A moradora de Mallet, Nicole Aparecida Lopes Frankio, de 19 anos, é um dos casos confirmados do município. Em entrevista, também por vídeochamada, contou como estão os dias em casa. Ela está em isolamento e se recupera da doença, não apresenta mais sintomas, mas no começo não foi assim.
Assista a entrevista em vídeo:
Os primeiros sintomas apareceram no dia 16, dor no peito, uma pequena falta de ar e febre, porém, acabou prolongando para procurar ajuda médica, quando, no dia 19, foi ao hospital, e as dores estavam mais fortes. Ela apresentava febre e estava com as amídalas inchadas, receitaram um medicamento e ela foi para casa.
Nicole contou que o hospital encaminha relatórios às equipes da Vigilância Epidemiológica, e entraram em contato com ela para fazer o exame, pois as dores que sentiu poderiam ser sintomas de coronavírus.
Assim, a enfermeira Aline foi até a residência dela onde fizeram o teste rápido, o qual deu positivo. Desde o dia em que soube que poderia estar com o vírus a paciente não saiu mais de casa. Como mora com a mãe, pai e irmã, eles também foram testados, a mãe e a irmã resultaram negativo para o teste rápido. Nicole conta que a mãe tem rinite e estava com ela “atacada”, por isso, fez o exame de PCR e aguarda o resultado. Já o pai estava em viagem e deve fazer o teste rápido nesta sexta-feira (03), devido ao tempo em que precisa para ser coletado o sangue para teste.
A moradora de Mallet comenta que o namorado também teve resultado positivo para a doença, mas ele não apresentou nenhum sintoma, assim como no caso de Nicole, a família dele também fez o teste rápido, o qual resultou negativo. Já o pai do namorado precisou fazer o PCR, pois apresentou alguns sintomas, e também aguarda o resultado.
Nicole conta que agora está bem e aceitando a doença, porém quando soube que poderia estar com o vírus entrou em desespero, pois não esperava que estivesse tão próximo, mesmo que o município tenha casos confirmados, ela não conhecia nenhum paciente para poder ter contraído de algum deles.
“Eu não tinha ideia de que poderia ter o coronavírus, para mim estava fora da realidade. Quando me ligaram que eu tinha que ficar em isolamento porque isso poderia ser um sintoma, eu entrei em desespero, chorei o dia todo, porque estava muito desesperada. Querendo ou não, eu estou bem, não precisei ser internada, mas tem gente morrendo por causa disso. Entrei em desespero total, não conseguia reagir, com medo de ter passado para os meus avós, para minha mãe que é do grupo de risco, foi extremamente complicado para mim”, disse.
Tanto Nicole como o namorado, e suas respectivas famílias, estão em isolamento, assim como os contatos que tiveram. Ambos não sabem como contraíram o vírus, pois tomaram todos os cuidados. Seu namorado é ajudante de caminhoneiro, e eles acreditam que ele possa ter trazido o vírus de alguma de suas viagens. É Nicole que faz as coisas em casa, quando precisa sair, ir ao mercado, farmácia, pois o pai viaja a trabalho e a mãe é do grupo de risco, ela também ajuda os avós neste sentido.
Durante o isolamento, e como os pais não estão infectados com o coronavírus, Nicole tem uma vida bem diferente do que estava acostumada. Ela, que diz ser bastante ativa, fica somente no quarto, para comer a mãe deixa o prato na porta, e tudo é lavado separado dos demais e esterilizado com álcool. A mãe, que aguarda o resultado do exame, dorme em quarto separado do pai e da outra filha, para evitar o contato. Se for confirmado o caso da mãe, Nicole ficará mais alguns dias em isolamento.
Em relação ao atendimento que teve, ela destaca que foi muito bem atendida pela equipe de Saúde, “já de imediato pediram para eu ficar no quarto, longe dos meus pais. No sábado, a enfermeira de plantão a Aline me perguntou com todas as pessoas que eu tive contato, os locais que eu tinha ido, e eu repassei. Eles estão monitorando, fizeram testes nos meus avós, e conversamos pelo WhatsApp e expliquei tudo, como tinha sido se foi rápida a conversa e ela fez os testes e deram negativos”, conta.
Apesar de já estar encerrando o isolamento, Nicole comenta como se sente neste momento. “É uma situação extremamente complicada, sou uma pessoa muito ativa, gostava muito de sair. Segui todas as medidas, mas todo o cuidado é pouco, as dores foram fortes, mas não tanto que eu precisei ser internada, então, graças a Deus estou em casa, bem, e meus sintomas já passaram”.
Assim como Pedro, ela deixa uma mensagem às pessoas que foram infectadas com o coronavírus. “A gente precisa entender que esta é a nossa realidade, não é algo de outro mundo, esta aqui e agora, e podemos contrair em qualquer lugar. Temos que cuidar para não julgar os outros sem saber como aconteceu, de onde pegou, porque ouvi comentários maldosos, garanto que as pessoas daqui também ouviram, mentiras, inventar coisas, é horrível, mas só a gente sabe o que aconteceu”, observa.
Ela também agradece a apoio que teve. “Eu queria agradecer as pessoas que me apoiaram, a minha família, aos meus amigos, alguns deles, alguns não conseguiram entender a situação. Mas a todos que me apoiaram, ao meu namorado também a família dele”.