Ana Mattos
Depois de uma votação que somou 200 mil votos, a iratiense Thais Maria Crovador é a vencedora do concurso Desenho do Paraná. O Concurso de Desenho do Paraná foi uma competição voltada para a valorização da beleza e cultura do estado, utilizando a arte como meio de expressão.
Desde a infância, Thaís e seu irmão, Junior Crovador, sempre viveram a arte como uma forma natural e espontânea de expressão. “Sempre gostamos muito de desenhar e tivemos o privilégio de ter pessoas próximas que incentivavam. Começando pela minha mãe, Araci, e também, já na adolescência, com meu professor de artes do colégio, Anisio Hykavy”, explica Thaís.
Apesar da forte ligação com o desenho desde a infância, Thaís seguiu um caminho diferente ao iniciar o curso de psicologia na Unicentro. “Logo que iniciei o curso de psicologia e depois, quando já estava atuando como psicóloga, me afastei um pouco do desenho. Mas com a pandemia, em que atuei na linha de frente como psicóloga no Hospital Santa Casa de Irati, senti a necessidade de voltar a realizar atividades, como o desenho e a pintura”, conta Thaís.
Além da arte no papel, Thaís começou a se aventurar no mundo da tatuagem, reconhecendo a nova responsabilidade que essa profissão exige. “Desenhar no papel é uma coisa, mas na tatuagem, a responsabilidade é muito maior. A arte na pele exige um cuidado redobrado, pois é permanente e afeta a autoestima das pessoas”, comenta.
Com relação ao futuro, Thaís tem planos ambiciosos. “Atualmente, concilio a psicologia com a arte, mas sei que, se precisar escolher, vou seguir a arte. Ela é o que realmente me move. Meu objetivo agora é crescer no meio artístico, seja com tatuagem, pintura ou desenho”, diz.
Embora nunca tenha exposto suas obras publicamente, Thaís tem se mostrado mais disposta a mostrar seu trabalho ao público. “Sempre desenhei para mim mesma, minha casa é cheia dos meus quadros. Agora, estou mais motivada a compartilhar minha arte”, afirma.
Thaís também compartilhou um projeto que está desenvolvendo em parceria com seu irmão. “Estamos trabalhando nisso. O livro já está pronto, agora estamos finalizando as artes para o lançamento ainda este ano”, revela.
Por fim, Thaís nos deixou uma reflexão sobre o tempo e o processo criativo. “A arte é um processo demorado, cheio de detalhes. Cada desenho exige horas de dedicação e, mesmo quando o trabalho é finalizado, sempre há algo que poderia ser feito de maneira diferente. Mas é justamente isso que me motiva a continuar criando”, conclui.
A OBRA:
A obra que conquistou os jurados tem como base as memórias de infância de Thaís e o cotidiano do paranaense. A arte é imersão no cotidiano paranaense, trazendo à tona elementos da cultura local e memórias afetivas que se entrelaçam no desenho. “No desenho, eu tentei trazer, em um primeiro plano, a gralha azul e o pinhão, que são bem típicos do Paraná, remetendo esse cotidiano”, diz Thaís, explicando a essência de sua obra. A gralha azul e o pinhão são ícones da fauna e flora do estado e, para Thaís, se tornam símbolos do dia a dia das pessoas. Ela continua: “ali, como se fossem as nossas avós mesmo, cozinhando, enquanto assistem uma TV ou escutam uma música, por exemplo, na rádio”.
No fundo da obra, Thaís coloca a araucária, árvore símbolo do Paraná, representando a conexão do povo paranaense com sua terra. Ela ainda explica a escolha do barreado, prato típico do estado: “eu sei que aqui na nossa região não é tão comum em Irati. Mas eu acho que representa um prato muito típico do Paraná”.
Outro detalhe marcante da obra de Thaís é a cumbuca, um objeto familiar, presente em muitas casas de avós. “Eu duvido que alguém nunca tenha visto na casa da avó uma igual essa, né? É um elemento também que remete muito à casa das nossas avós”, afirma.
Por último, Thaís faz uma homenagem ao pintor paranaense Mário Rubinski. “Eu quis remeter a pintura de um artista paranaense, que foi um grande influente, digamos, para os artistas do Paraná, então eu acho que seria bacana fazer uma referência a ele também”, explica Thaís, destacando a importância de reconhecer as raízes artísticas locais.