Sthefany Brandalise, com reportagem de Nilton Pabis
Irati deu um passo importante rumo à inovação no setor da saúde e da agricultura familiar com a apresentação do projeto “Plantas Medicinais – Territorialização da Política Nacional”, voltado ao incentivo do cultivo e uso de plantas medicinais. A iniciativa, que envolve a Prefeitura, a Itaipu Binacional, a Sustentec, instituições da Polônia e diversas entidades nacionais, foi apresentada na quarta-feira (23), na Câmara Municipal.
O objetivo é implantar uma cadeia produtiva regional de plantas medicinais, unindo o conhecimento tradicional, a ciência e a política pública. O projeto também pretende inserir medicamentos fitoterápicos na saúde e estimular a produção agroecológica por meio da agricultura familiar.
De acordo com Euclides Lara Cardozo Junior, presidente da Sustentec, o foco principal é a saúde pública. “Esse projeto é para desenvolver a cadeia produtiva de plantas medicinais na região, tendo como foco principal a saúde pública, a inclusão de um programa de plantas medicinais e fitoterápicos no sistema de saúde. A gente tem ação com agricultores, trabalhando o conhecimento do cultivo das plantas medicinais. Temos o eixo da comunidade para incentivar o uso correto das plantas medicinais. E também o eixo no sistema de saúde para capacitar profissionais de saúde na prescrição de medicamentos fitoterápicos”.
Ele também destacou que, além da Itaipu, o projeto envolve o Ministério do Desenvolvimento Agrário, o Ministério da Saúde, universidades e instituições polonesas. A coordenação geral está sob responsabilidade da Sustentec.
O professor Jair Cotes, da Unioeste e articulador do projeto, explicou que o plano prevê duas estratégias: a alimentar e a da atenção à saúde. “Nós temos que introduzir no cotidiano da população, na alimentação escolar, na alimentação das pessoas, e na estratégia da atenção à saúde, gerar políticas públicas municipais que tragam para dentro do SUS a utilização das plantas medicinais. Nesse sentido, os profissionais de saúde vão viabilizar toda essa agenda da bioeconomia”, afirmou.
Sobre a presença polonesa no projeto, o professor reforçou que o intercâmbio tecnológico vai além de equipamentos. “A Polônia é um país livre de organismos geneticamente modificados e produz alimentos para a Europa inteira. Eles possuem tecnologias importantes em produção agroecológica, manejo e organização social, como os coletivos de mulheres rurais”, diz Jair.

Projeto também pretende inserir medicamentos fitoterápicos na saúde – Foto: Nilton Pabis
O prefeito de Irati, Emiliano Gomes, destacou o potencial do município para desenvolver esse tipo de projeto. “É um projeto extremamente importante. Isso vem sendo discutido no mundo todo, mas a efetivação disso e a utilização dos fitoterápicos pelas pessoas ainda está muito cru. Irati tem um grande potencial. Esse resgate histórico que nós estamos vivendo aqui vem no momento certo para que a gente possa, junto com a gestão, dar força e fazer com que esse projeto aconteça”.
Emiliano ainda adiantou que o município dará o suporte necessário para que a proposta avance. “Vamos, através das Secretarias de Agricultura, Meio Ambiente e Planejamento, dar toda a atenção necessária. Isso vai gerar muita coisa boa, especialmente para a agricultura familiar. Vai gerar renda, mais oportunidades e, principalmente, saúde para as pessoas. Inicialmente será por meio de associações de mulheres com plantio nas pequenas propriedades, mas futuramente podemos implantar uma empresa para beneficiar essa produção”, afirma.
Representando a Polônia, o professor Pawel Akadiusz Wiechetek, da Universidade de Varsóvia, reforçou o início de um diálogo que pode render frutos para ambos os países. “Existe uma conversação com autoridades nacionais da Polônia, porque lá há uma liderança muito importante nesse tema. Estamos colocando na mesa todos os elementos e queremos fazer uma construção conjunta. Não é um pacote pronto, precisa de adaptação à realidade de Irati. A gente tem que continuar esse diálogo e pensar grande”, explicou.
Segundo Wiechetek, o projeto inclui também a construção de uma cooperação técnica e científica. “Visitamos instituições na Polônia para elaborar um cardápio possível dessas cooperações. A Universidade de Ciências da Vida de Varsóvia, por exemplo, é uma das mais antigas e importantes da União Europeia. Estamos negociando a criação de um capítulo do Mercosul dessa universidade verde aqui no Paraná, com intercâmbios, bolsas, projetos de inovação e pesquisa conjunta com universidades e instituições como a Embrapa de Plantas Medicinais”, finaliza.