um pouquinho mais de conforto na nossa vida”.
Para Hélio, além da viabilidade econômica, o principal benefício é poder trabalhar exclusivamente com a própria família, sem depender de grandes áreas ou maquinários. Com cerca de cinco mil pés em três hectares, a expectativa de produção nesta safra chega a 90 mil quilos.
Quem também viu mudança na rotina e nas perspectivas foi o casal Elivelton Caetano Pinto e Vanessa Prezaniuk, da localidade de Poços dos Anzóis. Iniciantes na cultura, eles plantaram 1.500 pés e já colhem os primeiros frutos. “Tentamos variar a produção, porque a gente trabalhava só com a soja e o feijão. Então, a gente tentou buscar uma renda a mais para a nossa família”, ressalta Vanessa.
O casal relatou que o cultivo do maracujá tem contribuído significativamente para a rentabilidade da propriedade. Segundo eles, os custos com mudas, adubo e estrutura, como os arames, já foram cobertos com a produção atual. Além disso, destacaram que a colheita superou a expectativa inicial. “A gente já está bem satisfeito com o que colheu até agora”, afirma.
CAMPO EXPERIMENTAL
Para incentivar e fortalecer a produção, o município prepara a implementação de um campo experimental, que será instalado na região norte. O objetivo é testar como diferentes cultivares de maracujá se comportam no clima da região. “Vamos trazer 17 cultivares de maracujá para um campo experimental e equiparar entre elas produtividade, rendimento de polpa, diâmetro da casca, tamanho dos frutos e peso dos frutos”, explica Renan, sobre o espaço que também será utilizado em ações práticas com os produtores, como dias de campo voltados ao manejo da cultura.