Esther Kremer
Os municípios da região da Amcespar têm registrado um aumento significativo nos casos de síndromes respiratórias, provocando a superlotação de unidades básicas de saúde, do Pronto Atendimento (PA) e de hospitais. Diante da situação, autoridades locais de saúde intensificaram os apelos à população para que busquem a vacinação contra a gripe e outras doenças respiratórias, como a Covid-19, que contam com imunizantes disponíveis nas unidades de saúde dos municípios.
De acordo com dados da 4ª Regional de Saúde, a cobertura vacinal contra a gripe nos municípios atendidos pela mesma, encontra-se em torno de 50,46%, ainda um número abaixo do esperado. Da região, Guamiranga é a cidade que apresenta uma alta na cobertura, com 70,08%.
O cenário em Irati é reflexo de uma tendência observada em toda a região da 4ª Regional, conforme relata a chefe regional, Cristiana Schvaidak, e a chefe da Epidemiologia, Paola Emiliano de Moraes. Segundo elas, o Paraná enfrenta um momento de alerta, com crescimento expressivo nos atendimentos e na ocupação de leitos. Houve um aumento de 100% nos exames laboratoriais relacionados a vírus respiratórios em relação ao ano passado.
Ainda de acordo com as profissionais da regional, o Governo do Estado solicitou a ampliação de leitos e pediu aos municípios que apresentem planos de contingência para o enfrentamento da alta demanda. “Quando uma pessoa é internada com síndrome respiratória, é coletado uma amostra e é identificado qual é o vírus está causando aquele sintoma agravado e 100% dos casos são vírus que poderiam ser combatidos com a vacina”, comenta Cristiana.
Segundo o secretário de Saúde de Irati, Nelson Antunes, o Nelsinho, a principal dificuldade enfrentada atualmente é a baixa adesão da população à vacinação. “Estamos clamando à nossa população. Não estamos nem apelando mais, estamos clamando. Se proteja, a vacina protege. Temos vacina para toda a população acima dos seis meses de idade. O que não temos hoje é leito”, afirmou. Ele destacou ainda que o aumento de atendimentos está sobrecarregando as equipes médicas, com impacto direto na capacidade hospitalar da cidade e da região.
“Estamos clamando à nossa
população para se vacinem.
Vacina salva vidas”– Nelsinho
Como resolver o problema?
A situação se agravou com a chegada do inverno. As autoridades alertam que, sem uma elevação na cobertura vacinal, os próximos meses podem trazer um cenário ainda mais crítico. Um óbito causado por influenza já foi confirmado no município de Irati, e os dados indicam que a maioria das mortes por gripe ocorre entre pessoas que não estavam vacinadas.
A chefe da Epidemiologia da 4ª Regional, Paola, também comentou sobre o assunto e, segundo ela, os indicadores preocupam. “É um crescimento muito grande em relação ao ano passado, a gente até ficou um pouco assustado, porque não esperávamos que tivesse esse momento epidemiológico que estamos vivendo”, comenta.
A coordenadora de imunização do município de Irati, Denise Homiak, explicou que a vacina contra a influenza está disponível há mais de 30 dias para toda a população a partir dos seis meses de idade. Ainda assim, os números seguem baixos. “A vacina da gripe é feita com vírus inativado, não tem chance de causar a doença. O objetivo principal é evitar complicações graves, hospitalizações e até mortes”, esclareceu. Ela também reforçou que as vacinas contra a gripe e contra a Covid-19 são distintas, e não há nenhuma dose “misturada”, como sugerem boatos que circulam entre a população.
A coordenadora do PA de Irati, Natália Galvão, relatou que a procura por atendimento no pronto atendimento cresceu consideravelmente nas últimas semanas. “A maioria das procuras são por sintomas gripais. Temos enfrentado um fluxo elevado de pacientes com quadros respiratórios, o que gera maior tempo de espera e sobrecarga nas equipes”, disse.
Fácil acesso a vacinação

Para facilitar o acesso, a Prefeitura de Irati vem promovendo ações com equipes volantes, que realizam vacinação em mercados, empresas e em pontos de maior circulação da cidade. “Todos os dias nós temos equipes esparramadas pela cidade. Se vacine enquanto ainda há tempo para isso”, pede Nelsinho.
Além da vacinação, as autoridades reforçam medidas de prevenção já conhecidas, como o uso de máscara, distanciamento em ambientes fechados, higienização das mãos, ambientes ventilados, cuidados com a alimentação e hidratação. “Tem unidades sentinelas para atender as pessoas com vírus respiratório em diversas cidades, mas precisamos estar preparados para qualquer situação que aconteça e para atender o melhor possível as pessoas que estiverem doentes”, comenta Paola.
A recomendação é que a população busque a imunização o quanto antes, especialmente os públicos mais vulneráveis, como idosos, gestantes, crianças e pessoas com comorbidades. A chefe da 4ª Regional reforça que quem apresentar sintomas como febre alta, tosse intensa e dificuldade respiratória deve procurar imediatamente uma unidade de saúde. “Se a pessoa perceber que não é o resfriado, que está um pouco mais difícil os sintomas, algo que persiste, que não melhora, procure atendimento de saúde”.
Com a intensificação das campanhas de conscientização e ampliação da oferta, a região espera elevar a cobertura vacinal e reduzir os impactos da atual onda de síndromes respiratórias.