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A greve completa cinco dias, mas a previsão é que os serviços retornem na próxima semana
A situação da empresa é um problema que se alastra por vários anos e crise aumenta - Foto: Arquivo Folha de Irati

Esther Kremer

O transporte público do município de Irati enfrenta uma nova crise. Os funcionários da empresa Transiratiense estão em greve há cinco dias devido ao atraso nos pagamentos dos salários de dezembro e do 13º. A situação tem impactado diretamente a população, que depende do serviço para deslocamento na cidade. Porém, em entrevista coletiva de imprensa, ficou entendido a possibilidade do retorno do transporte na segunda-feira (03).


Em 2020, a Folha fez uma matéria envolvendo o mesmo assunto onde a própria empresa relatava a dificuldade financeira e que poderia encerrar as atividades devido ao grande déficit mensal. Agora, em 2025, a situação não mudou.
Em entrevista, o prefeito Emiliano Gomes destacou que o problema do transporte público em Irati é antigo e que a atual gestão foi surpreendida com a paralisação em meio aos primeiros 31 dias de governo. Segundo ele, a solução passa pela elaboração de um novo plano de mobilidade urbana, necessário para a realização de uma nova licitação para o serviço.
“É um problema realmente que vem se alastrando de anos. Desde 1991, quando foi feita essa permissão para que a empresa pudesse atuar, cerca de 33 anos atrás, a empresa, no decorrer do tempo, vem sofrendo algumas questões. A gente foi pego de surpresa, especialmente agora porque são 31 dias de governo, é um problema que se alastra há muito tempo, porém, nesses últimos 3 anos, vem se agravando”, comenta Gomes.


O REAL PROBLEMA


Por outro lado, o diretor da Transiratiense, Sérgio Ricardo Zwar, justificou a greve com a falta de reajuste tarifário e a queda de receita causada por uma lei municipal de 2019 que ampliou a gratuidade para idosos acima de 60 anos, enquanto o contrato previa isenção apenas para maiores de 65 anos. “No contrato com a empresa, essa isenção era acima de 65 anos, de acordo com a lei federal. E aí eles fizeram uma lei municipal abaixando a idade da isenção do pagamento. E isso acabou trazendo uma queda de receita, mais ou menos em torno de 25 mil reais por mês. Eles fizeram a lei sem chamar a empresa para conversar, para negociar, para ver de onde viriam os recursos para suprir essa queda de receita. Eles simplesmente fizeram a lei e não nos chamaram para conversar. Quando nós ficamos sabendo, a lei já estava aprovada. E isso acabou que trouxe prejuízo para nós. Tornou a execução do transporte mais difícil por conta dessa ausência de receita que nós tivemos provocada por essa lei”, disse.

Coletiva de imprensa no salão nobre da Prefeitura – Foto: Amanda Berger

Ele também mencionou o impacto da pandemia e a elevação de custos operacionais como fatores agravantes da crise financeira da empresa. Ainda, comenta sobre o protocolo com pedido de aumento da passagem. “Estamos desde 2022 sem aumento de passagem. Eu protocolei o ano passado três pedidos de aumento de passagem na Prefeitura. Eles disseram que iam dar o aumento, mas não levaram avante. A gente precisa dar aumento de salário para o funcionário. Eu dei aumento em 2022, 2023 e 2024. Subiu o imposto, subiu o pneu, subiu peça, subiu combustível, subiu até acima da inflação os combustíveis. E a gente precisa reparar isso”, comenta o diretor.



PLANO DE MOBILIDADE URBANA


O prefeito ressaltou que o município não pode subsidiar a Transiratiense devido às falhas no processo licitatório anterior e também a necessidade de um plano de mobilidade urbana. “Foi realizado em 2021 um TAC (Termo de Ajuste e Conduta), para que o município apresentasse um novo plano de mobilidade urbana. Infelizmente, esse plano não ficou acontento, tendo a necessidade agora, nós, enquanto gestão, fazer um novo plano de mobilidade urbana, para que a gente possa, na sequência, fazer uma nova licitação, para que haja uma concorrência, uma disputa, e uma empresa vencedora do processo”.
Sobre a importância de um plano de mobilidade urbana, o prefeito Emiliano diz: “ele não só abrange a questão do transporte público, mas também de como toda a parte de mobilidade funciona no nosso município. Isso é muito necessário, é uma orientação do Ministério Público. Todos os municípios têm que ter esse plano, infelizmente, Irati, surpreendentemente, ainda não concluiu o seu, algo que deveria estar pronto há muitos anos. Então, agora, a nossa gestão está com muita prioridade nesse sentido, para a gente acelerar esse processo”.


COMO FICA O TRANSPORTE EM IRATI?

Na tarde de quinta-feira (30), foi realizada uma coletiva de imprensa no salão nobre da Prefeitura, onde o diretor da Transiratiese deixou claro a volta do tranporte. Em entrevista ele diz que “a empresa está fazendo um esforço em se desfazer de bens familires para poder mudar esta situação, é como se fosse uma penalidade que está sendo colocada sobre nós, abrir mão de um bem que suamos para conseguir, justamente para socorrer essa situação”.


Ainda, outra situação levantada por Sergio foi na questão de ter levado a coletiva uma planilha com valores atualizados de uma tarifa de ônibus que seria no valor de R$ 8,00. “Segue o padrão do Ministério do Transporte, trabalhei hoje nesta planilha, com dados atualizados e a tarifa que deveria ser cobrada hoje é a de R$ 8,00 para a empresa poder operar e ficar no lucro”, disse.


Quando questionado ao prefeito Emiliano sobre a possibilidade deste aumento, ele disse que “o nosso desejo é que a passagem diminua, nós vamos trabalhar para diminuir e não para aumentar, mas como diminuir sem que a empresa seja prejudicada e possa continuar oferecendo um transporte de qualidade. Se depender de mim, nós não vamos aumentar a passagem, o meu compromisso agora é passar pelo processo licitatório e a gente incrementar esse modelo, onde possamos subsidiar e outros modelos com fundo para poder garantir que a empresa possa oferecer e diminuir a passagem pela metade até. Esse é o meu compromisso como prefeito e eu vou fazer isso”, comenta o prefeito.


O advogado da empresa Transiratiense, Renato Hora, falou sobre as medidas legais que estão sendo tomadas para a volta do serviço. “A empresa tem tomado iniciativas visando liquidar o passivo e, mediante ajuste com o Sindicato, retomar as atividades, isso com máxima brevidade. Há um interesse da empresa em voltar a atividade com máxima rapidez, então o Sergio, pessoa física, está, através de recursos próprios, buscando condições para colocar dinheiro, capital, na empresa e fazer com que o saldo passivo, hoje, possa ser revertido com máxima brevidade e a empresa possa retomar as atividades, se possível, no início da semana que vem”, disse.

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