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Folha de Irati, 23:17, 22°C

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“O cabelo para a mulher é algo muito importante. Se o cabelo amanhece bonito é como se nós tivéssemos amanhecido com um dia melhor”. A fala é de uma mulher privada de liberdade que, em uma ação inédita, mobilizou outras quatro colegas de cela, na Cadeia Pública de Corbélia, no Oeste do Paraná, para juntas doarem os cabelos à pacientes em tratamento contra o câncer.

A iniciativa foi inspirada em um momento crítico, depois que a jovem de 23 anos presenciou a avó e a tia enfrentarem o câncer de mama. “Meu cabelo me passou alegria e força e quero, com esse gesto, que passe para uma mulher que enfrenta a doença”, completa.

Ela explica que as duas, hoje curadas, precisaram da solidariedade de toda a família. “O importante é ter saúde. Não é um problema doar, pois vai crescer novamente. Os cabelos das pacientes em tratamento vão demorar mais um pouquinho. Esse gesto fará bem neste momento de necessidade”, afirma.

A história chegou ao conhecimento do Setor de Projetos e da Coordenação Regional da Polícia Penal de Cascavel, que fez contato com o Hospital do Câncer de Cascavel (Uopeccan) para organizar a logística da doação.

Segundo o coordenador regional da Polícia Penal, Thiago Correia, o gesto solidário é uma forma de mostrar à sociedade que a reinserção social é possível com humanização.

“O tratamento penal precisa ser dinâmico, precisamos ter a sensibilidade de reconhecer quando mulheres reclusas têm gestos como esse. A Polícia Penal apoiou para que este dia fosse diferente na vida dessas mulheres e que possa virar motivo de inspiração para outras pessoas dentro e fora do sistema prisional”, destaca Correia.

Nesta semana, com escolta da Polícia Penal, as cinco mulheres privadas de liberdade foram levadas a um salão de beleza, em Cascavel, indicado pelo Hospital do Câncer. Além de doarem os cabelos, elas receberam tratamento capilar e puderam escolher os cortes para um novo visual.

A cabeleireira Adriana Pereira dos Santos, que atendeu as detentas, produz perucas há oito anos – ela já confeccionou e entregou mais de 150 unidades para pacientes em tratamento oncológico.

“Eu já era voluntária do Hospital do Câncer. Tinha muitas doações de cabelo, porém, não havia profissionais para confeccionar as perucas. Me ofereceram um curso e comecei a produzir para doar ao hospital”, conta a cabeleireira.

A diretora da Legião Feminina de Combate ao Câncer do Uopeccan (LFCC), Edna Saes Lazzarini, alerta que os casos de câncer de mama, um dos mais incidentes, são crescentes, mas que um exame simples ajuda na prevenção e combate da doença. “É importante que toda mulher faça, ao menos, uma vez ao ano, o exame de mamografia, principalmente para aquelas acima de 40 anos. É um exame oferecido pelo Sistema Único de Saúde, ou seja, não possui custo algum”, diz.

A doação de cabelos para a confecção de perucas, acrescenta ela, tem grande valor. “É um ato de amor, uma vez que essa doação possibilita a confecção de perucas destinadas a mulheres em tratamento contra o câncer, melhorando a autoestima, uma forma de amenizar esse período”, arremata.

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