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Comunidade do Pinho de Baixo é a precursora na comercialização do fruto
A fruta possui sabor característico, entre o adocicado e o apimentado - Foto: Nilton Pabis

Daniela Valenga, com reportagem de Nilton Pabis

Um projeto dos empreendedores Rodrigo e Ana Carolina Winkler Heemann, através do edital Alimentação em Foco da Fundação Cargill, prevê o encadeamento produtivo da Guabiroba na região do Pinho de Baixo, em Irati. O fruto pode ter uma lucratividade de mil reais anuais por árvore para os produtores rurais.
Os empreendedores trabalham há 21 anos com ingredientes naturais da biodiversidade brasileira e são naturais do Paraná. “Observamos que a Guabiroba se dá em abundância e não é aproveitado da forma devida, então entramos nesse projeto para a valorização do fruto e da biodiversidade brasileira”, relata Rodrigo.
“A guabiroba tem muito potencial, tanto na área nutritiva, quanto na área de cosmético”, explica Rodrigo. A pesquisadora na área de alimentos, Cristiane Vieira, destaca que a guabiroba possui muitos nutrientes importantes para a saúde humana. “Todos os frutos amarelos, por exemplo, contém carotenóides, que são fontes importantes de vitamina A”, exemplifica.
Por ser um fruto nativo brasileiro e ter um grande volume de produção, a Guabiroba está sendo comparada ao Açaí, fruto que, somando a movimentação da indústria de extrativismo e comercialização, tem como resultado anual mais de R$40 milhões em receitas, segundo dados da Embrapa. “Pelo seu potencial, sabor e aplicação nossa frutinha amarela pode se transformar rapidamente no açaí da região sul”, defende Divonsir Dutra, consultor empresarial do SEBRAE.

Agroindústria
Ana Heemann conta que o primeiro foco do projeto será a comercialização de alimentos, como a polpa, o suco e a geleia derivados da Guabiroba. O suco do fruto passará a compor a merenda escolar de Irati no próximo ano. A ideia é gerar uma agroindústria da Guabiroba na região.
Como a colheita do fruto é anual, entre novembro e janeiro, será realizada uma força tarefa para a coleta da fruta neste ano. O fruto será sanitizado e congelado, para haver material o ano todo.
“Uma vez montada a agroindústria, nós temos o recurso pelo projeto para colocar os equipamentos e a intenção é que o próprio fruto gere renda para que tenha capital de giro e mantenha essa agroindústria em funcionamento na forma de cooperativa”, descreve Ana.
Emerson de Lara, gerente da agência de Irati do Sicredi, relata que o cooperativismo é um meio de auxiliar as pessoas na organização financeira e demais demandas. “Como irão participar desse projeto os pequenos produtores rurais, a forma de inseri-los em todas as etapas de produção é organizá-los em forma de cooperativa”, explica.

Apoios
Além da Embrapa e Fundação Cargill, o Sebrae também apoia o projeto auxiliando nas etapas técnicas de mapeamento das árvores de Guabiroba na região, produtores interessados em participar do projeto e viabilidade da produção. “Eu encontrei um potencial de produção absurdo na região do Pinho de Baixo”, descreve Dutra. O consultor técnico do Sebrae mapeou somente as árvores dos proprietários que mostraram interesse em participar do projeto e cederam as informações. Foram encontradas cerca de 700 árvores na região do Pinho, sendo 460 somente no Pinho de Baixo.
Fabiola Costa, consultora do SEBRAE, destaca que a organização sempre apoia iniciativas que têm como princípio o desenvolvimento local. “No caso desse projeto, a intenção é o fortalecimento da economia no produtor rural, a valorização do produto nativo e a organização dos produtores”, expõe. O Sicredi Irati também apoia a iniciativa através do auxílio para o desenvolvimento da cooperativa. “O resultado do investimento nessa indústria trará um retorno não somente para a comunidade, mas para todo o município e região”, destaca Bruna, funcionária do banco.
A formação da agroindústria terá um investimento inicial de R$270 mil, oriundos do edital da Fundação Cargill, que será destinado a compra de máquinas e equipamentos. A Prefeitura de Irati irá construir um imóvel em que os produtores poderão trabalhar na produção. O terreno para construção foi uma doação da família de Ines Zarolense, moradores da comunidade. Enquanto a construção não for finalizada, os produtores poderão utilizar o centro de processamentos de alimentos da prefeitura. Os membros da cooperativa não terão nenhum gasto inicial com a produção.

Impacto
O preço de compra do fruto do produtor será de R$3. Uma árvore de Guabiroba gera em torno de 250 quilogramas, mas Dutra relata que já foram encontradas árvores com uma média de produção de 500 quilogramas. Assim, cada árvore pode ter uma lucratividade próxima a R$ 1.000 por ano.
Pela quantidade de frutos que cada árvore produz anualmente, o empreendedor acredita que a oscilação de mercado será baixa. No primeiro ano do projeto, os empreendedores Ana e Rodrigo já farão a compra do fruto. Em 2022, vão desenvolver produtos alimentares e cosméticos.
A produtora Ines, que possui 60 árvores de Guabiroba em sua propriedade, destaca que a comercialização da Guabiroba irá ocorrer sem custos para o produtor. “Acho uma ideia muito boa, porque era uma fruta que se perdia e vai se transformar em um ganho para a propriedade”, destaca. Ines cita a possibilidades da venda do fruto e derivados será para os turistas.
Raimundo Gnatkowski, Secretário de Agricultura de Irati, ressalta o poder transformador que a comercialização do fruto representa para a região. “A guabiroba representa uma alternativa de renda para o agricultor e um cuidado com o meio ambiente, porque como a cultura é extrativista, o agricultor vai cuidar ainda mais da mata, por viver dela”, finaliza.

Grupo que participou do café de apresentação da fruta Guabiroba no Pinho de Baixo – Foto: Nilton Pabis

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