A falta de água tem sido um grande problema enfrentado nos últimos meses, no município de Irati, principalmente, no interior está causando transtornos para a população, poços e rios estão secando rapidamente. Com isso, a prefeitura está abastecendo as comunidades. Cerca de 40 mil litros de água são enviados por dia, sendo que o município conta com apenas um caminhão pipa, com capacidade de seis mil litros, assim, são necessárias sete viagens por dia.
De acordo com o coordenador do Pátio de Máquinas de Irati, Sérgio Hryszko, em média são feitos de seis a sete pedidos por dia, na região inteira do município, a procura só vem aumentando. Até momento a Sanepar está dando conta do abastecimento, mas futuramente não se pode garantir, por isso, a orientação é que os moradores façam a captação da água da chuva e que construam suas reservas.
As comunidades que mais têm feito a solicitação de abastecimento são: Gonçalves Junior, Mato Queimado, Rio Preto, Rio Corrente. O caminhão leva a água para as comunidades e cada morador abastece seus reservatórios, sejam em caixas ou poços, este abastecimento dura no máximo 15 dias, sendo que esta água é usada apenas para o consumo essencial.
“Estamos orientando os agricultores a providenciarem uma caixa d’água, pois a maioria dos poços secaram, a água está evaporando muito rápido. Nas casas que jogamos a água nos poços estamos praticamente jogando água fora, porque seca rápido demais, por isso, é preciso adquirir caixas, a maioria dos moradores já tomaram esta consciência, mas, futuramente, será necessária uma reserva técnica, fazer captação de água da chuva para não chegar outra vez nessa situação que eles estão hoje”, explica o coordenador Sérgio.
Miguel Linvanski Rudinhaki mora na comunidade de Arroio Grande há 48 anos, e conta que seu poço nunca tinha dado problema, mas que agora está quase seco. “Fui obrigado a vender parte da criação por causa da falta de água, vendi a metade dos animais. A fonte que nós usamos tem que economizar o máximo durante o dia para juntar um pouco de água a noite. Sem água boa para os animais diminui o leite, o pasto de inverno para eles não cresce. Para a nossa família ainda não precisou da água que a prefeitura traz, mas se continuar assim, logo vamos precisar”, desabafa o morador.
Conforme relatos de moradores de Arroio Grande, coletados pela reportagem, a água está diminuindo cada dia mais, se faz necessário o uso racional de água.
“Vem água a cada 10 ou 15 dias, a prefeitura que traz, nós economizamos o máximo que podemos, quando acaba pedimos de novo. A água vai para a caixa central e é dividida entre famílias. Para os animais nós pegamos água do rio, que também está quase seco, mas para a agricultura teve muito prejuízo”, conta o agricultor Élio Barbosa.
Na propriedade da família de Leoni Rudinhaki há um poço que começou a desmoronar terra, mesmo tendo uma boa vertente de água. Ela explica que se conseguissem manilhar este poço com a ajuda da prefeitura, contratariam alguém para limpá-lo. “Vou pedir ajuda da prefeitura, para fazer a compra do material, vamos repassar o dinheiro para que a prefeitura apenas traga esse material que não tem aqui na cidade de Irati”, explica Leoni.
A moradora conta ainda que começou a cavar buracos onde há nascentes de água, para dar aos animais e lavar roupas, e que já fazem quatro meses que estão sentindo a seca, mas no último mês o nível da água baixou demais.
O secretário de Agropecuária, Abastecimento e Segurança Alimentar, Raimundo Gnatkowski, falou a respeito do trabalho desenvolvido pela pasta nos últimos anos, em que algumas comunidades já receberam o programa de micro bacias, com a finalidade de preservar o meio ambiente, proteger as fontes de água, abastecimento comunitário e tratamento de esgoto.
“Na comunidade de Arroio Grande, temos a segunda micro bacia instalada, estamos instalando também 25 caixas d’água de cinco mil litros, com captação da água da chuva, em que calhas captam a água, para diminuir a preocupação da população em relação a falta de água”, comenta o secretário.
Esta comunidade terá um poço artesiano, em que a água irá para um abastecedor comunitário para ser distribuída nas casas dos moradores.