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A seleção é voltada a participantes de todo o Brasil com idade a partir de 18 anos. As melhores seguem para o Camp Oceano, um evento de três dias para aprofundar conhecimentos e trocar experiências. Apoio pode chegar a R$ 1,5 milhão
(Foto: Rodrigo Felix Leal)

Com o objetivo de estimular o desenvolvimento de soluções para desafios ambientais contemporâneos, a Fundação Grupo Boticário lançou a nova edição da “teia de soluções”, processo de cocriação de projetos, capacitação, mentoria e apoio técnico e financeiro. Em parceria com a Fundação Araucária, do Governo do Estado, esta edição traz o tema “oceano”.

A ideia é atrair propostas inovadoras para fomentar o turismo responsável em favor da biodiversidade marinha, reduzir a poluição nos oceanos e mitigar os efeitos da crise climática nas cidades litorâneas. As soluções apresentadas podem ser voltadas a toda a costa brasileira, mas a Fundação Araucária terá atenção direcionada às soluções para os municípios do Paraná, especificamente.

A seleção é voltada a participantes de todo o Brasil com idade a partir de 18 anos e pretende mobilizar profissionais de várias áreas do conhecimento, como Tecnologia e Inovação, Engenharia, Biologia, Oceanografia, Ecologia, Comunicação, Marketing, Negócios, Economia, Ciências do Mar, Design, Desenvolvimento, Programação e Sustentabilidade, além de pesquisadores e acadêmicos.

As inscrições estão abertas até 14 de maio de 2021 e podem ser feitas pelo site camp.teiadesolucoes.com.br/. As melhores soluções seguem para o Camp Oceano, um evento de três dias para aprofundar conhecimentos e trocar experiências.

Na sequência, um grupo menor avança para etapa de mentoria com especialistas. Para serem estruturadas, as melhores soluções – com ideias inovadoras, replicáveis e economicamente viáveis – concorrerão a apoios que, somados, podem chegar a R$ 1,5 milhão.

ARAUCÁRIA E BOTICÁRIO – Esse edital é mais uma parceria entre a Fundação Araucária e a Fundação Grupo Boticário. Também faz parte dessa união o projeto Smart Harpia, que está em andamento. Ele tem como foco a proteção da biodiversidade e seus habitats (pelo monitoramento de fauna e ambientes, evitando a caça e extração irregular ou corte e queima de florestas), a fiscalização de atos ilícitos e o controle da extração de produtos da sociobiodiversidade.

Esse projeto foi selecionado na chamada pública Biodiversidade do Paraná – Conservathon 2020 e receberá o investimento de aproximadamente R$ 150 mil. O Conservathon foi uma iniciativa da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza em parceria com a Fundação Araucária, que tem como prioridade promover o desenvolvimento e a conservação da Grande Reserva Mata Atlântica – o maior remanescente contínuo do bioma no Brasil. Ele foi inspirado na dinâmica dos hackathons, eventos que reúnem uma grande quantidade de pessoas durante um curto espaço de tempo para pensarem soluções inovadoras a problemas específicos.

O projeto Smart Harpia é coordenado pelo professor do Instituto Federal do Paraná (IFPR), Leandro Angelo Pereira, e leva em consideração que muitas vezes os gestores voltados às áreas de conservação encontram uma série de dificuldades logísticas, desde acesso à coleta de dados e sistematização de informações. Elas estão relacionadas ao tamanho da área, falta de pessoal em campo, de infraestrutura para o monitoramento, características de algumas espécies que precisam ser protegidas, condições do terreno que são de difícil acesso, entre várias outras.

A partir dessas dificuldades encontradas pelos gestores de áreas protegidas (Parques, RPPNs, Estradas Parques, Jardins Botânicos, Zoológicos, entre outros), o Smart Harpia foi estruturado em duas partes: a primeira para desenvolver um sistema customizável de coleta de dados que possam ser trabalhados para extrair informações e aprimorar a tomada de decisão destes gestores; e a segunda para transferir toda a tecnologia criada para empreendedores e estudantes dos diferentes cursos e níveis (ensino médio, técnico profissionalizante e pós-graduação e mestrado) por meio da Incubadora de Negócios do IFPR.

A inovação do Smart Harpia está no desenvolvimento de um dispositivo de monitoramento integrado com sensores ambientais e conectado à internet, em uma ideia de produto mínimo viável (MVP). Um diferencial pensado para a proposta seria a fácil customização e ampliação dos sensores, dados coletados e serviços oferecidos (tanto na análise dos dados como na criação de relatórios).

Ou seja, a partir da mesma base o dispositivo de monitoramento poderá coletar dados oriundos de diferentes sensores: acústico (monitorar o som de pássaros, anfíbios, motosserras, queimadas), presença (pessoas, veículos ou animais em trilhas), imagens (visitantes ou intrusos, carros ou animais), telefonia (celulares intrusos, informações em tempo real para o visitante e rede integrada entre os sensores).

Este dispositivo ligado à internet formará um banco de dados único para os gestores e será apresentado em forma de painel visual de maneira centralizada (dashboard), além da possibilidade de aplicação futura de ferramentas de estatística e inteligência artificial para agrupar informações ou até mesmo prever riscos ou problemas.

“Com o apoio do edital conjunto da Fundação Araucária e da Fundação Boticário será possível dar dois passos fundamentais no projeto: um relacionado aos testes práticos dos equipamentos, e o segundo relacionado à criação de uma Incubadora no Campus Paranaguá para transferência da tecnologia. Vamos também conseguir testar os equipamentos nos diferentes ambientes, sendo possivelmente instalados nas Unidades de Conservação do Litoral do Paraná. Além disso, o IFPR está consolidando sua Incubadora de Negócios. Toda a tecnologia será transferida para estudantes de diferentes níveis de ensino, mas que tenham um perfil empreendedor para que possam potencializar os usos e melhorar a proposta ao longo do tempo”, ressaltou o professor.

O projeto Smart Harpia também permitirá que o gestor tome as decisões baseadas em dados precisos e em tempo real. Outra vantagem destes módulos é que eles podem ser conectados uns nos outros por uma tecnologia de rede de área ampla de baixa potência (LPWAN) também conhecida por LoRa, formando um sistema de monitoramento abrangendo áreas grandes ou remotas.

“O Conservathon reuniu dois universos extremamente importantes: de um lado uma missão nobre, que é a conservação da Mata Atlântica, e de outro lado o capital intelectual humano fantástico que possuímos no Estado. Por isso, é uma honra para a Fundação Araucária poder financiar projetos como o do IFPR, que promove a inovação e desenvolvimento do Paraná”, destacou o diretor de Ciência, Tecnologia e Inovação da Fundação Araucária, Luiz Márcio Spinosa.

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