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Produtor de tabaco falou sobre vantagens e desafios do modelo já em vigor no Rio Grande do Sul
Foto: Arquivo Pessoal/Divulgação

Sthefany Brandalise, com reportagem de Nilton Pabis

Presente na Feagro de Imbituva, o produtor de tabaco e influenciador digital Giovane Luiz Weber, conhecido por mostrar a realidade da fumicultura nas redes sociais e seguido por quase um milhão de pessoas, compartilhou sua visão sobre o projeto de lei que prevê a compra de fumo diretamente nas propriedades, o chamado modelo “no paiol”. Com um olhar crítico e a experiência de quem já vive esse sistema no Rio Grande do Sul, Giovane destacou pontos positivos e desafios da proposta, atualmente em debate na Assembleia Legislativa do Paraná.

Ao ser questionado sobre a experiência no seu estado, ele ressaltou a importância de negociar o produto dentro da propriedade, mas lembrou que ainda há divergências entre os produtores. “Primeiramente, você poder vender o seu produto debaixo do seu teto, no seu paiol, é algo muito bom para qualquer cultura. Você está na tua empresa, que é a propriedade, negociando o seu produto com o comprador, diferente de você ir até a empresa. Porém, a gente sabe que existem limitações. É uma questão complicada, inclusive, porque cada produtor tem um pensamento. Alguns defendem o modelo híbrido, outros só no paiol. Para mim, foi bom, porque moro perto da indústria, mas imagino os produtores que vivem longe”.

Sobre a lei no Rio Grande do Sul, ele explicou que atualmente a comercialização deve ser feita apenas na propriedade. “Hoje eu não posso mais levar o tabaco para vender na esteira, ele precisa ser negociado no paiol. Para o produtor que mora a 300 km, por exemplo, era quase impossível ir até a indústria, não se acertar e ter que levar o produto de volta. Agora isso mudou. Nós conseguimos nos adaptar, mostramos o tabaco no galpão, com iluminação adequada, e a venda aconteceu. Mas em algumas situações foi mais demorado. Por isso, não dá para dizer que o modelo 100% no paiol é o ideal para todos. Acredito que o produtor deveria ter o direito de escolher a forma de comercialização”, disse.

Ele também chamou a atenção para o fator qualidade como determinante no valor pago ao produtor. “Produtor, não se esqueçam! A qualidade sempre vai interferir em uma boa venda. Mesmo em anos em que a indústria não valorizou tanto, o mercado continua atento. Se há sobra, ou equilíbrio, a qualidade volta a ser o principal critério. Então foquem na qualidade que a venda será melhor”, afirma Giovane.

Falando sobre o Paraná, Giovane ponderou que regiões mais afastadas da indústria podem enfrentar dificuldades se a lei for aplicada de forma rígida. “Nós que moramos ao lado da indústria temos uma realidade, mas como vai ser em municípios distantes? Numa safra cheia, sem tanta procura, isso preocupa. O produtor é o começo de toda essa cadeia produtiva e precisa ser valorizado para que ele tenha o seu sustento digno e mantenha-se ali plantando, senão a coisa fica difícil. Eu costumo falar da minha realidade, que ali deu certo, e torço que todos os demais consigam essa facilidade de vender bem o seu tabaco, tanto então no galpão ou quem sabe ainda na indústria na esteira”. 

Encerrando sua fala na Feagro de Imbituva, ele destacou a importância do debate e a união da classe produtora. “Só de discutirmos a fumicultura já há um ganho. No Rio Grande do Sul acontecem muitos encontros, inclusive sobre a COP, e eu sempre defendo que não podemos olhar partido político neste momento. Precisamos do apoio de todos, vereadores, prefeitos, deputados, governadores. Quem quiser defender a fumicultura é bem-vindo. A união faz a força. Sozinho podemos ir mais rápido, mas juntos vamos mais longe”, finaliza.

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